rebeccavs 01/03/2020
Sócrates e Aires entre a morte
O conselheiro Aires já participou, em minha concepção, demasiadamente no romance machadiano anterior, ?Esaú e Jacó?, tornando-o, ao meu ver, monótono e chato.
A vida do conselheiro baseia-se, na respectiva obra, em sua velhice e a relação desta com o amor pós-viuvez por uma mulher intrigante.
Através de uma intertextualidade com Sócrates, este não temeu a morte quando foi julgado por 501 pessoas e perdeu, recebendo como castigo duas opções: ou sua língua era cortada e ele não ?corromperia mais a juventude? nem ofenderia os deuses ou faria a ingestão de cicuta, levando-o à morte. Sócrates escolheu a segunda opção. É realmente necessário temer a morte?
De acordo com a época em que Aires viveu (início do século XX), a expectativa de vida não era tão alta quanto a atual para o Brasil (girava em torno de 33 anos, conforme o portal Agência Brasil, enquanto que, hodiernamente, corresponde a 74 anos) e Aires subestimou sua média chegando à casa dos 60 anos e, ainda assim, não demonstrou o medo da morte.
Refletindo, juntamente com Aires, há necessidade de temer a morte? Ele já perdeu a esposa, mas e a própria vida diante disso? Ele não deixou de viver, tornando-o, em minha opinião, corajoso.
Há quem diga que era um memorial da vida de Machado de Assis após a morte de sua doce e amada Carolina. Um romance de despedida? A morte avisa quando chegará?