Laura Oliveira 10/08/2023Resenha - O deserto dos tártarosNa obra, o jovem tenente Giovanni Drogo é designado para servir no forte Bastiani ? um grande e velho posto oficial para a proteção de fronteiras.
No auge da juventude, Drogo não pretende passar muito tempo no forte. Porém, cresce em seu íntimo a espera pelo inimigo: sua grande oportunidade na vida, seu momento de glória em que toda a espera valerá a pena. Assim, sem que perceba, os anos se passam e a invasão estrangeira nunca acontece.
Mas agora já é tarde. Giovanni renunciou sua vida e juventude por algo que nunca aconteceu. O tempo escorreu por seus dedos enquanto ficava confinado em um serviço repetitivo e sem propósito. Não há mais tempo de voltar atrás, recuperar os anos perdidos e recomeçar do zero.
A obra traz inúmeras reflexões sobre a vida e o tempo, principalmente no fato de que desperdiçamos a vida cotidiana na expectativa de alguma coisa maior, mais grandiosa e que seria nossa por direito. Entretanto, o tempo continua passando, a juventude se vai e quando percebemos, a velhice já bateu à porta e não aproveitamos as chances que tivemos.
Recomendo o livro para todos que gostam de leituras reflexivas e incômodas. É uma narrativa dura e triste de uma história que poderia muito bem ser a de qualquer um de nós.
"No fundo teria bastado uma simples batalha, uma única batalha, mas de verdade, atacando em uniforme de gala e sendo capaz de sorrir ao precipitar-se em direção dos rostos herméticos dos inimigos. Uma batalha, e depois quem sabe teria ficado contente pelo resto da vida."