Bia Santana | Viciados em Leitura 08/08/2016
Muito bom (e fofo!)
Recebi esse livro de cortesia da nossa querida parceira F.P. Rozante e ele foi uma surpresa muito, muito boa. Sabe aquele livro que, apesar de todo o drama e de conhecermos personagens tão machucados e fragilizados, o livro não deixa de ser fofo? Então, Minhas para Proteger é assim. Ele tem assuntos delicados como abuso, suicídio e abandono, ele tem personagens sofridos e traumatizados, mas é tão gostoso que você logo devora as suas 209 páginas. Acha que não é possível? Eu vou explicar.
Nós vamos conhecer a Viviane, uma menina carregada de traumas, que sofreu um monte de coisas em sua adolescência. Ela foi abusada e ela foi julgada e abandonada pela família rica e esnobe quando mais precisava deles, pois acabou grávida desse abuso. Viviane então se viu sem ninguém, sem nada. Completamente perdida, acabou pensando e tomando diversas atitudes desesperadas. Chegou a pensar em aborto, chegou a pensar em se matar quando viu que não tinha condições de criar uma criança, chegou até a pensar, quando já tinha a doce Julia, em deixa-la em um abrigo.
Logo no começo do livro nós vemos Vivi conseguir um emprego em uma fazenda, a fazenda de Augusto Romão. Como ela teria que morar por lá, ela fica meio preocupada em não conseguir a vaga por conta da pequena Julia, mas ela consegue, e Julia por sua vez, se torna a Raio de Sol, apelido que ganhou dos demais funcionários da fazenda por ser um encanto de menina. Sério, gente, a Ju é a coisa mais deliciosa do mundo! Eu estava já com saudades de ler um livro com uma criança, porque eu adoro! E uma coisa muito fofa no livro, é que a Ju fala como qualquer criança, errado, e a Bia (sim, a autora é minha xará de apelido rs), escreveu desse jeitinho. Não tem como você não se derreter por essa garotinha rsrs.
"- A senhorita mentiu no currículo? Porque aqui diz que é solteira.
- Eu sou solteira. Mas eu... Eu... Eu tenho uma filha de três anos. Na verdade, quase quatro - apressei-me em responder.
Vi o choque em seu rosto. Ela abriu a boca para falar, mas nada saiu. Então, aproveitei e continuei:
- Dona Inês, eu preciso desse emprego. Eu sou plenamente capaz de lidar com as funções atribuídas, só preciso de uma chance. Só preciso que a senhora faça um teste, eu prometo que não irá se arrepender.
Odiava ter que implorar a cada novo dia da minha vida, mas eu não estava em condições de ser orgulhosa."
Quanto ao Romão, ele é um cara super gente boa, ele deixou a cidade pra ter sua fazenda e trabalhar com seus cavalos, pois é disso que ele gosta. Ele gosta da natureza, dos animais e é na sua fazenda que ele encontra a paz que precisa. Além de ser um cowboy lindo de morrer, dono de hipnotizantes olhos azuis. Sua tradicional família é um amor, tanto os pais quanto Juliana, sua irmã adolescente que o ajuda muito ao longo da história. O único problema é o seu irmão, um egoísta que apronta poucas e boas, mas que eu nem vou contar aqui porque já seria falar demais e ele me deu muita, muita raiva!
Há quatro anos, Romão vem tendo um sonho onde ele vê uma mulher e uma menininha em um balanço, até que uma sombra surge sobre elas e a mulher o olha desesperada, entregando a menina pedindo que ele a proteja. Pescou? Sacou já o lance? Aposto que sim.
Quando finalmente Romão volta pra sua fazenda, pois quando Vivi conseguiu o emprego ele estava viajando, então, assim que ele chega e dá de cara com elas, pronto, preciso nem falar rsrs. O homem fica tão vidrado com aquilo, com as duas e por finalmente entender aqueles sonhos, que ele se vê louco por Vivi e lógico, por Ju, até porque não tem como não ficar.
"- Mamãe, fitei com medo - Julia me confessou.
- Quando você ficou com medo? - a instiguei a me contar.
- Quando codei sozinha. Você num tavu aqui - falou, tristemente.
- Meu amor, se diz "acordei" e "estava" - disse, corrigindo-a.
Ela apenas me encarou, como se eu tivesse falando grego."
Só que nada é fácil, muito pelo contrário. Romão vai vendo aos poucos o quanto as duas são traumatizadas e nossa, gente, dá tanto aperto no coração, eu chorei várias vezes! Mas ele foi paciente, foi fofo demais e aos poucos.... bom... chega né, vão ler pra ver se e como as feridas das duas foram curadas.
Repito, não foi fácil, Vivi tinha muito medo de revelar o seu passado para as pessoas, além dela, Raio de Sol também tinha seus próprios traumas. E quando a gente pensa que está tudo ok, vem uma bomba e reabre as feridas e nisso você vai se angustiando, você vai sentindo uma vontade louca de entrar no livro e pegar a Ju no colo e nisso, vai consumindo o livro até acabar.
"- Ela ficava repetindo "mamãe, o neném, mamãe, o neném"... Era como se ela falasse "mamãe, não deixa o neném, não deixa". Me senti tão miserável, tão irresponsável... Mas, naquele momento, eu sabia que dona Lucia cuidaria dela, que ela não a abandonaria e a alimentaria, enquanto que eu não tinha nada para oferecer - terminei, sussurrando contra seu peito.
- Você tinha o amor. Você é a mãe dela, e isso é tudo que ela precisa de você. - Romão me puxou para encará-lo. - Está tudo bem, meu amor. Eu vou cuidar de vocês. Eu prometo."
Se você gosta de romance e de drama esse livro é pra você.
Agora, só tem dois pontos que me fizeram dar 4 estrelas no Skoob e não 5 (e 4 cupcakes aqui no blog). Primeiro que, apesar de particularmente gostar muito de ler o ponto de vista de outro personagem contando a mesma história, por ser uma perspectiva diferente, eu gosto de ler isso depooooois, em um outro livro. Ter isso no mesmo livro, pra mim, torna o livro repetitivo por estar vendo a mesma coisa duas vezes na mesma hora. Nesse livro, em cada capítulo tem os pontos de vista de Vivi e de Romão. Na maioria dos capítulos, a parte de Vivi começava com ela descrevendo a mesma coisa (resumidamente, claro) que acabávamos de ler, mais a continuidade. Daí isso acontecia novamente na hora do Romão. O víamos narrando aquela continuidade, pra depois seguir com os fatos. Acho que para um livro relativamente pequeno e com uma história tão boa que te faz ler de uma vez, sempre que isso acontecia era como trocar de marcha, dando aquela reduzida na velocidade, tornando a leitura lenta. O segundo ponto é o fato das folhas serem brancas. Acredito que isso seja uma coisa da editora, não sei, só sei que o papel amarelinho é sempre bem melhor.
Claro que esses são pontos pequenos comparados à belíssima e grandiosa história que eu gostei muito, mas eu tinha que deixar registrada na minha resenha. Minhas para Proteger é um livro lindo que deve ser lido por quem gosta do gênero.
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