As sombras de Longbourn

As sombras de Longbourn Jo Baker




Resenhas - As Sombras de Longbourn


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R4 19/04/2014

Uma mudança de perspectiva
As Sombras de Longbourn é a história de Orgulho e Preconceito contada pela perspectiva dos criados da casa dos Bennet. Achei muito interessante essa mudança de ponto de vista, porque, quando lemos os livros de Jane Austen, sabemos como são a vida dos ricos, que precisam fazer bons casamentos, ou viver de rendas. O trabalho era mal visto e esses personagens mal são retratados em seus romances.

Jo Baker resolveu dar vida e histórias próprias para esses personagens sem nome, que mantinham a casa, lavavam as anáguas das cinco moças, e esperavam durante a noite as moças voltarem dos bailes. A história dos criados segue, paralelamente, a mesma história retratada em Orgulho e Preconceito, apenas com uma prolongação de tempo no final. Então, enquanto as moças vão para Netherfield, os criados passam as semanas arrumando os vestidos para a ocasião, preparam a carruagem e o cocheiro espera as moças retornarem. Sempre que um jantar é mencionado no livro de Austen, aparece a cena dos criados preparando o jantar no livro de Jo Baker. Nesse sentido, o livro é bem articulado. A propósito, vale lembrar que Longbourn era o nome da propriedade dos Bennet e "sombras" não está no título original do livro em inglês, mas achei uma adaptação interessante para incluir nele o fato de serem histórias dos criados, que eram como sombras no livro de Austen.

Mais do que uma cópia do romance de Jane Austen, no livro As Sombras de Longbourn, os personagens possuem histórias próprias que não se baseiam apenas na vida de seus patrões. O livro conta a história da criada Sarah, que é a arrumadeira e lavadeira da casa dos Bennet. Ela é uma órfã que foi recolhida pela Sra. Hills, a governanta, e é bem tratada na casa, mas tem que trabalhar desde o despertar e possui as mãos cheias de ferida. Além da governanta Sra. Hills, conhecemos o velho mordomo Sr. Hills, e Polly, uma adolescente que também foi recolhida do orfanato e agora ajuda nos trabalhos domésticos; na realidade, seu nome era Mary, mas como uma das filhas da família, Mary Bennet, já tinha esse nome, ela passou a ser chamada de Polly. A família contrata um novo empregado, James Smith, que é misterioso e ninguém sabe onde trabalhou antes, causando a desconfiança de Sarah.

A empregada Sarah sente algum tipo de atração por James, mas age com ele de uma forma desconfiada e preconceituosa. Senti que, a principio, a autora resolveu fazer um paralelo da relação dos dois da mesma forma com que Austen fez com Elizabeth e Darcy. É uma brincadeira com os fãs do livro e achei inteligente porque ela não prosseguiu com isso e fez com que os personagens deste livro tivessem histórias originais. Além disso, não só os empregados, mas os famosos personagens de Orgulho e Preconceito também fazem do romance de Jo Baker. Vemos uma outra perspectiva do Sr. Bennet, que é tão duro com a esposa, e as razões pelas quais a Sra. Bennet é tão carente. Também vemos o vilão Wickham se intrometendo na cozinha e assediando uma das criadas, assim como era de costume na sociedade da época.

O ponto forte do livro de Jo Baker é a pesquisa histórica do período de regência britânica, época a qual o livro se refere. Lendo os livros de Jane Austen, somos englobados -sempre- por aquela vida interiorana de preocupações com casamentos e heranças, mas nas histórias sempre jazem um fundo histórico de guerra, milícias e instabilidade econômica. Jo Baker resolveu pesquisar esse background histórico a fundo e fez seus personagens serviçais sentirem na pele e sofrerem com o comércio de escravos e escravidão, com a longa guerra entre a Inglaterra e a França e com a pobreza causada por isso. Ou seja, aquilo que pouco transparece no livro de Jane Austen passa a ser a história principal do romance em As Sombras de Longbourn.

Nitidamente, As Sombras de Longbourn é um livro para quem gosta de Jane Austen e quer sentir uma outra perspectiva de seu amado romance Orgulho e Preconceito. Sei que existem muitos livros do tipo e que tentam retomar esse clássico, mas acho que este vale a pena ser lido porque é muito bem escrito, montado e possui uma excelente pesquisa histórica para facilitar nossa compreensão desse período do começo do século XIX na Inglaterra.



Livro cortesia da editora Companhia das Letras:
BAKER, Jo. As Sombras de Longbourn. Trad.: Donaldson M. Garschagen. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. 453p.
Daniel 25/09/2014minha estante
Peguei este livro para ler sem muitas expectativas, e fui surpreendido pela forma com que me envolvi com a estória dos empregados de Longbourn!
Deu vontade de reler "Orgulho e Preconceito" simultaneamente, completando a ação que se passava na sala de visitas com a da dependência dos empregados...


Dani 13/02/2017minha estante
Oi Renata!
Ótima resenha!
Não costumo ler releitura de clássicos, por que acho que costumam estragar a história.
Mais vou mim arisca nesse. Orgulho e preconceito é um dos meus livros favoritos, será interessante ver a história pela visão dos empregados.




Evelyn Véras - 16/06/2021

"Nós nos formamos pouco a pouco, juntando fragmentos e pedacinhos de coisas que vêm dar em nós."
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Verona 18/12/2021

Uma releitura muito bem desenvolvida de orgulho e preconceito pelo ponto de vista dos criados da casa! Foi uma surpresa muito agradável!
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Vivian 18/01/2021

Maravilhoso!
Orgulho e Preconceito sob a ótica dos criados.
Amei a forma como a autora cria uma trama paralela, dando voz a pessoas esquecidas. E ainda temos um vislumbre dos costumes da época.
Gostei de verdade.
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Lu 05/12/2014

Desandou
Eu me considero como uma fã inconformada de Jane Austen. Autores talentosos como ela não deveriam partir tão cedo e deixando um legado de apenas meia dúzia de livros. Deveriam, sim, conseguir um desses contratos da Nora Roberts e publicar, ao menos, dois ao ano, ao longo de, pelo menos, umas três décadas.

É por isso que, vez ou outra, sinto-me atraída por livros que prometem revisitar seu universo, com graus maiores ("Eu Fui a Melhor Amiga de Jane Austen") ou menores ("Confessions of a Jane Austen Addict") de sucesso. Este "As Sombras de Longbourn" encontra-se, infelizmente, na segunda categoria e a razão para isso está na sua protagonista, Sarah.

Vou elaborar: em termos absolutamente francos, Sarah parece uma ascendente direta de Luce "Murta que Geme" Price, de Fallen: ela não tem personalidade. Ou melhor, ela só tem personalidade se está ligada a alguém. Na maior parte do tempo, eu diria que Sarah se arrasta para cima e para baixo do casarão dos Bennett reclamando de seu destino, pensando mal das pessoas da casa e, é claro, correndo atrás de possíveis pretendentes.

Veja bem, as duas primeiras partes do livro são muito boas. A maneira como a Jo Baker interliga os acontecimentos de "Orgulho e Preconceito" com as atividades dos empregados é muito interessante. Para quem gosta de História como eu, a forma como ela detalha o trabalho dos criados é muito interessante. Assim como a oportunidade de lhes dar voz. Que eu conheça, há apenas duas personagens "downstairs": a jovem Griet, de "Moça com Brinco de Pérola" e Jane Eyre, que na verdade é uma governanta.

A questão é que é justamente no evento mais dramático do O&P que o livro da Jo Baker desanda. Sua personagem mergulha na depressão, levando o leitor junto. As últimas 100-150 páginas se arrastam. A personagem dela nada mais é do que uma sombra. Eu entendo que, pelas circunstâncias, pela falta de perspectiva, é até compreensível. Mas então eu me lembro de Jane Eyre e da sua incrível força e coragem diante de todos os problemas que enfrentou e, sinceramente, perco a empatia pela causa da Sarah.Ela é simplesmente patética.

De resto, o que realmente se destaca, mais do que os personagens, até, foi o que a Jo Baker acrescentou ao O&P. Você já parou para pensar de onde vem a fortuna de cinco mil libras ao ano do Sr. Bingley? A resposta pode ser bem surpreendente.

A palavra que me veio ao fechar o livro foi "Não gostei". No todo, é um livro interessante tanto para quem gosta de romances históricos quanto quem, como eu, é fã de Austen. E talvez por isso, eu tenha esperado demais do livro da Jo Baker. Eu vou estar mentindo se disser que o livro não tem qualidades. Mas, pelo menos para mim, considero o terço final desastroso. Principalmente pela (falta de) atitude de protagonista. É por isso que a nota real do livro é de 2,5 estrelas.

Recomendo com reservas.
Rakelzinhaa 20/06/2017minha estante
A princípio, achei interessante essa nova perspectiva, mas com o avançar da leitura, achei a história um pouco forçada, e na terceira parte bem arrastada... dei 3 estrelas...
esperava mais...


Lu 20/12/2019minha estante
Eu também, Raquel.




_bbrcam 01/10/2021

em uma narrativa contagiante, esse livro é muito maravilhoso!
e se a história de orgulho e preconceito fosse contada pelas "sombras" da casa? quem trabalhou para lavar os vestidos, fazer os jantares, levar as cartas... Jo Baker conseguiu me conquistar pincelando leves momentos da maravilhosa história de Jane Austen e trazendo personagens carismáticos em suas próprias histórias. se você acha que esse livro se resume ao mesmo livro, mas sob outra perspectiva, está se enganando! aqui somos teletransportados para longbourn e vivenciamos o que se passava dentro da casa... não tenho palavras pra descrever a obra prima que é esse livro só digo isso: IMPECÁVEL!
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juliannerib 26/02/2022

Não esperava que fosse mas mesmo assim não é a mesma história de Orgulho e Preconceito. Eu adoro histórias sobre cotidiano. No livro diz que parece muito com Downtown Abbey e realmente é parecido, então adorei.
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kleris aqui, @amocadotexto no ig 17/04/2014

não é NEM metade de OeP e foram uns bons 200 anos de espera que valeram a pena
(Vc pode encontrar essa e diversas outras resenhas em dear-book.net)

É uma verdade quase universalmente reconhecida que, uma história antiga como Orgulho e Preconceito, em domínio público, permanecerá sendo lida, relida e remexida ao longo dos anos.

Não, não é assim que se inicia a narrativa de Jo, mas posso afirmar que, tal como a Jane Austen, ela abre a história colocando os pontos direto nos Is, nos revelando sobre qual realidade tratará: a vida das presenças espectrais que servem à família Bennet. Jo lhes deu nome, personalidade e história.

Tomo aqui que vocês já conhecem o enredo em Orgulho e Preconceito (OeP). Para que certos acontecimentos tenham maior valor, a história exige uma carga de referências sobre o original; porém, em nada impede o entendimento geral. Na maior parte essas referências funcionam como um guia.

Bom, de volta à residência da família Bennet, dessa vez passeamos por cômodos que Jane Austen pouco se deteve. É na cozinha, no sótão, nos estábulos e no terreno da família que vemos Sarah e Polly, duas órfãs, trabalhando duramente ao lado do mordomo sr. Hill, e sua esposa sra. Hill, a cozinheira/governanta.

A partir de um narrador na terceira pessoa, semelhante à Austen, conhecemos os cansativos serviços diários e as perspectivas de vida desse pequeno grupo, mais precisamente as de Sarah, jovem criada. Ela é uma moça que guarda opiniões, que não se contenta com o emprego, sofre de desgaste e tem sonhos de uma vida melhor. Duas novas mãos serviçais eram do que a casa precisava.

A chegada de James Smith, o novo lacaio, em nada muito substancial muda a rotina. Ele era uma presença, claro, diminuía o trabalho duro das criadas, veio muito bem a calhar, mas aos olhos desconfiados de Sarah, ele não passava disso. Os outros serviçais, por outro lado, eram bem agradecidos e acomodados em seus postos. Polly é uma menina doce e inocente, sr. Hill é um velho bondoso e trabalhador, e sra. Hill é a mãezona que comanda as coisas.

Logo a casa começa se movimentar, pois Bingley é o novo vizinho. Acho que é inevitável por essas horas ter o filme de 1995 ou 2005 (para quem assistiu) passando sob nossas vistas. É enquanto rola o início do romance da srta. Jane com Bingley que Sarah conhece o lacaio Ptolemy (que prefere ser chamado de Tol), um homem vivido e com um status melhor por trabalhar para uma família importante. Isso dá alguma esperança de mudança real de vida a Sarah. Só que uma mudança dessas já havia acontecido sem ela notar.

>"Sarah não podia imaginar que, ao secar as xícaras que ela lavara, ele pretendia chamar a atenção dela de alguma maneira. As unhas dele, ela notou, pareciam luas pálidas e chamou-lhe a atenção o movimento de seus músculos no antebraço enquanto ele passava o pano no interior das xícaras , mas ele permanecia tão silencioso como uma pedra. Depois ela se lembrou [...] de Tol [...] e de como ele a notava, de como ele lhe dirigia todas aquelas atenções [...]. James trabalhava com deliberada lentidão, enxugando cada xícara e copo até rangerem, mantendo-se perto dela, apreciando sua expressão de enfado, seu silêncio obstinado. Aquela pertinácia, aquela carranca o encantavam de uma forma que ele não entendia claramente. [...] Ela era mais dura do que ele imaginava. Não queria nada dele. Ela o afastava de si como uma mosca. Ele se deliciava com isso."<

Conforme a história original foi progredindo, que os dias se faziam de esforços, reconheci um orgulho e preconceito que não poderia imaginar. É incrível como as coisas acontecem debaixo do nosso nariz. Nesse sentido, Jo seguiu a linha do romantismo e realismo de Austen, marcando a narrativa não com frases de efeito, mas cenas, muitas cenas detalhadas e longas (como o trecho anterior), para mostrar o ponto a ponto de como as coisas se davam, como as personagens se comportavam e o que realmente tinham em seus pensamentos. Isso dá uma graça maior às conveniências --e nos faz colecionar um monte delas--.

>O pacote. O que tem dentro dele?
Rosetas de sapatos, ela respondeu.
Rosetas de sapatos?
Rosetas de sapatos. Rosetas para sapatos.
Não entendi. Ela se impacientou.
Os sapatos de baile têm rosetas, que são presas neles.
Para que se faz isso?
Para que fiquem bonitos.
Ele ergueu os olhos para o céu.
O que foi?
Nada. É que, se a encarregarem de novo para uma incumbência tola como essa, debaixo de uma chuva tola como essa, ele disse, me procure, me ache, que eu irei no seu lugar.
Ela pôs as mãos aos quadris, os olhos chispando.
E por que você deve determinar o que eu posso e não posso fazer? Ele ergueu as palmas das mãos. Eu não quis...
E se eu quiser ir? E se para mim for um prazer ir? E se eu não quiser que você meta o bedelho onde não é chamado?<

O livro conta com três partes e um finis. Até a segunda parte as coisas se movem em função do mundo de Orgulho e Preconceito; é na terceira que vemos a real imaginação de Baker. A maneira como ela entrelaçou isso à trama de Austen me impressionou bastante, vide as entradas de capítulo, com trechos reais da obra (semelhante às epígrafes em Jane Austen: A Vampira, de Michael T. Ford).

Houve uns momentos em que a narrativa se arrastou, mas gosto de pensar que era por ansiedade de chegar em alguns finalmentes (rs). Jo foi malandra de me deixar com o coração na mão diversas vezes, me emocionou, me fez rir, torcer --shippar--, e me chocou a ponto de me questionar seriamente sobre alguns personagens e comportamentos. Para o que Austen nos deu com uma visão romântica, Baker nos traz uma visão realista e vice-versa.

De todas as adaptações que já vi sobre OeP, esta certamente me chacoalhou! Já vi diversos filmes, séries e livros e nenhum até então consigo equiparar. Jo basicamente estendeu o quadro de vivência de Longbourn, região da casa modesta dos Bennet. Digo isso entre aspas por todos sabermos que a família não era nada abastada, mas viviam confortavelmente, o que nesse livro, sob a vista dos criados, a gente entende de outro jeito.

>"Sarah fez apenas um leve gesto de assentimento com a cabeça, cerrou os lábios e voltou a atenção para a mesa, oferecendo o prato de presunto frio: tudo seria esclarecido no devido tempo, não lhe cabia indagar. Nunca lhe cabia falar, a não ser quando lhe falavam primeiro. Era melhor ser surda como uma porta para tais conversas e parecer incapaz de formar uma opinião sobre elas."<

Acho que a capa ilustra bem isso (o trecho). Apesar de o livro abarcar várias histórias, é em Sarah em que se centra. Gostei bastante do título também: o original é Longbourn, e a edição daqui acrescentou as sombras, o que concorda em dar mais vida a esses personagens. Só não concordo talvez com uma coisa (rs): na contracapa, há uma informação que diz que Orgulho e Preconceito é só metade da história. Arrisco afirmar que não é NEM metade e que foram uns bons 200 anos de espera que valeram a pena. Assim como guardei Lizzie e Darcy no coração, guardarei Sarah e James. E Polly, sr. Hill e sra. Hill!

Recomendo àqueles que já leram (ou conhecem a história) OeP alguma vez, independente de terem gostado. Ou mesmo se gostam da série Downtown Abbey! Vocês PRECISAM ver o que Jane não pôde, àquela época, nos contar, e não falo só pelos criados, mas também um imaginário sobre as Bennet casadas. Sugiro, no entanto, que mantenham um aplicativo de dicionário perto (rs). No começo tem umas palavrinhas que podem parar sua leitura, mas com o tempo vocês levam na boa.

Acho que nem preciso dizer que AMEI, né?

E já quero saber de outros trabalhos da escritora.

site: http://www.dear-book.net/2014/04/resenha-as-sombras-de-longbourn-jo-baker.html
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Psychobooks 21/07/2014

Não sei vocês, mas eu ADORO releituras! Já li algumas muito boas e outras nem tanto, e essa me animou em particular por não ser releitura de conto de fada, mas sim de um romance que é queridinho: Orgulho e Preconceito. Aqui, acompanhamos os empregados dos Bennet e temos vislumbres dos membros da família e de sua rotina.

- Enredo e Desenvolvimento do enredo

A história de As Sombras de Longbourn abarca todo o período de Orgulho e Preconceito e vai um pouco além. No início da narrativa conhecemos a governanta, sra. Hill, seu marido, sr. Hill, e Sarah e Polly, que são como filhas adotivas do casal, e suas tarefas diárias a serviço da família Bennet. Apesar de acompanharmos o ponto de vista de todos eles, ele se detém mais sobre Sarah, que sempre sonhou em sair de Longbourn e conhecer o mundo, principalmente Londres. A chegada de um novo lacaio, James Smith, reacende esse desejo, e Sarah passa a pensar mais seriamente em como conseguirá realizar seu sonho.

- Narrativa

A narrativa é feita em terceira pessoa e, como disse acima, o ponto de vista se detém mais sobre Sarah. Por meio das ações e dos pensamentos dos personagens vamos conhecendo sua relação com os Bennet, com o trabalho e com os empregados de outras famílias próximas aos Bennet. O ritmo de leitura é variável, pois há tanto capítulos mais curtos quanto mais longos, mas no geral a escrita é muito boa e a leitura flui bem tive problemas apenas em um capítulo mais para o final, o mais longo e cansativo do livro.

- Personagens

A Sra. Hill, a governanta, é responsável por cuidar da casa em geral e sempre atende aos chamados da sra. Bennet. Dentre os empregados, ela é mais reservada e durona, mas conforme vamos conhecendo seu passado entendemos o porquê. Seu marido, sr. Hill, cuida das necessidades do sr. Bennet e, assim como sua mulher, também é discreto. Sarah e Polly, por serem jovens (Polly tem por volta de 12/13 anos, Sarah está mais perto dos 20), são mais comunicativas e cheias de sonhos, e não hesitam em manifestar suas opiniões quando os Bennet não estão por perto. James, o novo lacaio, é cativante e misterioso, e conhecemos sua história apenas mais para o fim do livro.

- Conclusão

Em geral, gostei do livro. Gosto muito de Orgulho e Preconceito e encontrar de novo a família Bennet, mesmo pela ótica de seus empregados, foi muito gostoso. Não é obrigatório lê-lo antes desse, mas eu recomendo, porque a gente consegue ir identificando os acontecimentos de acordo com o pouco que os empregados ficam sabendo. Tirei uma estrela porque achei que algumas informações ficaram meio jogadas, ainda mais para o final não posso contar porque é spoiler, mas achei muito estranho um segredo de um dos personagens ser revelado de passagem sem que nada no decorrer da narrativa apontasse para isso. Aliás, não pude contar muita coisa nessa resenha, pois esse é o tipo de livro que, quanto menos você souber, melhor será a experiência de leitura. ;)

"Ela se sentiu muito confusa. Tendo já percorrido um longo caminho no sentido de se indispor com ele, ela preparara-se para continuar nesse rumo até vir a detestá-lo de todo o coração."
Página 54


site: www.psychobooks.com.br
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Letícia 30/08/2021

A leitura me conquistou do início ao fim! Me apeguei muito à esses personagens ?invisíveis? na obra original.
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Raffafust 25/05/2014

Um de meus livros favoritos é Orgulho e Preconceito , a obra-prima de Jane Austen. Quando vi que a Companhia das Letras havia lançado o já falado livro " As sombras de Longbourn" me interessei em lê-lo. Para quem é fã da história de Austen sabe que Longbourn era o nome da cada onde vivia a família Bennet. Como mais famosa delas Elisabeth Bennet é a sortuda que vai conhecer e ter uma linda história de amor com Mr. Darcy! O romance que emociona gerações tem motivos de sobra para continuar encantando, é sempre atual falar da busca pelo amor verdadeiro.
No entanto considero o livro de Jo Baker uma fan fic, ela pega os personagens que aparecem em segundo plano da história de Austen, mais precisamente os empregados da casa e inventa histórias de como eles chegaram para trabalhar no local e de como se sentiam atendendo a família.
Sra. Hill é a governanta da casa, cuida para que tudo saia como o planejado e comanda como uma general tudo que as demais empregadas fazem. Estas são Polly e Sarah, duas órfãs que foram abrigadas para trabalhar na casa mas que tem sonhos maiores do que ficar limpando o urinol das meninas da família e costurando as roupas para que elas conheçam seus futuros maridos. As mãos delas chegam a doer, e em uma conversa uma delas fala que aposta que se elas soubessem como é complicado limpar a barra dos vestidos não sujariam tanto, soa atual, soa verdadeiro e essa é a graça do livro.
Enquanto vivem o mundo da família Bennet, sonham acordadas com o dia em que suas vidas sairão daquele local.
O que vai animar essa história é a chegada de um homem jovem, Smith vai ser o que faltava para Sarah se sentir viva um pouco. Fora do espaço da casa elas vão descobrir que a vida não é nada fácil, ainda mais para quem como elas não tem posse, mas que cada uma encontra a sua maneira a felicidade, e é isso que faz desse livro uma leitura agradável mas confesso que tem que ser muito fã da obra de Austen para gostar, acredito que quem nunca leu se sinta perdida.
Também achei muito longo, para uma história baseada na história de Austen, o livro poderia ter metade da história encurtada.
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Vanessa Vieira 06/06/2014

As Sombras de Longbourn_Jo Baker
O livro As Sombras de Longbourn, quinto romance da inglesa Jo Baker, nos narra os bastidores de Orgulho e Preconceito, aclamada obra de Jane Austen, sob o ponto de vista dos serviçais da família Bennett. Escrito de forma refinada e ao mesmo tempo, com um certo toque irônico, características essas que se assemelham bastante à Austen, a obra é um verdadeiro presente para os fãs de O&P, que podem revisitar sua história favorita de um ângulo diferente e não menos romântico.

Ainda nas primeiras horas do alvorecer, uma criada de mãos calejadas e rachadas se indaga como seria se as senhoritas da família Bennett lavassem suas próprias roupas e anáguas. Talvez elas tivessem mais cuidado ao passear pela lama e erguessem a barra de suas saias...

Sarah está com os Bennett desde que era uma criança e se tornara órfã. Sua condição social e sua jornada árdua de mais de dezoito horas de trabalho diárias não lhe permitem sonhar com muita coisa, apesar da jovem acalentar o desejo de conhecer o mundo. Quando um novo empregado chega na propriedade, uma perturbadora onda de questionamentos assola os seus pensamentos e lhe desperta antigas ambições. Sem que os pomposos moradores de Longbourn percebam, a presença do recém chegado lacaio acaba mexendo com lembranças distantes e rompendo o fino véu que separa empregados e patrões.

As Sombras de Longbourn se apropriou dos cenários, fatos e personagens de Orgulho e Preconceito para nos contar a história sob uma outra perspectiva. Nos livros de Jane Austen, o foco sempre foi a aristocracia e nesta obra de Jo Baker podemos acompanhar a vida e a rotina das pessoas mais simples e menos providas de seus romances, que sempre apareceram em seus enredos com o único objetivo de cumprir suas missões e nada mais. Como o próprio título sugere, eles surgiam como meras "sombras". Narrado em terceira pessoa, de forma um tanto elegante e com um embasamento histórico surpreendente, evidenciando o quanto a autora pesquisou e absorveu o tema, As Sombras de Longbourn nos traz uma trama rica, bem escrita e com um romance estupendo e arrebatador.

A história gira em torno de Sarah, a arrumadeira e lavadeira dos Bennett. Ela está com a família desde tenra idade, quando perdeu os pais e foi acolhida pela governanta da propriedade, Sra. Hill e seu esposo. Junto com eles, também vive Polly, uma garota órfã assim como Sarah. Ela, na verdade se chama Mary, mas como uma das filhas dos Bennett tem o mesmo nome, a criada acaba sendo chamada de Polly. Quando um novo lacaio chega para ajudá-los com as tarefas, James Smith, o andar de baixo se movimenta e antigas tensões vem à tona.

Percebe-se que Sarah nutre uma certa antipatia, uma espécie de preconceito contra James, e acredito que isso tenha sido feito de forma proposital, para fazer uma certa alusão ao dueto de Orgulho e Preconceito, Darcy e Elizabeth. A história dos dois não deixa nada a desejar para o casal de Jane Austen, ocorrendo de forma intensa e incrivelmente romântica. Também temos um segredo envolvendo a Sra. Hill, por sua vez, bem interessante e estratégico e conhecemos uma outra faceta do Sr. Bennett. Aqui ele se mostra bem duro e até mesmo inflexível com a esposa, postura essa pela qual podemos deduzir de onde vem a carência e as chantagens emocionais da Sra. Bennett. Ah, claro, não poderia deixar de falar de Wickham, que também dá o ar da graça no enredo, tentando seduzir e iludir criadas jovens e inocentes.

Em síntese, As Sombras de Longbourn é leitura obrigatória para os fãs de Orgulho e Preconceito. Além de termos o prazer de revisitar a obra de Jane Austen, somos agraciados com um romance incrivelmente lindo, assim como as costumeiras intrigas e emoções que regem sua trama. Vale ressaltar que os direitos do livro foram comprados e que em breve ele será adaptado para os cinemas. A capa é muito bonita e consegue nos transportar para o início do século XIX e a diagramação está ótima, com fonte em bom tamanho e revisão de qualidade. Recomendo, com certeza!

site: http://www.newsnessa.com/2014/06/resenha-as-sombras-de-longbourn-jo-baker.html
Luci Eclipsada 08/06/2014minha estante
Louca para ler desde que o vi na livraria!!!
Gostei da resenha Nessa!




mara sop 05/04/2015

Dando vida aos personagens invisiveis de Orgulho e Preconceito
Quem leu Orgulho e Preconceito, vê a historia através do ponto de vista dos ricos. cavalheiros que vivem das rendas de suas próprias terras e que se preocupam com sua herança, as ligações de seus amigos e dos pretendentes às suas filhas, pessoas que gozam do mais alto status social de uma época encantadora onde damas e cavalheiros dançam lindamente em bailes à luz de candelabros fantásticos.

E por isso, por todo esse brilho, toda essa magia que esse tempo, esse mundo, e esses personagens nos trazem, nunca sequer lembramos daquelas pessoas que estão ali mas não aparecem. Aquelas pessoas que abrem as portas, entregam as correspondências, fazem a comida para os jantares em família com diversos convidados e pelo menos 3 pratos diferentes a serem servidos. E é sob a ótica dessas pessoas invisíveis, que não deixam de fazer parte de uma família também residente na bela propriedade de Longbourn, que a história de Orgulho e Preconceito é contada.

Sra. Hill é a governanta e cozinheira da casa, é ela quem mantém a casa funcionando em todos os sentidos, o pilar tanto emocional como estrutural da casa, uma mulher que todos respeitam dentro de Longbourn. Ela é casada com o velho mordomo da casa, Sr. Hill, e criou as duas criadas da casa desde crianças, Sarah, uma moça de 20 anos cheia de sonhos de um dia poder conhecer o mundo, e Polly, um menina de 12, ingênua e ainda presa na infância. A pequena família dos criados dos Bennet aumenta quando chega James, o novo lacaio, o que faz todo o cotidiano de Longbourn mudar. E a trajetória desses personagens esquecidos é realmente dura, mas ao mesmo tempo fascinante!

Sabe aquele livro que te pega de jeito e você simplesmente não consegue largar? Cada cena, cada nuance dos tão conhecidos personagens de Jane Austen estão ali, nas ações e obrigações dos empregados, afinal, quem lava a barra dos vestidos da andarilha Lizzy, que busca as cartas em Meriton em dia de chuva para as moças, que prepara os jantares elaborados da Mrs. Bennet? Todas essas perguntas são respondidas nesse livro, que pode ser considerado (por mim) como a mais original e perfeita adaptação de Orgulho e Preconceito. Se você é fã do livro, não deixe de ler As Sombras de Longbourn!
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