Pedro Ivo 04/08/2011
Três retratos em tempos de guerra
Sarah Waters se especializou em escrever romances de temática lésbica e ambientação histórica. O que talvez a reduzisse a um nicho e limitasse a sua obra, não fosse ela tão brilhante e habilidosa.
Em Ronda Noturna, a autora abandona a ambientação vitoriana dos seus livros anteriores e coloca o seus personagens no período imediato do pós-guerra, numa Londres em reconstrução, em que se juntam os cacos de uma cidade e de todas as vidas depois do absurdo.
O quarteto de personagens centrais é extremamente bem construído. A estrutura narrativa - que começa em 1947, e depois apresenta dois arcos anteriores em 1944 e 1941 - não é gratuita; e pelo contrário, enriquece e estrutura os protagonistas.
É um romance vívido, de rica pesquisa histórica, mas extremamente humano e comovente. Vale a pena ser lido.