Reno Martins 25/04/2014Alquimia limitada ao divã
O livro se propõe uma pequena enciclopédia com cinquenta verbetes. A edição é bem organizada, com boa diagramação, uma breve bibliografia e índices remissivos.
É certo que não há como exigir a expressão de tema tão amplo em apenas cinquenta verbetes. Sempre haverá discordância quanto à seleção de quais devem compor esse conjunto. Mas a seleção de palavras como "Hércules", "Unicórnio", "Velocino de Ouro", "Música" e "Jardim", que são acessórios dentro da literatura ou de sentido claramente lírico, em detrimento de outras centrais, como "Mercúrio", "Enxofre" e "Ouroboros", mostra um viés analítico moderno.
No conteúdo, há uma tendência a reforçar estereótipos e fazer abordagens superficiais. Os ensaios, quando mais profundos, sempre remetem à psicologia analítica junguiana, dispensando qualquer tentativa de compreender os processos por outras perspectivas.
É um livro para quem entende alquimia como um assunto subjetivo de consultório e, nesse aspecto, pode ser de algum interesse. Mas, mesmo assim, sua utilidade é limitada, dado o limitado desenvolvimento de vários de seus verbetes, mais bem abordados em outras fontes.