Os Versos Satânicos

Os Versos Satânicos Salman Rushdie




Resenhas - Os Versos Satânicos


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Lanzellotti 20/03/2014

Gibreel Farishta e Saladin Chamcha - os personagens principais - viajam entre passado e presente, muitas vezes confundindo a narrativa. Um livro confuso e polêmico, um caso típico de fundamentalismo Islâmico. Acredito que a crítica a servidão e a submissão ("O nome da nova religião é Submissão") imposta pelos versos do Corão, a questão das mulheres (" Não é fácil ser uma mulher onde os deuses são femininos mas as fêmeas são meros bens de mercado") e o próprio nome do livro "versos satânicos" é que fez com que o Aiatolá Komeini decretasse a morte do autor, pois o Corão é todo em versos e ele acredita que o nome do profeta Maomé tenha sido desonrado. Enfim, é um livro de muitas histórias em uma só. E acredito que é o último livro de Salman Rushdie que leio. Muito cansativo!
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Shirlei.Stachin 25/03/2013

Os Versos Satânicos - Salman Rushdie
Bom, o que falar deste tão desejado e esperado livro, que demorei uns 4 anos para concluir a leitura de uma forma completa e entendível.

As críticas são as melhores para instigar a curiosidade do leitor porém para uma leitura correta e que alcance os propósitos do livro é necessário um mínimo de conhecimento da cultura islâmica, visto que determinadas cenas perdem o sentido sem esse conhecimento.

Agora a resenha em si, um avião é explodido por terroristas, e por milagre dois indianos sobrevivem a queda, e na volta as suas vidas terrenas se metamorfoseiam um em diabo e outro em anjo.

As histórias narradas apresentam duras críticas ao governo e a cultura. Romance vigoroso, que rendeu a Salman Rushdie um Whitbread Prize e uma sentença de morte promulgada pelo aiatolá Khomeini.
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Yussif 17/05/2012

O livro não é uma obra escrita de forma aleatória contando a história islâmica, mas de maneira subjetiva e romanceado à experiência de seu autor e sobre sua frustração com o Islam.

O que vemos, em linha geral, é uma espécie de romance "à la" Jorge Amado, só que o autor por ser indiano e ex-islâmico vê as coisas sob outra ótica. O romance é escrito de maneira abstrata/surrealista e mistura fatos, ficções, histórias e estórias. Sua aguda maneira crítica de escrever não deixa ninguém sem ser alfinetado, sobra para todo mundo: Ocidente, Oriente, Cristianismo, Ascetismo, Ceticismo e, como era a intenção do autor, o Islamismo. No Islam Salman "bate forte", faz críticas e expõe uma das maiores religiões do mundo.
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Gabi 01/04/2012

Os Versos Satânicos
Um avião sai da Índia com destino a Londres, é tomado por terroristas islâmicos, é explodido nos ares e apenas dois passageiros sobrevivem. São dois atores indianos que durante a queda se metamorfoseiam um em diabo e o outro em anjo. A primeira vista, parece um enredo clichê e óbvio para nós que vivemos no pós 11 de setembro de 2001. Contudo, o livro foi escrito em 1989 e sinaliza diversos conflitos que viriam se agravar no decorrer dos anos seguintes.
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A publicação dessa obra rendeu a Salman Rushdie (escritor indiano, de família islâmica, radicado na Inglaterra) uma sentença de morte expedida por um aiatolá iraniano, vários anos vivendo clandestinamente, escondendo-se, por causa da perseguição de fundamentalistas islâmicos espalhados pelo mundo. Maldição por suas heresias? Talvez possa até ser, mas que não tem nada de sobrenatural, é muito, sim, humana.
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As provocações já começam no título, porque o Alcorão (que significa "a recitação") é escrito em versos, sendo considerado a transcrição das palavras proferidas por Maomé sob inspiração do anjo Gabriel. Porém o autor afirma não ser essa sua intenção:
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"Você nos chama de demônios? O título parece perguntar. Muito bem, então aqui está a versão do mundo pelo ponto de vista dos demônios, do 'seu' mundo, a versão escrita a partir da experiência dos que têm sido demonizados em virtude de suas alteridades. Como as crianças asiáticas, no romance, usam chifres de brinquedo orgulhosamente, como uma afirmação de orgulho de suas identidades, o livro orgulhosamente usa esse título demoníaco. O objetivo não é sugerir que o Alcorão foi escrito pelo diabo, é uma tentativa do mesmo tipo do ato de afirmação que, nos EUA, transformou a palavra preto (black) de um termo racista em uma "bonita" expressão de orgulho cultural" (Salman Rushdie, retirado daqui: http://public.wsu.edu/~brians/anglophone/satanic_verses/svnotes.pdf)
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Sendo ou não sendo intencional, tanto o título, quanto várias passagens do livro remetem ao Alcorão e ao islamismo, duvidando e questionando os pressupostos desta religião, e por analogia os de outras religiões, pondo em cheque a própria fé. Por outro lado, também não é uma visão otimista do "Ocidente" secular. Os dois atores indianos caem na Inglaterra, através deles e dos demais personagens, é exposta a visão dos "demônios" do mundo que os demoniza.
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A narrativa que nos conta tudo isso é fluída, não linear, fantástica, vaza dos sonhos para a realidade e a faz igualmente onírica. São múltiplas histórias, entrelaçadas, que seguem diversos caminhos e culminam num fim comum.
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Um livro contemporâneo, que bota o dedo nas feridas da identidade, da imigração, da alteridade, da hibridização cultural, da intolerância, do choque de diferenças, da colonização e pós-colonização, da separação entre bem e mal, entre "eu" e o "outro".
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"Pergunta: O que é o oposto da fé?
Não é a descrença. Definitiva demais, exata, fechada. Ela própria uma espécie de crença.
É a dúvida." (p. 105)
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"'Mas como eles fazem isso tudo?', Chamcha queria saber.
'Eles descrevem a gente' o outro sussurrou, solene. 'Só isso. Têm o poder da descrição, e a gente sucumbe às imagens que eles constroem'". (p. 186)
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Também publicado em: http://minhasalavazia.blogspot.com.br/
RICARDO 02/04/2012minha estante
Já decidi que vou ler =)


Valeska 29/06/2021minha estante
Muito obrigada pela dica das notas!!




Andreia Santana 15/10/2011

“Para nascer de novo, é preciso morrer primeiro”
Gibreel Farishta e Saladim Chamcha despencaram 30 mil pés sobre Londres. A metáfora usada por Salman Rushdie para descrever o estranhamento desses dois imigrantes indianos na Londres da era Tatcher pode servir como alegoria para qualquer situação em que o ser humano se sinta inadequado, estranho, em eterna adaptação. Os dois homens, hindus-muçulmanos (esse é o livro que decretou a sentença de morte de Salman Rushdie diante dos fundamentalistas islâmicos) sobrevivem à explosão de um avião atacado por terroristas. Durante a queda das nuvens, sofrem o que o autor chama de metamorfose.

Gibreel, o arcanjo, é um ator de sucesso, faz filmes teológicos e já interpretou um sem número de deuses do intrincado panteão hindu. Saladim, também ator, é um homem atormentado por demônios interiores, complexo de Édipo mal resolvido, relação tensa com o pai, frustração na carreira, inadequação com a própria cor da pele, escura. Gibreel, ex-menino pobre das ruas de Bombaim, é a estrela histriônica e cheia de caprichos, mas que tem tanta luz dentro de si que recebe o perdão para todos os seus pecados antes mesmo de cometê-los. Essa intensidade o cega. Ofuscado pelo próprio ego, consumido pela paixão por si mesmo, pela humanidade, por Alleluia Cone, a alpinista que conquistou o Everest, embarca nos próprios devaneios, julga-se o mensageiro de Deus, o braço esquerdo da ira divina, o Arcanjo Gabriel encarnado. Perde o juízo e começa a viver a fantasia de sua infância, quando a mãe o chamava de “farishta” (anjo).

Saladim, o menino rico de Bombaim, filho de um próspero fabricante de fertilizantes, rejeita a casa paterna, a cultura de seus pais, do país de origem. Ele quer ser inglês, falar, vestir-se, ter a cor dos britânicos. Também vive dentro de um sonho e tarde demais descobre que a velha Inglaterra das novelas de cavalaria não existe para além do cancioneiro dos poetas.

Contar todas as mirabolantes reviravoltas do destino desses dois homens – um transmutado em anjo, o outro em demônio, é estragar o prazer, o susto, a confusão, a necessidade de digerir cada linha de Os Versos Satânicos.

Basta dizer que é uma leitura fundamental para entender o eterno conflito oriente-ocidente. Para ter o panorama completo que Rushdie deseja traçar não somente da Índia, mas de como a cultura molda o ser humano, na mesma medida em que é consolidada por ele, é preciso ir mais fundo no universo rushdiano e ler também O chão que ela pisa. Os dois livros se completam, embora tragam personagens e situações diversas. A sensação ao concluir as duas leituras é de ignorância completa.

Senti-me incapaz, logo de cara, de dizer se entendi o recado. Fiquei confusa, sem saber se Rushdie queria mesmo dar um recado ou se os dois livros não são apenas a sua catarse, a sua forma de exorcizar os demônios da herança anglo-indiana. Se tudo não passa da narrativa de um homem em conflito entre oriente-ocidente, mas que tem senso critico suficiente para olhar os dois mundos sem fazer concessões, sem piedade.

É o melhor e o pior dos dois universos e é tão próximo da vida de qualquer pessoa, independente de ter nascido em Bombaim, Londres, ou em Salvador, que é difícil não traçar paralelos. Não vou dizer como a história acaba ou o que ela revela, porque digestão é algo muito particular, no ritmo próprio de cada um. Duas pessoas não digerem a mesma informação de maneira semelhante. Limito-me a dizer que o ciúme é a ruína do celestial Gibreel e o amor pode redimir o satânico Saladim.

No fim, anjos parecem criaturas atormentadas e demônios, demasiadamente humanos.

UM TRECHO DO LIVRO:

“A cidade moderna é o locus classicos de realidades incompatíveis. Vidas que não têm nada a ver umas com as outras se misturam, sentadas lado a lado no ônibus. Nas listras do chão do cruzamento, um universo é atingido por um instante, piscando como um coelho, pelos faróis de um veículo motorizado dentro do qual se encontra um continuo inteiramente estranho e contraditório. E contanto que não vá além disso, que passem na noite, que se acotovelem em estações de metrô, tirando os chapéus em algum corredor de hotel, não é tão grave…”

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P.S.: Só um lembrete aos marinheiros de primeira viagem na área de literatura. Uma resenha é uma leitura comentada, uma análise com base na obra lida e em outras obras do autor resenhado - além de outras leituras do resenhista. Resenha é texto jornalístico, tem de ser informativo e analítico ao mesmo tempo. Quem não quer saber detalhes da história, jamais deve ler uma resenha e sim um resumo, porque o resumo é só uma apresentação do tema da obra, sem aprofundamento crítico e sem análise.



Tórtoro 07/07/2011

UMA METÁFORA DE ANJO E DEMÔNIO
“Para nascer de novo, é preciso morrer primeiro”

Num momento em que se discute se crianças podem ou não ler obras de Lobato com componentes racistas , em que uma revolta toma conta da mídia porque, na América, alguém queima o Corão instigado por um líder religioso, e em que, no colégio onde trabalho, uma aluna se recusa, por motivos religiosos, a ler o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, resolvo conhecer Os Versos Satânicos de Salman Rushdie, uma ficção onde não sabemos onde termina o conto e começa a verdade.
Contar todas as mirabolantes e fantásticas histórias que envolvem as reviravoltas do destino de dois homens — um transmutado em anjo ( Gibreel Farishta) e o outro em demônio ( Saladim Chamcha) , é estragar o prazer, o susto, a confusão, a curiosidade, e às vezes até a dificuldade de se digerir cada linha do livro.
É um livro que, nas suas 597 densas páginas (Editora Companhia das Letras) sobre o panorama perfeito da cultura moderna, desvenda o paradoxo ocidente-oriente, e deixa o leitor, ao seu final, com um sentimento de ignorância completa, e com a sensação de não saber dizer se a obra é uma catarse do autor ( sua forma de exorcizar demônios de sua herança anglo-indiana) ou se é simplesmente uma forma , sem piedade, de crítica, sem fazer concessões, ao dois mundos , oriente-ocidente, numa narrativa que mistura ficção e realidade.
Gibreel ( ex-menino pobre das ruas de Bombaim, é a estrela histriônica e cheia de caprichos, mas que tem tanta luz dentro de si que recebe o perdão para todos os seus pecados, antes mesmo de cometê-los, é um ator de sucesso, faz filmes teológicos e já interpretou um sem número de deuses do intricado panteão hindu) e Saladim ( menino rico de Bombaim, filho de um próspero fabricante de fertilizantes, quer ser inglês, falar, vestir-se, ter a cor dos britânicos e, por isso, rejeita a casa paterna, a cultura de seus pais e do país de origem, tornando se um ator atormentado por demônios interiores, complexo de Édipo mal resolvido, relação tensa com o pai, frustração na carreira, inadequação com a própria cor da pele escura) são ambas criaturas atormentadas por serem demasiadamente humanas.
Em resumo , dois homens caem do céu depois que terroristas explodem o avião em que viajavam. Ambos são indianos e atores, e chegam incólumes ao solo da Inglaterra,onde se metamorfoseiam, um em diabo, o outro em anjo.
Muitas coisas opõem e associam os acidentados: um é apolíneo, o outro, dionisíaco; um é apocalíptico, o outro, integrado; um é apegado à sua origem, o outro está decidido a conquistar a nova nacionalidade. Transitando entre o real e o fantástico, entre o bem e o mal, entre a infinidade de opostos complementares e inconciliáveis da vida, o romance alegórico, impregnado de magia, transcende o problema específico do emigrado que flutua entre culturas para falar de todos os cidadãos de um mundo dilacerado.
Os versos satânicos rendeu a Salman Rushdie o Whitbread Prize e uma sentença de morte (em fevereiro de 1989 foi estipulada uma recompensa de US$ 2,5 milhões de dólares a quem matasse Salman porque o livro foi considerado uma blasfêmia contra o Islã) promulgada pelo aiatolá Khomeini. Segundo as leis islâmicas, uma fatwa ( sentença de morte) só pode ser anulada por quem a proferiu, mas com a morte de Khomeini, em junho de 1989 ,a condenação tornou-se eterna. Em setembro de 1998, o presidente iraniano Mohammad Khatami anunciou que o caso de Salman Rushdie deveria ser considerado completamente encerrado. O governo do país fez uma abdicação formal na sede da ONU- Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Penso que, não fosse a polêmica acima, o livro não teria sido lido por muitos porque, por ser, segundo o próprio autor, o Alcorão com as suas doutrinas e sunas ( e por isso mesmo muito rico em informações específicas não do conhecimento habitual no mundo ocidental), em menor quantidade seriam os interessados em sua leitura.
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Dani K 11/01/2010

um daqueles que provavelmente eu peguei para ler no momento errado...
Ou então, fui com muita sede ao pote. Tentei ler no auge da polêmica, estava cheia de expectativa, mas não rolou.

Tenho vontade de pegar novamente pra ver se consigo ir até o fim,
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Filib Jurj 22/04/2009

Muita gente fala que não sabe a razão de tanto alvorço por causa deste livro, mas a verdade é que se você conhece um pouco do Islã, vai identificar várias provocações ao longo da história. Independente disso, o livro tem um valor literário grande, especialmente pela narrativa e pelas discussões sobre a condição do imigrante que o livro apresenta.

Acho que é quase impossível aproveitar bem este livro sem a ajuda das Notes on Salman Rushdie: The Satanic Verses (http://www.wsu.edu/~brians/anglophone/satanic_verses/), compiladas por Paul Brian. O texto faz diversas referências a outras obras, culturas e eventos, e estas notas ajudam a decifrar todas elas.
Valeska 28/06/2021minha estante
Thank You very much!!




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