Hiroshima

Hiroshima John Hersey




Resenhas - Hiroshima


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Craotchky 06/10/2023

Dualidades
Hiroshima, de John Hersey, fez com que eu me sentisse mal; mas talvez não pelas razões que você possa estar pensando... mais adiante no texto me explicarei...

A obra está imbuída ao menos de duas dimensões: uma delas é a dimensão histórica e a outra é a dimensão do enfoque. Historicamente é inegável a relevância do livro. Foi a primeira reportagem a ganhar uma edição inteira da revista The New Yorker e sua tiragem de 300 mil cópias esgotou em poucas horas. Posteriormente, o texto foi narrado na íntegra em rádios. Não demorou muito para o trabalho se converter em livro.

Na outra esfera, ao adotar um enfoque nos sobreviventes e seus relatos, o autor fez com que o evento da bomba atômica pudesse ser associada a alguma pessoalidade. A humanização da catástrofe através de uma abordagem intimista (no que se refere a conteúdo, mas não em forma narrativa) tornou mais palpável a dimensão do incalculável impacto da bomba atômica na vida das pessoas afetadas, bem como outras consequências humanas decorrentes dela.

Enquanto a dimensão histórica é incontestável e a escolha de abordagem foi pioneira ao humanizar o acontecimento, a disposição narrativa adotada por Hersey foi emocionalmente distante, uma vez que o texto se trata de uma reportagem jornalística. Aliás, a consciência de que o texto é uma reportagem, e que portanto não foi originalmente pensado em formato de livro, é fundamental para compreender os motivos da parca contextualização histórica e aprofundamento biográfico das pessoas retratadas.

Essa característica do texto, de uma narrativa emocionalmente distante, (não estou criticando, estou apenas constatando) não me proporcionou um movimento de empatia. Para mim, a leitura teve um caráter didático: assimilei conteúdos históricos, aprendi um pouco sobre como foram aqueles dias para aquelas pessoas, o quanto a cidade foi destruída e as curiosas implicações da cultura japonesa na forma com que eles encararam algumas situações (exemplo: muitos tinham vergonha de ter sobrevivido).

Considerando todo esse contexto, finalmente posso confessar o que fez eu me sentir mal: foi justamente o fato de que no decorrer de toda a leitura não me envolvi emocionalmente, não fui emocionalmente impactado em momento algum, embora tenha, racionalmente, apreendido a magnitude da tragédia. Atribuo isso à distância emocional que caracteriza o estilo empregado. A narrativa é bastante objetiva e literal, se limitando em tão somente apresentar os fatos de maneira pragmática. Novamente: não se trata de uma crítica, apenas de uma constatação.

(A narrativa emocionalmente distante ao menos, porém, tem a vantagem de tornar o texto isento de qualquer inclinação, julgamento e interpretação do autor. O(A) leitor(a), portanto, é livre e independente enquanto consumidor de um texto que se limite aos fatos relatados, pretendida sem qualquer viés moral e/ou político.)

Como era de se esperar, a leitura me fez pesquisar e assistir vídeos sobre Hiroshima e Nagasaki, o que me levou a mais conteúdo assimilado. No fim, para mim, a leitura foi bem o que eu disse antes: didática. Não me provocou o movimento de empatia que era de se esperar. Agora fico eu aqui, me sentindo mal por não ter me sentido mal...

EXTRA:
"Ainda se perguntam por que estão vivas, quando tantos morreram. Cada uma delas atribui sua sobrevivência ao acaso ou a um ato da própria vontade - um passo dado a tempo, uma decisão de entrar em casa, o fato de tomar um bonde e não outro." - página 8.
Eis um trecho que me chamou muito a atenção. Aparentemente, nenhum dos seis sobreviventes da imensurável devastação atribuiu sua milagrosa sobrevivência a qualquer divindade. (Vale considerar que um era reverendo e outro era padre.)

(Adendo acrescentado após os comentário de dona Nathemocionalmenteenvolvida; adendo acrescentado para tentar explicar as razões pelas quais o fato de que a narrativa ter uma forma emocionalmente distante não é um "percepção" particular.)

Associadas ao livro Hiroshima vemos expressões como "relatos dos sobreviventes" ou "depoimentos dos sobreviventes". Por isso acho importantíssimo destacar que esses relatos/depoimentos foram coletados pelo autor que a partir deles escreveu a reportagem. Em essência essa reportagem é a reconstituição do que aconteceu. É fundamental ficar claro que os depoimentos/relatos dos sobreviventes não aparecem no livro. Assim o autor foi uma espécie de intermediário enquanto veículo que organizou, elaborou e publicou a história a partir dos relatos/depoimentos.

Entendendo isso, fica mais simples também compreender os motivos que o levaram a tecer uma forma narrativa emocionalmente distante. Caso os depoimentos/relatos fossem transcritos diretamente, falariam por si, e revelariam seu conteúdo aos leitores(as) de forma naturalmente direta, isto é, sem mediador. Como não foi o caso do livro, ao assumir a tarefa de reconstituir a história a partir dos relatos/depoimentos, o autor intencionalmente empregou uma forma narrativa que o permitisse ser o mais isento, o mais neutro, o mais cristalino, o mais invisível possível. Nas palavra dele mesmo na página 168 "assim a experiência do leitor poderia ser o mais direta possível".)
Nath 06/10/2023minha estante
No mínimo "intrigante" essa sua falta de "empatia".. ?

Quando vc falou na resenha que o texto do Hersey teve teor "emocionalmente distante" para vc, na sua percepção, um texto mais pragmático/didático, de novo, na SUA percepção, e por isso vc não conseguiu ter empatia e apego emocional pelos "personagens" REIAS as vítimas da primeira e ÚNICA bomba Atômica (sem mencionar Nagasaki, claro!) lançada contra uma grande cidade repleta de civis inocentes incluindo crianças, mulheres, grávidas, idosos.,, me intrigou essa sua falta de empatia (para não dizer o mínimo!) ?..


Nath 06/10/2023minha estante
Faz pouco mais de 10 anos q eu li esse livro, eu realmente tive pesadelos e até chorei lendo. Talvez pela minha pouca idade na época (24 anos)! essa leitura tenha sido um baque muito mais nauseante do que se eu lesse hoje? (pois hoje me considero um pouco mais calejada em teor de sofrimento humano depois de passar pela pandemia de covid no Brazil DESgornada pelo lunático do Bolsobosta..)

Mas eu realmente lembro e ficou gravado a ferro na minha memória até hoje, especialmente a história da viúva com os filhos sendo destroçados pela bomba atômica em Hiroshima.

E tudo relatado por ela mesma ao autor, o Hersey.

Tenho certeza q a cena descrita no livro q me rendeu os pesadelos, (lembro muito) foram os sobreviventes nos minutos seguintes após a detonação, a grande maioria deles andando pelos destroços atômicos com os braços esticados estendidos para a frente porque a pele toda se desgrudava do corpo e ao esticar os braços a dor lancinantemente era um pouco menor.. lembro de ler outro sobrevivente rastejando nas cinzas enquanto segurava o próprio globo ocular do olho caindo do rosto nas próprias mãos enquanto o restante da pele desgrudava junto.. as pessoas se jogando no rio em chamas da cidade para tentar aliviar a dor do corpo em carne viva derretendo como vela quente.. tudo isso me deixou em choque!

só no ato da detonação da bomba, morreram 70 mil pessoas imediatamente vaporizadas no epicentro, só restando a sombra do corpo como um negativo fotográfico (hoje apelidadas de sombras da morte) no chão e nas paredes da cidade até hoje.. quem estava a 5 quilômetros do epicentro sobreviveu por algumas horas com a pele do corpo derretendo e vagando pelas cinzas como mortos vivos..


Nath 06/10/2023minha estante
E detalhe! Essa cena ACONTECEU e foi relatada pelos sobreviventes de uma grande cidade! Não foi um filme apocalíptico de terror, apesar de parecer substancialmente ?..

Enfim! Lembro q na época enquanto eu lia foi inevitável não me colocar no lugar dessas pessoas me imaginar nessa cena medonha de fim do mundo e não chorar.. sem dúvida uma experiência inimaginável que mata a "alma" mesmo dos que sobreviveram.. ?

Sobre "as curiosas implicações da cultura japonesa" que vc falou, sobre alguns sobreviventes terem vergonha de ter sobrevivido enquanto tantos morrerem daquela forma medonha na frente deles, realmente.. de fato, esse é um fator cultural japonês.


Nath 06/10/2023minha estante
Desde a época dos samurais, para os japoneses a honra é a maior de todas as dádivas humanas. E quando eles falam em honra não é como aqui no ocidente de só "honrar" pai e mãe, como diz o ditado ocidental, mas para eles honra é relativo a honra COLETIVA!

Exemplo! Se uma bomba atômica cai como caiu na deles, na sua cidade, e vc sobrevive dentre tanta dor de tantas outras centenas de pessoas mortas mesmo as que vc não conhece, seria uma desgraça e vergonha vc sobreviver e ter uma nova chance de vida enquanto tantos outros pereceram entende?

Para eles perecer junto com os outros é honrar aquelas mortes todas.. é esse o sentido de honra do japonês.

E até hoje é assim no Japão! Um exemplo prático dias atuais no Japão é a cultura do trabalho lá .

No Japão não exista feriado trabalhista até uns anos atrás, todos trabalhavam todos os dias sem excessão.. e só depois que varios trabalhadores se suicidaram o governo adotou alguns poucos feriados por lei, mas mesmo após a criação desses feriados as pessoas continuaram indo trabalhar mesmo nos feriados em respeito a quem trabalha na empresa.. saca? Ou seja, para eles não ir ao trabalho no feriado é considerado mal visto por eles mesmos, por não levar em consideração o coletivo geral.

Aqui no ocidente isso é totalmente inexistente, a sociedade aqui é ultra egocêntrica, capitalista, só prezando o próprio bem-estar, o outro que se d@ne ??

Enfim. Entendi em partes a sua impressão de leitura. Afinal, cada leitor, lê com a sua própria perspectiva de mundo.


Craotchky 06/10/2023minha estante
Cara Nathnociva, obrigado pela interação. Eu já contava com essa efusividade que a caracteriza.
Primeiro: no seu primeiro comentário você foi bastante enfática em sua opinião de que a narrativa ter um tom emocionalmente distante foi uma "percepção minha". Eu reafirmo que o conteúdo tem um teor que pode despertar emoções, mas que a forma narrativa empregada é totalmente avessa, e isso é intencional.
Peço que leia o segundo parágrafo da página 168 que demonstra que houve uma humanização da tragédia no conteúdo!, mas não no estilo. Nesta página 168 você lê "Ao optar por um texto simples, sem enfatizar emoções[...]". Nesta mesma página diz que o próprio Hersey escreveu que "o estilo direto foi deliberado". Então insisto: a forma narrativa é emocionalmente distante, e muito. O conteúdo é que pode despertar emoções.
É fato que a narrativa é emocionalmente distante, e intencionalmente, como o próprio autor parece sugerir na página acima mencionada. Porém eu deixei claro que eu não critiquei isso. apenas constatei o fato e supus que em decorrência desse fato o texto tenha soado mais didático e informativo do que algo com apelo sentimental. Além disso, essa distância emocional não é de todo ruim, como também tentei deixar explícito no meu texto.


Craotchky 06/10/2023minha estante
Segundo: não entendi a razão de você ter colocado a palavra Personagens entre aspas no seu comentário, como se eu tivesse pretendido ficcionalizar as pessoas. Em nenhum momento do meu texto eu usei essa palavra que você destacou com suas peçonhentas (hihihihihihihiihi) aspas. Usei "pessoas" e "sobreviventes".
Bem, quanto ao fato de você ter achado intrigante meu não envolvimento emocional tudo bem, eu mesmo fiquei meio mal por isso.


Craotchky 06/10/2023minha estante
Acrescentei um adendo ao meu texto, mas observe que foi um acréscimo, ou seja, não vou alterei nada que já estava lá!


Nath 06/10/2023minha estante
??? Me chamou de Nathnocivaaa!!
PETULANTE DESCARADOOOO!
Eu sou um DOCE de pessoa, a minha "peçonha" tem gosto de doce de coco .. ???? hihihih
Kkkkk


Nath 06/10/2023minha estante
Mas sériooooo!
Sei q vc não colocou aspas em "personagens",mas a forma como vc falou que não conseguiu ter empatia pelas pessoas sobreviventes durante a leitura me remeteu a sensação de q vc não "humanizou" de alguma forma na sua cabeça aquelas pessoas narradas, pois qualquer um q lê essa história VERÍDICA fica no mínimo abalado.. e finalmente entende porque o armamento nuclear é tão nocivo e letal para a humanidade.

Lembrando q as bombas nucleares de HOJE são 20 vezes mais potentes que as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki.. e se fossem detonadas HOJE seria literalmente o fim do mundo!..

Aliás, o período da guerra fria entre os EUA (lançadores da bomba no Japão) e os Russos (antiga união soviética), foi justamente por esse medo da guerra nuclear em decorrência do fim do mundo.

Graças a Deus nenhum dos países envolvidos com ogivas nucleares tiveram coragem de detonar outra bomba nuclear contra um país civil, justamente porque sabem que tal gesto acarretaria no fim do mundo sucessivamente.
"Só" por isso, sem falar em dar voz e ROSTO aos sobreviventes, percebe-se a importância desse livro.


Nath 06/10/2023minha estante
Quanto ao seu acrescimento tardio, gostei!
De fato é isso mesmo!
O John Hersey não transcreveu os relatos dos sobreviventes literalmente no texto, ele na verdade teve um trabalho duplo brilhante ao reconstituir em texto de próprio punho mas mantendo os fatos verídicos narrados pelos personagens sem florear ou apelas para fatores sentimentais desnecessários, pois a tragédia em si já foi devastadora o suficiente sem precisar de qualquer apelação extra sentimental da parte do autor. Ao contrário do que a autora Svetlana Aleksevitch fez no Vozes de Chernobyl fez, no caso dela, ela "só" deu um "ctrl C ctrl V" cópia e cola nos relatos dos sobreviventes no desastre nuclear da Ucrânia.. ao meu ver, o trabalho do John Hersey foi muito mais brilhante exatamente pelo forma como ele escreveu os relatos dos sobreviventes.


Craotchky 07/10/2023minha estante
Como um texto jornalístico, a reportagem tem um caráter didático enquanto veículo de informação. O tom emocionalmente distante é totalmente compreensível em um texto que se pretende apenas transmissor de informação e conhecimento dos eventos narrados. Por trazer esse aflorado aspecto informativo, acabei lendo o livro de maneira similar que leria um texto didático. Quando você lê em um jornal uma reportagem de um horrível acidente, você até pode se envolver emocionalmente, mas será pelo conteúdo e não pela forma narrativa da matéria, que certamente terá um teor informativo apenas. É isso.


Paloma 07/10/2023minha estante
Amando esse embate de comentários kkkk... e os tratamentos (espero que "carinhosos") de um com o outro kkkk

Sobre o livro, a resenha do Felipe me deu até mais inclinação em ler ele um dia (tem na biblioteca do Sesc), pq sempre tive receio de não conseguir ler, de ser muito pesado, mas aí vem a Nath dizer que deu pesadelos kkkkk
Enfim, entendi o ponto dos dois. No fim das contas a gente ler com o que tem dentro, alguns conseguem se distanciar mais que outros (com ajuda ou não da forma de de narrativa). Obrigada aos dois pelo entretenimento ??


Craotchky 07/10/2023minha estante
Oi, Palominha! Obrigado pelo comentário sensato e equilibrado, pois tem gente por aí que vou te dizer.... é tipo dona Rozilda, do livro da Dona Flor: tem prazer em implicar!... hahahahahaaha
Seu comentário foi bem vindo: apaziguador e cheio de prudência. Quem dera certa peçonha, opa!, digo, certa pessoa seguir seu exemplo de comentário sem exagerado envolvimento emocional!....
Imagina você, Querida Paloma, que me vi obrigado a fazer um acréscimo no texto em razão de certos (ou errados hihihihihi) comentários! Coisa inédita! Primeira vez que tive que adicionar coisas em uma resenha por razões (não emoções) como essa!!!


Paloma 07/10/2023minha estante
???
E de fato achei estranho lendo a resenha que já tinha um adendo por causa de um comentário, fiquei logo intrigada ????


Nath 08/10/2023minha estante
???? PETULANTEEEEEEEEEEEEE!! Me chamou de "gente por aí"! ? e me comparou a dona Rizilda!!! ?
PETULANTE INGRATOOOOO!! E depois de me ESCULHAMBAR ainda chamou chamou a Paloma de "QUERIDA Palominha" ! (Gosto muito de vc miga, mas esse cara aí um PETULANTE. ABUSADO. NOCIVO.IDIOTA!)!) ???


Craotchky 08/10/2023minha estante
Hhaahhaahhahah
Conseguiu me fazer rir ao usar o excelente termo "esculhambar"! Ahahahahhha
Pobre dos outros idiomas que não têm uma expressão como essa!
E a Palominha é muito queridíssima, ora!


Nath 08/10/2023minha estante
Vai te CATAR!! ?? Pois eu ESCULHAMBO muito MAIS!!
Pois sou ariana do signo de Áries e sou arengueira SIM, dez vezes mais com mto orgulhooo ?????
Que coooisa PETULANTE!


Paloma 09/10/2023minha estante
Amo uma esculhambação de uma arengueira! ???


Carolina221B 13/10/2023minha estante
Agora deu vontade de ler também kkkkkk ?


Craotchky 13/10/2023minha estante
Vale a pena, Carol, se tiver oportunidade e principalmente vontade




Inácio 17/02/2010

Hiroshima - resenha original do Caótico (www.caotico.com.br)
Chorei várias vezes enquanto lia Hiroshima. E olha, que naqueles primeiros anos do século XXI, eu ainda tentava posar de racional e nem era tão chorão quanto sou hoje.

A soma de todos os Globo Repórter, das reportagens especiais nas datas redondas da explosão atômica e dos documentários da TV a cabo não dá nem a metade da qualidade narrativa, emoção e sensibilidade do texto de John Hersey. A primeira parte do livro foi publicada originalmente como reportagem na edição especial da revista New Yorker um ano depois da bomba.

O livro foi o primeiro de uma coleção intitulada Jornalismo Literário no início dessa década. Lembro que folheei o exemplar numa livraria de shopping e fiquei impressionado, imaginando um repórter percorrendo as ruas destruídas de Hiroshima e conversando com pessoas que sobreviveram ao crime contra a humanidade cometido pelos Estados Unidos.

No final das contas, o método de Hersey é praticamente aquilo que, um dia, já foi o be-a-bá do jornalismo. Ele foi ao local dos fatos, conversou com as pessoas que sofriam as conseqüências do fato e contou tudo, respeitando a dor das pessoas que ouviu e aquilo que viu. Depois de escrever, sua alma deve ter se aquietado um pouco.

A leitura de Hiroshima leva a sentir o peso da responsabilidade que caí sobre um repórter ao escutar relatos como aqueles, transbordantes de dor e sofrimento inimagináveis. Quem se dispõe a escutar, precisa estar consciente de que assume o compromisso de traduzir, de passar adiante, o que ouviu, viu e o que as pessoas sentiram. E também o que sentiu.

E Hersey sofreu, não tenho dúvidas disso. Se não sofreu, porque ele voltaria lá, quarenta anos depois, em plena década de 80, para descobrir qual o destino das seis vidas que desnudou em 1946?

Ele sofreu e faz sofrer quem de dispõe a ler seu texto, leve e fácil, capaz de contar histórias duras e difíceis.

Além da linguagem clara, Hiroshima contém outro recurso que prova que Hersey era bom todo. Os seis relatos são apresentados em fragmentos intercalados. Ora você está lendo o testemunho do médico Fuji, em seguida é o jesuíta Klinsorge, depois o pastor Tanimoto e por aí segue, até Fuji entrar em cena novamente. Esse recurso garante a sensação de simultaneidade, de que as coisas aconteceram ao mesmo tempo, como realmente foi.

Na verdade, o que Hersey fez foi Jornalismo. Não entendo a razão de juntar o adjetivo literário. Minha hipótese é que criaram esse rótulo para que continuemos a chamar de jornalismo as baboseiras publicadas nas revistas, nos jornais e transmitidas pelos telejornais.
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Marcia 07/08/2023

Minhas impressões sobre o livro
6 de agosto de 1945 : A bomba atômica de urânio (Little Boy) foi lançada sobre Hiroshima seguido por uma explosão...
Hiroshima! Leitura que considero necessária.
É impressionante e muito triste.
O livro relata a vida de seis sobreviventes, os hibakushas : * Srta. Toshiko Sasaki, func.da Fundição de Estanho do Leste da Ásia, * Sra.Nakamura, viúva de um alfaiate,responsavel por seus 3 seus filhos pequenos
* Padre Kleinsorge, jesuíta alemão, * Dr. Sasaki, jovem cirurgião, * Dr. Fuji, dono de um hospital particular na cidade.
* Reverendo Tanimoto, pastor da Igreja Metodista de Hiroshima.
O livro é uma narrativa e o escritor nos conta exatamente o cenário desses sobreviventes. O que faziam , como eram suas vidas e o que estavam fazendo quando a bomba atômica caiu . A gente revive com eles todos os momentos, as primeiras impressões, o que viram primeiro e o novo cenário, o cenário desesperador que foi surgindo. Todas as dúvidas, o desespero, dor e susto.
Também encontramos a situação deles , 40 anos depois. O que fizeram , as dificuldades encontradas e o principal: não se colocaram como vítimas e aos " trancos e barrancos" foram atrás de retomar suas vidas.
trecho do livro:
"Uma multidão de cientistas invadiu a cidade. Alguns mediram a força que havia sido necessária para deslocar lápides de mármore nos cemitérios, derrubar 22 dos 47 vagões parados no pátio da estação de Hiroshima, arrancar a pista de concreto de uma ponte e dar outras extraordinárias demonstrações de poder. Concluíram que a pressão exercida pela explosão variou entre 5,3 e 8 toneladas por oitenta centímetros quadrados. Outros cientistas constataram que a mica, cujo o ponto de fusão ?"
Valeu!
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Isabella.Lubrano 07/08/2015

Uma das melhores reportagens de todos os tempos
Já são setenta anos.

Setenta anos desde aquela manhã de agosto em que a bomba mais destrutiva já fabricada explodiu sobre a cabeça de milhares de japoneses, matando cem mil.

E um número simplesmente incalculável de pessoas precisou conviver pelo resto da vida com os efeitos colaterais daquela bomba atômica – membros amputados. Cicatrizes horrorosas. Doenças crônicas. Várias formas de câncer.

Não é pra menos que desde aquela manhã de 6 de agosto de 1945, a humanidade passou a viver num clima de permanente de MEDO.

Não medo da guerra. Nem medo da morte. Essas coisas sempre existiram e sempre vão existir. Mas tipo diferente de medo, o medo da ANIQUILAÇÃO TOTAL.

E uma obra que revela o poder dessa arma também está fazendo aniversário: é o livro Hiroshima, do americano John Hersey, que conta a história de 6 sobreviventes da bomba atômica.

O que eles estava fazendo na hora da explosão. O que cada um viu e sentiu no exato momento em que a bomba caiu. O que aconteceu logo depois.

Depois desse dia, o medo da guerra nuclear virou o maior pesadelo das potências mundiais. E muito disso se deve ao livro Hiroshima, que foi lido no mundo inteiro.

E mesmo que hoje ninguém mais fale muito sobre esse assunto, vale lembrar que existem mais de 20 mil bombas nucleares em 9 países do mundo. Um arsenal suficiente pra eliminar a raça humana, várias vezes.

site: https://www.youtube.com/watch?v=ICfGpe2Vw7U
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Gabriela3420 11/08/2021

Hiroshima
Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram uma bomba atômica pela primeira vez na história da humanidade, o alvo foi a cidade japonesa de Hiroshima. Estima-se que no total 250 mil pessoas morreram em decorrência do ataque.
Em "Hiroshima" de John Hersey temos um livro-reportagem que conta a tragetória de 6 hibakushas (pessoas atingidas pela bomba, em japonês), como sobreviveram, os dias imediatamente posteriores e como estavam suas vidas 40 anos depois. É um livro pesado, dolorido e com uma linguagem bem direta. O autor narra com bastante detalhes a devastação causada na cidade, as consequências de curto e longo prazo para os japoneses, a irreversibilidade de alguns danos, as medidas governamentais de mitigação e as discussões morais sobre o evento.
Recomendo muito a leitura desse livro pra quem gosta do assunto Segunda Guerra Mundial, mas principalmente para que haja uma conscientização sobre armas nucleares, e que a história nunca mais se repita.
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Alan kleber 24/08/2020

A bomba atômica lançada em Hiroshima, junto com o Holocausto talvez seja as duas maiores tragédias da história da humanidade, nos dois casos crimes provocados pelo ser humano.
O livro acompanha a vida de seis sobreviventes, mostra a luta deles pra continuar vivendo sem se render ao ressentimento e ao rancor.
A bomba atômica matou 100 mil pessoas na hora.
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Maiara.Alves 23/03/2021

Profundo, triste, real
Publicado em 1946 pela primeira vez como artigo na revista The New Yorker, depois em formato de livro, o artigo teve um impacto imenso no seu tempo. Ele reconta o que aconteceu na cidade japonesa de Hiroshima a partir dos minutos anteriores a explosão da bomba atômica às 8h15m do dia 06 de agosto de 1945, pelo relato dos dias, semanas e meses subsequentes de seis sobreviventes.

O poder da bomba foi tal que em Hiroshima, uma cidade de 245 mil habitantes, 100 mil morreram nos primeiros minutos e dias após a explosão, e outros 100 mil ficaram feridos, dezenas de milhares gravemente.

O capítulo dois, "O fogo", creio que é o mais agonizante. Descreve o que ocorreu logo após a explosão. O desespero, as pessoas desconcertadas pelo que havia acontecido, o medo e a sobrevivência. É impossível não sentir tristeza por tanta dor descrita nessas linhas (assim como o livro todo, mas esse capítulo descreve cenas mais aterrorizantes).

O último capítulo, "Depois da catástrofe", mostra como a vida de cada um dos seis sobreviventes seguiu ao longo de 40 anos. Todos eles enfrentaram dificuldades extremas, nos primeiros anos principalmente. Com o tempo, alguns conseguiram passar por cima dessas complicações, mas outros conviveram a vida toda com doenças causada pela radiação da bomba.

A escrita de Hersey tem vida, pulsa, nada aqui é romantizado. Nos faz sentir dor pelo horror que os moradores de Hiroshima passaram naquele dia. Muito bem escrito e ágil como uma reportagem deve ser.

Uma leitura indispensável para tomar conhecimento, garantir uma reflexão e entendimento do que foi a bomba atômica e um lembrete de que uma monstruosidade semelhante jamais deve acontecer novamente,


Alê | @alexandrejjr 29/03/2021minha estante
Baita texto, Maiara.


Maiara.Alves 29/03/2021minha estante
Obrigada, Alê! :)




LiteraLucas 07/11/2023

Muito triste
É desolador imaginar a capacidade do ser humano de destruir friamente uma cidade e acabar com a vida de centenas de milhares de inocentes. Terrível.
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Gabriela Gonçalves 19/09/2020

Para lembrar os horrores da guerra e não cometer os mesmos erros novamente
Uma reportagem incrível sobre um acontecimento horrível. Ler Hiroshima é se colocar no dia da explosão da bomba e entender todas as angústias e sofrimento que os japoneses passaram. O autor foca a narrativa em 6 pessoas que vivenciaram a explosão e através delas conseguimos visualizar o que aconteceu naquela época. É angustiante ler algumas partes, saber que milhares de pessoas morreram por causa da bomba. É muito triste esse capítulo da história da humanidade, mas esse livro tem o papel de nos fazer lembrar para não esquecermos, para não cometermos o mesmo erro. É possível sentir a dor daquelas pessoas e todas as marcas físicas e mentais que a bomba atômica deixou em suas vidas. Enfim, um ótimo trabalho jornalístico.
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JoiceCoutinho 28/08/2023

Emocionante. Impactante!! Relata o que ocorre na vida de seis sobreviventes ao ataque atômico em Hiroshima! Os relatos nos levam ao passado, com uma riqueza de detalhes impressionante!!
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Rebecca.Lucena 09/07/2021

Hiroshima, um dos melhores livros que já li na vida.
Quando ainda era uma estudante do curso de jornalismo, meu professor de Literatura afirmou que todos nós devíamos ler três livros para a nossa formação completa: A Sangue Frio (Truman Capote), Fama & Anonimato (Gay Talese) e Hiroshima (John Hersey). Se não lêssemos, seria uma obrigação mentir dizendo que tínhamos lido, afinal, que jornalista que se preze não leria as maiores reportagens já publicadas pelo mundo?

O tema gira em torno da bomba atômica jogada em Hiroshima pelos EUA e parte para uma reflexão ética e moral impressionante sobre o rumo que deram ao fim da II Guerra Mundial. Essa história é contada a partir da perspectiva de seis personagens que narram para nós onde eles estavam momentos antes da explosão e o pós traumático em busca da sobrevivência. Além disso, John Hersey volta para o Japão, 40 anos após a explosão e conta o que aconteceu com essas pessoas...

É um livro sensacional, não é uma leitura difícil, embora o tema seja bem pesado. Porém é uma narrativa honesta, simples, dura, direta. Mais do que recomendado, é uma literatura obrigatória para quem quer se tornar humano.


site: https://youtu.be/hSalybuU8gk
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Lais David 09/08/2023

Leitura essencial
Existe uma linha muito tênue entre a informação e a ficção. Nessa mistura, se encontra o jornalismo literário, que usa de elementos da subjetividade para transformar meros fatos em história.

Tudo isso se deve a alguns profissionais que, no meio do século, borraram as linhas da objetividade jornalística na imprensa.

Um dos precursores desse novo gênero foi John Kersey, renomado repórter de guerra estadunidense, que, em 1946, se tornou autor do premiadíssimo 'Hiroshima'.

Ao visitar a história de seis 'hibakusha' (termo para pessoas que foram afetadas pela bomba atômica lançada pelos Estados Unidos em Hiroshima, em 1945), Kersey mostra o quão profundamente a guerra pode afetar a humanidade.

Chorei e me emocionei muito com os relatos de Kersey, que acompanhou, por alguns dias, a vida desses sobreviventes. 'Hiroshima' é devastador, áspero e violento em todos os níveis, e, justamente por isso, se torna uma leitura obrigatória para qualquer cidadão desse mundo que torce fielmente por um mundo reinado pela paz.
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Marilucia 28/06/2023

Um clarão sedutor às 8h15
Uma leitura impactante e um trabalho de apuração sensível. O grande impacto da notícia é como o fato toca a vida das pessoas, do contrário, não teria razão de ser (no meu mundo ideal). Já tinha ouvido várias vezes sobre a bomba atômica, a guerra, mas sempre de uma perspectiva histórica e um tantão distante do que aquilo realmente foi para quem, às 8h15 da manhã de 6 de agosto 1945, viu um clarão silencioso e sedutor solapar a vida. O momento, o durante, o pós, a resiliência e a resignação de uma cidade de 245 mil habitantes - a tragédia deixou aproximadamente 100 mil mortos, boa parte nas primeiras 24h. O descaso das autoridades, a pobreza, as doenças, o atravessamento das vidas, a desconfiguração física, identitária, o preconceito. Algumas cenas, descritas de forma tão minuciosas, são quase inacreditáveis, coisa de filme de zumbis. Mas não foi filme, não foi imaginação.
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minefreitas 01/02/2022

Puro jornalismo literário
Esse livro é tão incrível que por vezes parece ficção. Os relatos pós bomba A são tão detalhistas que evidenciam o tamanho da crueldade dessa arma. Interessante pois traz a perspectiva dos sobreviventes, que agora não são apenas números, possuem rostos, histórias e desejos, e essa perspectiva auxilia no desenvolvimento de empatia. Um ótimo trabalho de jornalismo literario, merece a fama que tem.
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Rebeca.Verino 06/05/2021

O horror tinha milhares de nomes
O livro foi escrito por um jornalista que resolveu dar nome as pessoas que sobreviveram à bomba pouco tempo depois do incidente, no período em que questionar a explosão ainda era um tabu nos Estados Unidos. Aqui vemos as histórias de 6 pessoas (4 homens e 2 mulheres) que descrevem em detalhes o 06 de agosto e os dias subsequentes. Um livro de leitura necessária para todos entenderem os horrores e o perigo das armas nucleares.
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