Batendo à porta do céu

Batendo à porta do céu Jordi Sierra i Fabra




Resenhas - Batendo à Porta do Céu


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Lê Vieira 11/07/2014

"É preciso acreditar sempre. Se deixamos de acreditar, tudo se acaba. E te digo mais: é melhor acender uma vela do que lamentar a escuridão."

Silvia, uma espanhola de 19 anos, estudante de medicina e filha de médicos conceituados da alta sociedade, decide ir contra todos os desejos de seu pai e vai para Índia trabalhar como voluntária em um hospital. A precariedade das condições de vida de boa parte da população indiana se torna evidente, e vai além daquela imagem "mais ou menos" que representam nas novelas globais. A protagonista se vê em meio ao "caos", pessoas morrem todos os dias por falta de recursos e suas vidas dependem dos estudantes vindos de outros países com a única intenção de ser útil.

" Aqui o tempo conta na medida em que sirva para alguma coisa, não pela quantidade."

A história foi comovente, mas não espere nada dramático ao extremo e cheio de choro, não é disso que esta obra trata. Prepare-se para o choque de realidade, há muito sofrimento sim, mas também há muita força, superação e compaixão. A cada página eu me sentia mais motivada a continuar tendo esperança. Sozinhos podemos não fazer uma diferença global, mas com certeza seremos a diferença para a pessoa que confia e depende da gente.

Nem só de pessoas morrendo se constrói um livro, então desfaça a cara feia, pois você não lerá apenas desgraças, elas fazem parte da vida de muitos indianos, mas não pode-se deixar de lado o fato de que a história é da Sílvia, a jovem estudante. Ao decidir fazer esta viagem ela adquire alguns conflitos com sua família e seu namorado e no decorrer dos capítulos se torna incrível cada passo de superação que ela dá, cada demonstração de sua personalidade forte, de seu jeito decidido. Outros personagens são introduzidos à história, cada qual com sua própria bagagem de vida e com sua importância no desenvolvimento pessoal e profissional da protagonista. Assim como acontece na vida real, ninguém passa pelas nossas vidas sem ter deixado algum ensinamento ou boas recordações.

No livro são citados 14 mandamentos do bom voluntário, e eu anotei alguns na esperança de que eles me ajudem a nunca esquecer os meus princípios. Acredito que até para quem não deseja trabalhar na área social poderá utilizá-los em seu cotidiano. Não vou colocar todos, pois acho que fica melhor se forem lidos no contexto da obra.

"Não deves ajudar quem não ajuda a si mesmo
Cooperarás, não farás doações
Convence-te de que a finalidade da cooperação é desaparecer"

O autor conseguiu criar uma história que poderia ser totalmente real, tanto que ao final da obra, em seus agradecimentos, ele explica que o livro é fruto do impacto que sentiu ao saber da noticia de uma voluntária espanhola que havia sido morta em sua primeira viagem de voluntariado.

Já estava esquecendo de comentar, a diagramação deste livro é linda. Adorei a combinação de cores, imagens, enfim, tudo!

site: http://www.confraria-cultural.com/2014/07/resenha-batendo-porta-do-ceu-jordi.html
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Bia 28/06/2014

Emocionante e maravilhoso
A protagonista de Batendo à porta do céu é Sílvia, uma espanhola estudante de medicina que vai passar um ano na Índia trabalhando como voluntária no hospital RHT. Apesar de ser filha de ricos pais médicos e ter todo o conforto que pode-se desejar, Sílvia sai em busca de seus ideais e de seu crescimento como médica em um país completamente diferente do que ela conhece, ainda que contrariando o pai e o namorado, Arthur.

“Muda as pessoas. Dos pés à cabeça. A Índia é poderosa, se cuide. Mais ainda se você é vulnerável.”

Sílvia sente a diferença cultural logo na chegada, mas é muito bem recebida pela médica Elisabet Roca, que lhe apresenta o RHT, e por Viji, uma adolescente indiana que também trabalha no lugar e se torna sua amiga, assim como a irmã mais nova, Narayan. A voluntária conhece também Lorenzo Giner, cirurgião, e Leo, voluntário como ela, que ao contrário dos outros a recebe com frieza e desconfiança, tomando-a por uma garota mimada.
A voluntária não se deixa abater por falta de recursos, precariedade, diferenças culturais ou pela distância que a separa de casa, e trabalha com vontade pelo que acredita, fazendo tudo o que pode para salvar o mundo que está a seu alcance. Pouco a pouco, vai conhecendo mais e mais sobre a cultura indiana, mudando o seu olhar ocidental sobre as coisas.

“Às vezes a solidão ajuda. A pessoa fica frente a frente consigo mesma.”

Ao longo da narrativa, Sílvia se torna muito próxima de Elisabet e Lorenzo, que a apoiam e ajudam como pais. Viji e Narayan são suas sombras amigas, e Sílvia aprende muito com elas. Aos poucos, ela mostra a Leo que realmente está ali porque acredita em seu trabalho, não por capricho, e os dois iniciam uma amizade verdadeira.
Outro personagem muito importante é Mahendra, um indiano viúvo, dono das terras do RHT, que mora do outro lado do lago em frente ao hospital. Fascinada por sua história, de como se conserva isolado do mundo desde a morte de sua esposa e filhos, Sílvia vai até sua mansão, conhece-o, e é convidada a visitá-lo mais vezes, sendo a primeira pessoa a ter contato com ele em anos. Assim, o oriental e a ocidental também iniciam uma bela amizade, e Sílvia passa a vê-lo além de sua história encantadora, como homem e como amigo.
No decorrer dos acontecimentos, Sílvia mantém contato com a família por telefone, mas evita falar com o pai. Ela escreve para Arthur por e-mail, questionando-o sobre seu amor e seu relacionamento. A todo o momento reflete sobre as diferenças do amor de Arthur, Leo e Mahendra, sobre a importância de sua família, as diferenças entre sua vida ocidental e a realidade indiana.
As cenas se passam numa sequência bem organizada e equilibrada. As cenas do hospital são realistas e emocionantes. Aliás, apesar de ser uma obra de ficção, a narrativa é realista, não uma ilusão que mostra apenas as belezas da Índia, mas toda a sua complexidade. Personagens importantes marcam a vida de Sílvia no hospital, e ela aprende a encontrar força nas mortes e incentivo para cuidar de mais vidas.

“Sentia com a mesma intensidade o peso da nostalgia e a alegria da volta. Seu coração estava dividido. Sua mente também. Olhava para trás e já não via os mortos pelos quais não pudera fazer nada no hospital, via os vivos aos quais tinham aberto a porta do futuro.”

Por trás de cada personagem há uma história e uma reflexão. A narrativa é simples, porém profunda, interessante e bela, nos levando a conhecer a singular Índia e a diversas reflexões.
Batendo à porta do céu superou minhas expectativas, recomendo para todos. Muito bom!


site: http://asmelhoresleituras.blogspot.com.br/2014/06/resenha-batendo-porta-do-ceu-jordi.html
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