Erica 14/02/2016Favoritado!Livro que indico para todos e se você está querendo sair de sua zona de conforto, este livro é uma ótima escolha.
RESENHA:
Em 1791 numa viagem de navio rumo aos Estados Unidos, Lavínia perde os pais e Capitão Pyke, não tem outra escolha a não ser levá-la a sua fazenda Carvalhos Altos para ser sua escrava.
Na fazenda, Lavínia é deixada aos cuidados de Belle na casa da cozinha, onde vive com uma família de escravos responsável por cuidar da casa grande, e lá, a menina passa parte da infância aprendendo suas futuras tarefas do casarão.
A partir daí, criam-se laços de afeição tão fortes que Lavínia passará a ser parte da família. Entretanto, por ser branca, ela adquire certos privilégios que, aos poucos, distanciam-na de sua família até um ponto em que precisará escolher entre seu destino e seus laços.
NARRAÇÃO E ESTRUTURA:
A história é narrada por dois pontos de vista: o de Lavínia e o de Belle, ou seja, o ponto de vista de uma criança inocente e branca e o ponto de vista de uma escrava.
Os capítulos são do tipo “só mais um”, daqueles que lemos 100 páginas num piscar de olhos! Possuem uma linguagem simples e gostosa. São bem curtos. E o melhor, cada personagem têm uma escrita e uma forma de narrar própria, o tempo todo parece que realmente duas pessoas contam a história á sua maneira. Nos diálogos, os escravos possuem um sotaque apaixonante.
PERSONAGENS:
São muito bem estruturados e extremamente humanizados. Inesquecíveis! São fortes e carismáticos, cada um tendo sua personalidade e seu papel crucial para a história. O tempo todo, suas escolhas causam consequências que ora serão solucionadas ora não, e só a força e o carinho da família fará com que superem.
Estes personagens souberam sofrer e, acima de tudo, souberam cuidar uns dos outros e de quem necessitasse de ajuda independente da cor e, além de tudo isso, ainda souberam proporcionar bons momentos de felicidade e amor, apesar de todo o sofrimento passado. Que personagens!
Este livro me apresentou dois personagens que entraram para a minha lista de favoritos. Simplesmente me apaixonei!
Foi a primeira história que li sobre a época da escravidão. A autora mostrou muito bem a realidade dos negros desta época. Escravos eram mercadorias, objetos, não eram considerados pessoas, não tinham descanso, não podiam fazer suas próprias escolhas, eram desprovidos do direito, de serem felizes, não tinham direito a nada.
O livro mostra que família está muito além de sangue e o que vale é o amor e o carinho incondicional que transformam pessoas antes desconhecidas em família. Me fez pensar: quem realmente posso chamar de família? É um romance maravilhoso, emocionante e trágico, porém, em nenhum momento é uma história pesada.
O final do livro é perfeito e condizente com a história, a autora deixa algumas coisas no ar e, por isso, eu me peguei em vários momentos me perguntando sobre o bem estar de determinados personagens.
Enfim, em apenas 336 páginas, Grissom apresentou personagens incríveis, uma história emocionante com um desfecho inesquecível! Recomendo muitíssimo!
INSPIRADO EM FATOS REAIS
A fazenda retratada na história fica em Virgínia, nos EUA, intitulada no passado como Morro dos Negros.
Um homem conhecido do pai da autora, rastreou seus antepassados até sua origem e descobriu que eram Irlandeses. Entre os séculos XVIII e XIX, estes antepassados, uma família, vieram de navio aos EUA, porém, durante a viagem, os pais faleceram deixando órfãos três crianças: dois meninos e a menina caçula. O homem conseguiu descobrir o que acontecera com os meninos mas os registros sobre a menina não foram encontrados. E foi a partir destes fatos que Grissom criou esta incrível história!
Além disso, a autora se dedicou muito a pesquisas sobre a época, os escravos e inclusive entrevistou muitos afro-americanos cujos ancestrais eram escravos.
Tudo isso, para tornar a história o mais fiel possível a época.
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