Leandro Matos 11/08/2014O LIVRO DAS RELIGIÕES | VOLUME DESCREVE COM PROPRIEDADE AS ORIGENS E AS DENOMINAÇÕES DAS RELIGIÕESÉ difícil encontrar uma definição para religião. No sentido geral seria um conjunto de crenças e sistemas culturais que relacionam o humano e o espiritual. Levando ao sentido etimológico do termo, seria o ligar (o atar) do homem com Deus. Costumeiramente usado como sinônimo de fé, que por sua vez já acarreta uma outra denominação, o termo em si seria adequadamente empregado para definir a relação e a necessidade intrínseca do homem com o metafísico. Não há registro histórico, sociológico ou antropológico de qualquer civilização que não tenha flertado com alguma crença religiosa. Seja buscando entender o pós-morte, a idealização da alma e as atribuições divinas a fenômenos naturais, animais e objetos, crer e atribuir alguma verdade a algo é inerente ao ser humano.
Partindo dessa argumentação e visando acrescentar novos conhecimentos sobre um tema tão atraente, me dediquei à leitura de O Livro das Religiões. O volume é integrante de uma coleção intitulada As Grandes Ideias de Todos os Tempos, que ainda conta com outros títulos que também detalham outros temas, como a Filosofia, Política, Economia e Psicologia. O livro com acabamento de luxo é um compêndio das mais diversas e interessantes religiões que já existiram (e existem) na face da Terra. O livro traz uma coleção de ritos, lendas, curiosidades e conceitos das principais crenças religiosas já registradas. Das mais antigas, daquelas que se perderam durante o tempo, o livro é bastante preciso em apontar características e particularidades que servem de contentamento e ilustração para esse início até então desconhecido. Das modernas, tais como a Wicca e a Cientologia o livro é meticuloso em expor de forma concisa a essência dessas religiões.
AS RELIGIÕES PRIMITIVAS
Há um interessante destaque no livro para as crenças primitivas, religiões que foram os pilares para o desenvolvimento de algumas doutrinas que perduram até hoje. Essas crenças foram praticadas por vários povos durante a pré-história e durante séculos, tiveram como base central a natureza como força motriz dessa fé e quase sempre, atribuíam uma divindade para cada fenômeno natural observado. A ideia de agradar os deuses para ter sorte na caça, foi inspiração para o conceito de adoração de algumas das religiões modernas. O simbolismo também era algo presente nos ritos dessas primeiras crenças. Amuletos, ídolos e mascaras por exemplo, eram objetos comumente usados em rituais. Foram inúmeras as crenças primordiais que surgiram e extinguiram-se com o passar do tempo. Desde que o homem passou a ter consciência da sua existência como ser e da sua ambientação em um espaço (natureza) associado a ideia de finitude (morte), crer passou a ser algo natural.
Os waraos por exemplo, viveram na Venezuela de 6.000 anos atrás e acreditavam que tudo estava conectado. Os baigas admitiam que os seres humanos eram criações do deuses para proteger a Terra. Os chewongs pensavam que o propósito central da nossa existência seria viver em paz e harmonia e os ainos, que surgiram no Japão, consideravam que tudo que era visível possuía uma alma. Dessa certeza surgiu o termo animismo, conceito atribuído a convicção de que toda forma encontrada na natureza possui uma alma, de rochas a plantas.
AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES E SUAS RELIGIÕES
Já por volta de 3.000 a.C. vieram as crenças clássicas e milenares, que de forma generalizada são aquelas crenças e mitologias que atualmente são eficientemente exploradas em filmes, séries e livros infanto-juvenis. A escala de tempo que vai de 3.000 a.C a meados do século XIII d.C, é creditada como período mais ‘fértil’ desse contexto e entende-se que o foco dessas práticas era outro. A natureza passou a ser mera coadjuvante nesse novo ambiente dominado pelo politeísmo. Conceitos de hierarquia entre deuses (e homens) foram desenvolvidos, a vitória do bem sobre o mal, a semelhança dos deuses com os homens e o fim e o revival dessas mitologias também são conjecturas originais dessa época.
Há registros de clãs celtas que criaram um panteão de divindades para cada nova tribo originada. Os escandinavos em 1.600 a.C. desenvolviam o embrião da mitologia nórdica e no século VIII a.C. o poeta Hesíodo escrevia a Teogonia, que é considerada a genealogia dos deuses gregos. Nesse mesmo período surgiam no Japão, o Kojiki e o Nihon Shoki, dois livros que foram fundamentais para a criação da religião nacional do país, o xintoísmo.
Essas religiões cresceram em paralelo com grandes civilizações e povos que foram ricamente culturais e essas mesmas, foram bastante suscetíveis as ascensões e quedas desses povos e tiveram à sua forma, que se moldar diante desses novos cenários em que eram inseridas. Tal como a mitologia grega que fora integrada a mitologia romana.
AS MAIORES RELIGIÕES DA ATUALIDADE
Tomando como base as principais e maiores religiões da atualidade, boa parte do livro é dedicada a explanar a origem, o desenvolvimento e a sustentação dessas doutrinas. Para os adeptos do hinduísmo que outrora fora chamado de bramanismo, as pessoas possuem um espírito e que enquanto não for atingido a libertação final, é necessário morrer e renascer como um processo de aprendizado. O budismo que possui algumas semelhanças com o hinduísmo, difere do primeiro em alguns pontos, dentre eles a fundação da religião, que é atribuída a Siddhartha Gautama, príncipe do Nepal que virou professor espiritual e que posteriormente viria se tornar Buda, o desperto. O judaísmo se iniciou com a era dos patriarcas, onde Deus pediu a Abraão que abandonasse tudo e como recompensa Ele faria com Abraão um aliança, na qual prometia, proteção a seus descendentes enquanto eles permanecessem fiéis. O islamismo, inicia-se na revelação do Alcorão a Maomé, este tido como o último mensageiro de Deus. O livro sagrado dos muçulmanos não tem uma ordem narrativa ou cronológica. Qualquer ponto apresentará a vontade de Deus. E por fim o cristianismo afirma que Jesus é o início e o fim, que Deus é três e um ao mesmo tempo. E que a principal mensagem deixada através dos ensinamentos de Jesus foram a tolerância e o amor ao próximo.
Obviamente, esse é um breve resumo dos relatos e explanações contidos no livro para as religiões acima citadas, e de longe não poderiam ser interpretadas como preceitos isolados.
O Livro das Religiões foi uma leitura fabulosa e instrutiva. A proposta do livro não é levantar questionamentos ou grandes polêmicas para as religiões descritas, muito pelo contrário, o que se percebe no decorrer da leitura é que o livro apresenta e elucida de forma dinâmica e acessível pontos relevantes e cruciais para a compreensão de um tema tão delicado e tão difícil de classificar: a religião. Um livro necessário e importante diante de um tema tão vasto e diversificado, que cumpre seu papel em exemplificar e evidenciar que qualquer religião, crença, doutrina, seja ela qual for, está e sempre estará presente no caminhar do ser humano.
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