Gabi Fernandes 09/12/2012
"I don't know where there is, but I believe its's somewhere, and I hope it's beautiful."
A maior catarse literária da minha vida.
Posso afirmar, sem problema algum, que chorei como uma criança ao fim desta leitura. Mas chorei mesmo, chegando, inclusive, a soluçar. Nunca tinha acontecido, assim, antes. Já tinha chorado umas poucas vezes, aquele tipo de choro silencioso com umas poucas lágrimas escorrendo, como no fim do "Enigma do Príncipe" ou em "A Menina que Roubava Livros", mas nada assim. Nada tão intenso, nada tão catártico antes.
Aliás, digo que se eu pudesse ressuscitar um personagem fictíceo da literatura, eu ressuscitaria o personagem "furacão" desta narrativa. Fiquei num luto severo desde ontem, quando li o infortúnio, até hoje, quando terminei a leitura. Mas, 'peraí, conjuguei o verbo no tempo errado, o certo não é "fiquei", é estou.
Mas, comentando o início, se fosse para descrever a primeira parte, o "antes", de "Looking for Alaska" com uma única palavra, eu escolheria descrevê-lo como "adorável". Ousado, sem censuras, cheio de personagens cativantes. Foi, mais ou menos, como se eu tivesse tido a enorme sorte de recomeçar a ler "The Perks of Being a Wallflower" sem saber os rumos da história. Adorável.
A química entre Miles e Alaska é impressionante e incrível de se acompanhar desde o primeiro encontro. Certamente, rendeu belas passagens. E dita o ritmo da história.
"Just like that. From a hundred miles an hour to asleep in a nanosecond. I wanted do badly to lie down next to her on the couch, to wrap my arms around her and sleep. Not fuck, like in those movies. Not even have sex. Just sleep together, in the most innocent sense of the phrase. But I lacked courage and she had a boyfriend. And I was gawky and she was gorgeous and I was hopelessly boring and she was endlessly fascinating. So I walked back to my room and collapsed on the bottom bunk, thinking that if people were rain, I was drizzle and she was a hurricane."
São 136 dias precedentes do grande, e amargo, evento divisor de águas do livro de puro deleite.
Mas aí vem o "Depois". Porque, sim, sempre tem que ter o "depois" para amargar tudo.
Fiquei chocada, descrente, com raiva e muito triste quando descobri do que se tratava o evento principal do livro. De luto mesmo. Não conseguia acreditar no que os meus olhos liam. Precisava de uma explicação urgente, precisava chegar ao fim da leitura para entender, para ler a conclusão. E, enquanto isso não acontecia, amaldiçoei John Green algumas vezes por ter, parafraseando Tyrion Lannister, colocado aquele gosto de cinzas na minha boca.
Eu precisava entender. E eu entendi. É um evento amargo, que continua me encomodando após o fim da leitura, sem a menor dúvida. Mas é bem desenvolvido e muito bem concluído. A conclusão desse livro é uma das melhores coisas que eu já li na vida. Mudou a minha atual visão de mundo, não estou exagerando.
Outro ponto de destaque da narrativa é o fato de John Green abusar de divagações existencialistas ao longo de sua narrativa com maestria.
"You spend your whole life stuck in the labyrinth, thinking about how you'll escape it one day, and how awesome it will be, and imagining that future keeps you going, but you never do it. You just use the future to escape the present."
Faz aqui, o que Lauren Oliver não conseguiu fazer em "Antes que eu vá", ao dar um sentido a existência e, principalmente, ao fim dela. Soberbo, catártico, incrível e, em suma, infinito.
Porque, no final, é tudo mesmo sobre perdão. Sempre foi. Não adianta querer encontrar motivos para cada má ação das outras pessoas, nem fingir que erros não aconteceram. Aconteceram, sim, e só nos resta, para o nosso próprio bem, para encontrar a saída do nosso prórpio labirinto existencial, perdoar. O que, aliás, guarda íntimas relações com a conclusão de "Wallflower". Quer dizer, o rumo que Chbosky e Green dão para as suas histórias são completamente diferentes, mas ambos concluem de forma semelhante, ao colocarem o perdão como essencial.
E, finalizo, dizendo que espero que seja mesmo muito bonito por lá.