Lucas 17/02/2015
Que comecem os jogos!
Até que enfim o mercado de light novels no Brasil teve um investimento pesado. O lançamento de No Game No Life representa para mim o início de uma era, assim como o lançamento de No. 6 representará o início de outra. Eu realmente espero que a NewPOP não abandone as light novels tão cedo, independente da popularidade das mesmas. Vendem menos que mangás? Isso até no Japão. O que podemos fazer é nos esforçar ao máximo para atrair mais pessoas para esse tipo de conteúdo. Não é todo mundo que gosta de ler livros, mas light novels são bem diferentes. São mais rápidas de se ler, é um conteúdo mais leve e a escrita é bem simples,o que torna bem fácil de se tornar mais popular. O problema mesmo é que não adianta só o livro ser bom, a qualidade também tem de ser. Em termos gráficos, NGNL é lindo. O tamanho da novel é igual ao original japonês (para referência: http://www.ebay.com/itm/NEW-No-Game-No-Life-1-6-Novel-set-Japanese-Book-Japan-/191406521466?pt=LH_DefaultDomain_0&hash=item2c90b7bc7a) e a qualidade das páginas é inquestionável, principalmente as coloridas. Há duas orelhas e a capa é bem resistente. Há todo um cuidado estético ao longo das páginas da novel, principalmente em relação à "ocidentalização" das páginas e a manter as marcações presentes na novel original, que funcionam muito bem e não poluem o espaço em volta do texto. Nunca reclamei quanto ao aspecto visual da NewPOP, o que me "PROCUPA" é o texto. "DEUNTES", "MINA OBRA" e outros erros gritantes de digitação/revisão acabam piorando a qualidade do material. E, acreditem ou não, os leitores se importam com isso. Muitos até mesmo irão parar de colecionar caso esses erros se mantenham constantes. Então, sugiro que na próxima novel tenhamos uma melhoria nisso. Mas... eu mesmo não me incomodei muito com isso. Por quê? É um pouco mais pessoal, mas, eu sou um escritor e, quando comecei, passei por diversas críticas até poder ouvir de um amigo meu "cara, seu texto me emocionou". Eu acho que a NewPOP vai ser uma daquelas editoras que vão melhorar cada vez mais com o tempo. Eles já têm publicações em offset e títulos diferentes do que estamos acostumados, só falta mesmo uma boa periodicidade e cuidado na parte textual. Devo lembrar que quando a Sampa começou a publicar mangás, eles também não eram esse mar de rosas todo (e ainda não é, falta melhorar muita coisa). E vamos ser sinceros: a JBC já teve erros de revisão tão gritantes quanto esse. Sem falar que das quatro editoras (Panini, JBC, NewPOP, Sampa), a única que eu NUNCA vi defeito de gráfica foi a NewPOP. O único motivo de eu ter começado falando da edição nacional em si é pelo fato das pessoas estarem massacrando a ÚNICA editora que parece que tá querendo realmente investir em light novels. Não querendo tirar o mérito da JBC com Densha Otoko, mas sabemos que eles tão tem planos para outras Light Novels tão cedo e, como eles mesmo disseram, "só trouxemos as de Death Note porque Death Note vende bem, o mesmo vale para a de Samurai X". Ponto. Agora, eu entendo que pagar R$21,90 por um material com uma deficiência tão chata possa acabar sendo um peso no bolso de muitos, e eu concordo que é, MAS, é como eu disse. Vamos reclamar, mandar cada vez mais e mais mensagens (pela página do Facebook, pelo site oficial da NewPOP) para que eles possam começar a corrigir esses erros. Agora, EU não deixaria de comprar as novels. Por quê? Porque se não investirmos agora, não vai ter depois. É uma situação muito parecida com os shoujos e Aoharaido. Não estou dizendo para aceitarmos esse tipo de coisa, mas também para pensar que você tem um livro, de uma série de light novels, com pelo menos 300 páginas, duas orelhas, páginas coloridas e de uma série de UM BRASILEIRO em suas mãos que NENHUMA outra editora SEQUER mostrou interesse em trazer. Conselho: se você pode colecionar e tem interesse, colecione. Mas lembre-se de reclamar. Se tem interesse, mas não pode, tente conseguir com desconto (as pré-vendas costumam ter bastante desconto) ou simplesmente não colecione. É sua decisão. Eu não vou dropar, mas ficam os avisos e a minha opinião sobre isso. Só que eu já fiz uma tabela com próximos lançamentos que coleciono para saber se vai dar pra continuar, e vai. Então, acho que isso explica.
Falando da novel em si, acho válido fazer comparações com a animação. Resumindo: a novel é melhor. Não no sentindo de explicar melhor os jogos (aliás, na novel eu achei que ficou bem aberto, o que permite que o leitor imagine a cena/o jogo do jeito que ele quiser e talvez por isso que a animação ficou tão criativa e divertida), mas de ser mais direto. Em um volume você tem o equivalente a 4 episódios e a jornada é muito bem contada. Você é apresentado às regras da história e aos personagens de forma bem natural e divertida, os protagonistas são bem diferentes do que estamos acostumados mas o autor consegue nos fazer gostar deles e consegue colocá-los em situações inusitadas e bem épicas. As ilustrações são belíssimas e tem uma arte um pouco diferente do anime (para referência: https://fbcdn-sphotos-f-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xpf1/v/t1.0-9/10929905_766098600135609_2794694599756289671_n.jpg?oh=03c681ad0e0f2eeb24e0b092bda826d9&oe=554B2BD4&__gda__=1431904190_61f701b37a097e3bef539e9a2fbfaa14). Aliás, no final da novel tem uma visão do autor de como seria NGNL se fosse em estilo mangá com a arte dele. Para quem não sabe, há um mangá de NGNL também publicado pela NewPOP que possui atualmente um volume e está em hiato no Japão, este é desenhado pela esposa do autor da novel. Bem interessante, não é? Aliás, eu acho o mangá uma forma interessante de apresentar os novatos a No Game No Life e imagino que, se gostarem, possam acabar comprando a novel. A tradução ficou interessante, eles deixaram os termos importantes e ainda colocaram um glossário no final da novel para ajudar a entender melhor, sem falar das diversas notas de rodapé que foram usadas para explicar certos termos e referências (dei um sorriso de ponta a ponta quando vi que eles decidiram manter a referência a JoJo's Bizarre Adventure). Gostei da decisão de terem colocado a lacuna (no original: [ ]) como é pronunciado no anime: "kuuhaku". Ficou interessante poder ler "o kuuhaku nunca perde", assim como era no anime. Em Abril a Yen Press lançará a versão americana da novel e eu poderei comparar a tradução deles com a da NewPOP, mas por enquanto gostei bastante do que vi. Em relação à ocidentalização das páginas, o texto ficou muito bem organizado e gostoso de se ler (assim como tinha comentado sobre terem conseguido manter as marcações presentes na novel original), mostrando que ouve sim uma atenção especial para a novel. Em comparação a outro material do mesmo tipo e da mesma editora, Madoka Magicka: The Novel parece mais livro do que No Game No Life. Ou seja, sinto que, apesar dos erros de revisão, essa novel teve um toque de atenção de dedicação que me surpreendeu. A versão da capa nacional ficou boa apesar da faixa verde que parece poluir um pouco e não combina tanto. Para quem não sabe, esse subtítulo também está presente nas novels originais e é para representar o nome do volume, já que por aqui eles não serão numerados, assim como outros livros normalmente também não são. Um fã fez uma versão alternativa deste subtítulo e ficou bem interessante: http://i.imgur.com/Nqpttsj.png
De resto, a light novel é muito divertida e gostei do trabalho do NewPOP apesar dos deslizes certamente irritantes. Resenharei os próximos volumes conforme forem saindo e manterei atualizado os curiosos sobre a revisão. Espero melhoras.
site: smluca.wix.com/lucasmendes