NYS 13/03/2014A tradição japonesa afetada pela traduçãoCapa e tradução
Com relação à capa, é meio óbvio que não é uma das capas mais bonitas que já existiu. A coisa podia ter sido MUITO mais bem feita; umas aquarelas japonesas, com um título em letra bonita, mas enfim, o que está lido está lido. Com relação à tradução, eu vou ser chata por dois motivos: Um, que eu já conhecia três histórias, então posso opinar mais, outra que eu tenho um mínimo de conhecimento de japonês.
Bom, PRIMEIRO ponto: na primeira história, é colocado a versão em japonês (romaji - caracteres romanos) seguidos por sua tradução. Particularmente, achei isso meio confuso, pois não deu para entender direito o que era português e o que era japonês de primeira.
SEGUNDO ponto: seria ótimo se esse padrão fosse seguido durante o livro todo, mas isso somente aconteceu na primeira história. Todas as outras que tiveram cartas, ou poemas, ficaram somente com a versão em português e em itálico.
TERCEIRO ponto: Vendo apenas o primeiro conto (que foi a única que teve japonês/português) as cartas foram meio mal traduzidas. Bom, talvez não mal traduzidas, mas me parece que ficaram muito distante do original.
QUARTO ponto: Na página 29 (Kyõ) e 34 (hiõ) há um '[sinal reto]'. Sinceramente, isso me provou por A + B que essa edição foi TOTALMENTE tosca. Uma das primeiras lições que você aprende em japonês, com relação ao Romaji é que há duas formas de se escrever o prolongamento da vogal: Com um traço em cima da vogal ou com a adição de vogal de apoio, no caso de 'o', 'ou' e no caso de 'e', 'ei', se não há esse símbolo no seu teclado, só tratar de adicionar a vogal de apoio. Normas simples. E se acha isso muito preciosismo, que os teclados são diferentes e tudo mais, qual foi a minha cara quando eu vi o tal '[sinal reto]' sendo perfeitamente aplicado na página 36!?! Sinceramente, só me mostrou a falta de compromisso da editora com relação à obra.
QUINTO ponto: Não gostei da alteração que vi nos títulos dos contos. Sei que, em inglês, o conto do cortador de bambu é conhecido assim, mas no Japão todo mundo conhece como Kaguya-hime e, sendo o Brasil um país com muitos descendentes de japoneses, não custava manter o título. Outra coisa que me incomodou foi a mudança de nome do cachorro de Shiro para Pochi. O cachorro se chama Shiro porque ele é BRANCO!Inclusive porque, assim como a história mostrou, era uma característica marcante. Inclusive, dar nome do bicho como a cor dele é algo muito comum no Japão.
Sinceramente, existe muito curso de Letras Japonês no Brasil, não custava absolutamente nada pagar uma consultoria para eles. Cometeram erros muito básicos.
Conteúdo
Desconsiderando todos os pontos a cima, eu ainda vou reclamar de uns pontos a mais:
SEXTO ponto (achei melhor continuar a contagem): Não gostei muito das seleções de histórias. Elas são bem típicas japonesas, dá para ver pela história, mas não são muito conhecidas e são, praticamente todas, puxadas para a parte não-litoral do Japão. A parte litoral tem muitos contos bonitos, relacionados sempre com o mar. A seleção que ela fez colocou muitas histórias parecidas numa mesma coletânea, dando a impressão de que os contos japoneses são só isso, sem diversidade nenhuma.
SÉTIMO ponto: A história de Kaguya-hime foi SUPER detalhada, enquanto as outras foram curtíssimas. Tudo bem, ela era a história foco, mas eu senti que acrescentaram detalhes DEMAIS para história de MENOS. Fora o fato de que fizeram parecer que Kaguya-hime é uma vaca, quando na história original ela é super forte, determinada e não fica de mimimi.
Pronto. Desconsiderando tudo isso: a tradução, a seleção de contos, a falta de formatação e o jeito que foi apresentado algumas histórias. Acho que decepcionante é a palavra. E olha que tinha tudo para ser bom.