Suicídio - Testemunhos de Adeus

Suicídio - Testemunhos de Adeus Maria Luiza Dias




Resenhas - Suicídio: Testemunhos de Adeus


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Victoria.Olzany 13/03/2023

A complexa temática do suicídio é abordada em diversas obras, acadêmicas e não acadêmicas. Mas essa, em especial, me chamou a atenção devido à diferente abordagem do tema, que se dá através das cartas, bilhetes e gravações de áudio deixadas pelos suicidas em momentos interiores, ou imediatamente anteriores, à consolidação dos atos.
Nos capítulos inicias a autora faz sucintas exposições dos panoramas acadêmicos, psicanalíticos, psicológicos, históricos, e sociológicos/antropológicos sobre o mesmo tema, usados como base para sua interpretação dos "testemunhos de adeus".
No anexo final, estão as transcrições de todos os testemunhos analisados nessa pesquisa. Material delicado, forte, e impactante, ao qual é muito interessante poder ter acesso (ainda mais com todo o respaldo teórico anterior).
Importante ressaltar que, como todo estudo mais aprofundado, esse também tem o seu recorte: São Paulo, na década de 1980.
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leosilva 03/07/2018

Tocante
Quando descobri esse livro não pensei duas vezes e procurei comprá-lo. Li em pouquíssimos dias, tal atração o tema teve sobre mim. Apesar de insipiente quando se trata de generalizações, tem o mérito de realmente provocar no leitor questionamentos sobre o porquê de tantas pessoas cometerem suicídio no Brasil. Vale a pena procurar em um sebo e ler.
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Bruno Oliveira 27/04/2013

Faz um bom tempo que eu buscava ler esse livro. Acho que o conheci por meio de uma matéria na Superinteressante e fico feliz de não o ter esquecido, pois foi uma boa experiência de leitura. Não o considero revelador em grande medida, ao menos não para quem – como eu – já tinha alguma leitura a respeito do assunto, no entanto, quanto a certos aspectos ele é bastante interessante e original.

O primeiro deles é que se trata de um estudo psicológico, isto é, que evita transformar o suicídio num mero fenômeno social (de causas externas ao indivíduo). Assim, é curioso olhá-lo fora do escopo filosófico e sociológico que, até então, eram apenas aqueles que eu conhecia. A partir da investigação da psique individual a autora passa a questionar as razões alegadas para o suicídio, a se observar os pontos comuns entre as diversas mensagens e, sobretudo, a ver maneira pela qual os suicidas se representam como pessoas. Depois de um tempo fui deixando de atribuir qualquer aura especial aos suicidas na medida em que eles se revelavam cada vez mais falíveis, mais nus, presos a problemas que, muita vez, poderiam ser solucionados com algum dinheiro, terapia ou uma boa conversa. Não que todo suicida seja assim, é claro; há muitas dimensões nesse problema.
Um segundo ponto é descobrir as imensas possibilidades de exploração que o tema permite e, além disso, a quantidade de relações as quais ele mantém com diversos campos de estudo. Eu tinha lido, certa vez, parte de um livro sobre rituais de morte no Brasil, outra vez, li sobre as diversas maneiras pelas quais os diferentes povos vivenciavam o luto, porém somente ao ler “Testemunhos de adeus” é que notei o quão relacionado com vários temas está o suicídio. Para entender suicídios ritualísticos, por exemplo, é preciso um bom conhecimento de religião, mitologia e rituais; para compreender porque um soldado dá a vida em combate é preciso entender o modo pelo qual ele pensa seu país, seu patriotismo, o processo de formação do soldado e assim por diante. Todo suicídio está ligado a um conjunto de símbolos e crenças as quais tanto servem como visão de mundo do indivíduo, quanto são, frequentemente, causa da morte dele. Por isso, para cada suicida, para cada tipo de suicídio é bom que se compreenda a estrutura psíquica e social da pessoa, de maneira a não reduzir o ato a razões individuais ou mesmo a uma espécie de consequência do modo pelo qual aquela pessoa está integrada ao todo em que se encontra.

O livro tem um monte de méritos bacanas e mesmo seus deméritos podem ser facilmente compreendidos se olhados não como erros da autora, mas como problemas que os estudos do suicídio até hoje sustentam. Se ela faz afirmações gerais que causariam calafrios a qualquer historiador (às vezes, diz coisas como: "de modo geral, na sociedade ocidental o suicídio é de tal maneira"), não é porque seja ingênua, mas porque falta ao tema muito estudo, muitas fontes que o tornariam mais denso e cuidadoso com as generalizações. De modo geral a obra transmite certa aura de manual introdutório, de iniciação a um tema para o leitor leigo, entretanto há um paradoxo nisso: ele é uma dissertação de mestrado, ou seja, algo mais que mera apresentação. Na verdade, ele introduz um tema do porvir, que ainda não foi suficientemente explorado nem definido. Eis um campo aberto para filósofos, historiadores, sociólogos e outros.

Não é o caso, todavia, de pensarmos que Maria L. Dias escreveu um livro que o futuro refutará e apontará os equívocos, mas que ela deu um passo para a construção de estudos mais aprofundados a respeito desse tema no Brasil. Seja lá quem for que venha a estudá-lo mais tarde, não precisará mais partir do nada, boas passadas já foram dadas.
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