Lud 13/06/2014
Inesquecível!
Eu não vou começar essa resenha com mais uma frase "esse livro é fantástico" ou "todo mundo deveria lê-lo".
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Não, não vou repetir a fórmula que uso para indicar outros livros.
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Porque se você olhar aqui no Skoob, tem tipo umas dez resenhas sobre ele já dizendo mais ou menos isso e se os títulos "Um dos melhores que já li" e "Posso dar nota 1000?" não forem suficientes para te convencer, além da média alta de pontuação de 4.5 do primeiro livro e 4.7 para a continuação, então, não conseguirei te dobrar usando mais um arsenal de frases superlativas.
Então "o que diabos você pretende com essa resenha?" você poderia me perguntar. E eu diria: e eu lá sei? Minha única motivação é colocar de alguma maneira pra fora o turbilhão de emoções que senti.
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E se você se sentir convencida para senti-las também, ok. Do contrário, ok também porque o mundo é cheio de maravilhas e nem todo mundo está preparado para elas.
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A história se passa numa Cidade fictícia, chamada Esperança, que pelas características se assemelha com alguma do interior do Sul do Brasil. E eu sei que geograficamente há outros lugares para as autoras nacionais explorarem que não o famigerado eixo sul/sudeste, mas se você não criticou a enxurrada de textos que apareceram sobre Seattle nos EUA não me venha entortar o rosto para isto agora. E nem para o estilo americanizado do Colégio em que gira o enredo dos adolescentes deste livro.
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Faça um favor a si mesmo e ultrapasse suas barreiras para irmos falar sobre o que realmente interessa: os personagens.
Céus, vou te dizer, são muitos. E são lindos.
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Mas por onde eu começo? Primeiro, são na maioria adolescentes. Há uma garota chamada Lorena que em um primeiro momento mais parece uma cria de Darth Vader com Jack Torrance do "O Iluminado". É, aquele filme assustador que inacreditavelmente não deu um Oscar ao Jack Nicholson.
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Ela é impetuosa, imita uma rebelde sem causa e trata todo mundo pior que ... ah sério, não tenho uma referência ?cult? para definir isso com precisão.
Nas palavras do próprio protagonista da história:
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"Ela era louca, mas era a louca que fazia todo sentido".
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Pois é, demora um bocado para fazer sentido também, mas quando faz, você percebe que no lugar dela você seria muito pior. Ou já estaria debaixo da terra. Não sei ao certo.
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E aí, vamos falar do protagonista que indiscutivelmente é Klaus.
Discordo de quem diz que Lorena é a principal. Se existir um foco na narrativa, é sem dúvida o - cavaleiro dourado - que abre o primeiro capítulo de A Mais Bela Melodia e fecha com o último. E se isso não é suficiente para lhe convencer de que ele é "o cara" do primeiro livro, então, vamos a uma de suas falas que tirei:
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"Eu era um garoto cheio de primeiras vezes, mas vazio de finais para todas elas".
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Ah, pois é. Tenso não? Mas não se engane. Se Lorena era preenchida de escuridão tal como o protagonista de Star Wars, Klaus era a luz. Uma intensa, com um círculo em volta de amigos do caralho e que faria inveja a qualquer um. Adorado pela Cidade e ironicamente odiado por Lorena.
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Mas até ela, se curva a insistência do músico mais prodígio de Esperança.
Ah, então tem música nesse livro? Ok, você não leu o título né? Vou dar uma de Lorena aqui: esse livro é pura música, Porra! E tem uma playlist tão encantadoramente simples que duvido que você não vá suspirar relembrando de sua própria juventude a cada passagem que ouvir algo muito familiar sendo tocado por eles.
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Contudo eu sei, sei que você quer mesmo saber o que esperar do enredo. De início parece mais um Young/adult sobre adolescentes que são opostos. Aquele - morde assopra - sem fim, porque um é muito underground e o outro é muito certinho.
Certo? Errado. Essencialmente - A Mais Bela Melodia - é sobre personagens e seus erros. Acertos, tentativas e falhas.
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E a autora fez uma história filha da puta onde é quase impossível julgar os personagens pelas suas atitudes. Como assim? Já leu algo que tem um pouco de fatalidade no enredo aliado aos atos de coragem frente a cada um deles que faz aquela Cidade ser um lugar comum e ao mesmo tempo nada comum no universo? Em que você fica maravilhada com o tumulto de emoções que te gera cada linha? E quando é incrível que você consiga amar e odiar cada um dos protagonistas em exatas proporções?
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Porque, cara, se tem um livro em que os personagens erram feio é nesse livro. Mas todas as vezes que eu me pus em um patamar de julgá-los, parei e perguntei a mim mesma se eles já não eram o suficiente quebrados para tomarem uma decisão ruim tanto quanto tomaram. E o que vivi nem chega perto da poeira que assolou os sapatos deles para me colocar em igual posição.
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E foi aí que vi a genialidade da autora.
Ela brincou de Deus. E foi malditamente boa nisso.
Sabe o Klaus? O que parecia luz quase o livro todo? Tem uma espécie de epifania no seu último dia de aula que traduz o sentimento que estou tentando passar:
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"Era o último dia de escola, de professores chatos do ensino médio, de risos no ginásio, de gente sem noção tentando parecer Deus nos corredores. Também foi o último dia em que eu me achei invencível".
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Rah! Isso foi uma tentativa da autora te preparar para o "trem prestes a descarrilar" no final do livro. E preparou? Não.
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EU. FIQUEI. NO. CHÃO.
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Costumo dizer que gosto mais de livros que me deixam ?escancarada no asfalto?, caída ralada na areia, mas eu só me senti verdadeiramente assim em ?A Mais Bela Melodia?. Se você é como eu, que esquece a própria vida e passa a viver a dos personagens quando está lendo o livro, cuidado! Você vai invadir as páginas e querer pegar um deles (ou todos?) no colo.
Alerta de autora má. Fodidamente má. E impecável em colocar as consequências dos atos nos seus devidos lugares.
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E por fim, dizendo o mínimo porque não quero e não aceito liberar nenhum spoiler antes da hora, vou logo dizendo que o dono do meu coração é um personagem tão incrível que dificilmente alguém no mundo literário consegue superá-lo em maestria de caráter. No mundo real, então, nem ousaria procurar. Ele não existe. Ou eu estaria atrás nesse exato momento (e não aqui sentada escrevendo uma resenha besta) sobre alguém que:
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"nunca dizia não aos pedidos dos outros, por mais absurdos que fossem. Simplesmente ajudava a pular e depois ia atrás".
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Ok. Até que aqui falei do que mais gostei e do que achei incrível. Contudo se você quiser ousar lendo essa maravilha antológica, aviso logo que são muitas páginas do primeiro livro, que há uma espécie de ?prequel? antes do último livro chamado de ?Doze Anos Entre Notas?, mas que acho importante de lê antes de partir para o último ?A Mais Bela Melodia ? Acorde Final?.
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E por fim, se você já se aventurou e está indo para continuação, eu estarei a uma janela de Messenger ou whats para pegar na sua mão, ainda que a distância. E parafraseando meu personagem preferido, quando ele diz com propriedade:
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"Respire e tente de novo".
Você consegue, abre a próxima página, porque vale muito a pena. E é inesquecível.