Tatá 03/07/2022
"É tolo quem calcula o dia de amanhã ou da manhã seguinte, pois que o amanhã não há antes que se conclua o dia em curso"
Héracles retorna para a sua terra com mulheres escravizadas e uma delas, sua mais nova consorte: Iole. Dejanira percebe que há algo ali de diferente, que aquela mulher se destaca das outras e acaba descobrindo que não se trata de uma escravizada, mas da amante do herói. Há o mito que Héracles, num outro tempo, salvou Dejanira do centauro Nesso, com uma flechada. Antes de morrer, Nesso fala para Dejanira guardar seu sangue e quando fosse necessário, dar a Héracles para que o coração dele sempre fosse dela.
Dito isto, ficamos a imaginar: teria sido Dejanira ingênua o suficiente para acreditar num inimigo de Héracles? Como abre margem para interpretações, acredito que o sentido da frase "o amor é cego" se faz presente aqui. Quando se ama, no desespero, acredita-se em qualquer migalha que apareça, ainda que seja uma ilusão. Parece ter sido o caso de Dejanira, que manda de presente uma túnica com o sangue do centauro para Héracles, que ao vestir, será morto. Antes mesmo do fato acontecer, é como se a ficha de Dejanira caísse e ela suspeitasse que tivesse caído numa cilada. Acerta que caiu nessa cilada quando seu filho Hilo aparece, ofendendo-a pelo que fez. Dejanira é peculiar, pois é submissa, incapaz de questionar o marido pessoalmente pela a amante que surge. Demonstra fragilidade e vulnerabilidade. Quando toma uma atitude, que é preparar a túnica para dar ao Héracles, ela acaba matando-o e na sequência, ao não suportar a morte de Héracles e as humilhações de seu próprio filho, se mata.
Um clássico!