Resenhas - A anatomia de uma dor

@aprendilendo_ 30/05/2021

Resenha de A anatomia de uma dor
Publicado pela primeira vez em 1961 e escrito no período mais difícil da vida de C.S Lewis, influente autor cristão do séc. XX,” A Anatomia de uma dor, luto em observação”, é considerado um dos livros mais melancólicos de seu escritor e retrata o período dos primeiros meses após a perda de sua esposa.

Em primeiro plano, a motivo de contextualização, C.S Lewis casou-se tardiamente, aos 58 anos. No entanto, infelizmente, 4 anos após o matrimônio, sua esposa, Joy Davidman, faleceu em face de um câncer incurável. Nesse sentido, em um formato de cartas, acompanhamos os conflitos internos do escritor enquanto reflete sobre suas dores e “castelos de cartas”. Em adição, há de se ressaltar toda a profundidade das ponderações, bem como a sinceridade de Lewis em expor, realmente, todos os pensamentos, desde as dúvidas quanto a bondade de Deus, até as saudades dos momentos com sua esposa. Como consequência, tem-se um livro extremamente cortante, o qual traz não apenas um novo lado do famoso autor de Nárnia, como, igualmente, propõe ao leitor temas desafiadores e pertinentes.

“A Anatomia de uma dor, luto em observação”, é um livro essencial para aqueles com o intuito conhecer mais sobre a personalidade de C.S Lewis, mas, principalmente, para os em busca de uma reflexão profunda sobre os conflitos advindos do luto na vida de um cristão.

Nota:9,4
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Claire Scorzi 01/02/2009

Um livro sincero. Nessa época em que o politicamente correto tem sua própria versão dentro da Igreja, ler as palavras de Lewis é libertador. Ele nunca põe sua crença em Deus em xeque, porém não usa as maquiagens "crentes" sobre como deve ser a dor. Um esforço, quem sabe, para reexaminarmos a atual postura ante o sofrimento do cristão, para voltarmos à franqueza de que os próprios Salmos dão testemunho.

Bianca D. Macário 23/08/2020

Eu não estaria tão surpresa com esse livro se não conhecesse outras obras do Lewis e o perfil do autor. Quem conhece o Lewis, sabe o quão firme ele é em seus pensamentos e emoções. Alguém que perdeu a mãe na infância, vivenciou de perto a segunda guerra mundial, já passou por muita coisa, e de certa forma, fica mais resistente a dor - isso é o que pensamos. Mas, ainda como ser humano, Lewis e qualquer outra pessoa também passou e passa por suas fases sensíveis, e tudo bem por isso.
Nesse livro, Lewis mostra a sua dor de perto, após perder sua esposa. Ele se questiona e questiona a Deus. Penso que, por mais que parecemos ser alguém forte e inabalável no dia a dia, há certas dores que nos tiram fora de si, ficamos irreconhecíveis. Esse livro mostra que tudo bem você sentir, e tudo bem você questionar a Deus também - para entender de fato o que está acontecendo naquele momento, entender a situação. O luto é uma fase que precisa ser vivida e é necessário passar por todas as estações.
Nunca perdi alguém próximo para dizer que vivi uma fase de luto, mas com esse livro, eu pude sentir um pouco da dor que ele passou naquele momento, e a dor de tantas pessoas que perdem pessoas próximas, pessoas amadas. É um aprendizado esse livro, e uma forma de lidar com pessoas que estão em luto também.
Indico a todos que perderam alguém que ama, e que viveu essa fase de dor.

Deixo um trecho do livro:
"Em A Anatomia de uma Dor encontra-se também a expressão de que, acima de nossa capacidade humana de compreensão, está o Deus que não podemos entender. Se pudéssemos entender todas as suas ações, ele não seria Deus. Apesar dessa realidade, esse Deus pode verdadeiramente consolar e dar esperança real que ultrapassa até mesmo a barreira da morte".

Rafael Reis 14/07/2014

Sincero e Sofrido
Mais perguntas do que respostas, mais sofrimento do que alívio, a vida como ela é, o mundo cruel.
Lewis prova sua humildade e sinceridade nessa obra, simplesmente por ter compartilhado suas anotações em meio ao luto. Sem censura descreveu sua agonia no momento da perda, rompeu os limites do clichê cristão e como Jó, questionou a Deus. Não consigo mensurar a coragem dele em divulgar suas dúvidas e pensamentos no tempo de tormenta. Pena terem sido mostradas poucas palavras, mas estas são de grande importância principalmente para o consolo e auxílio aos que vivem o luto.
A consciência da perda, a revolta com o Senhor, a dificuldade da superação e ainda em meio ao imensurável sofrimento permaneceu a Fé.

Arlione Rodrigues 19/09/2014

Simplesmente amei esse livro. Resolvi ler depois de uma fase muito difícil na minha vida, foi importante saber que o que estava vivendo não era pra sempre. Lewis fala da dor da perda e de como as fases do luto são importantes: viver cada uma delas, sabendo que no final chegaremos ao equilíbrio, aceitando que não podemos controlar tudo e que a vida continua. O que levei de bom desse livro? Entendi que cada fase do luto tem um tempo, algumas são mais demoradas que outras, mas que não podemos deixar de entender que todas as fases são passageiras.

Vivendo um dia de cada vez.

Inlectus 18/02/2010

Leitura profunda.
Um homem tentando entender o próprio sofrimento, talvez para encontrar o remédio que sare sua dor, um livro com uma viva reflexão. Leitura recomendavel.

Poliana Calazans 23/04/2012

Não estou de luto. Não perdi pessoas queridas. Não realmente. Mas talvez tenha perdido pessoas imaginárias e vez por outra tenho me deparado com a lamentável cena em que reconstruo os mesmos castelos de cartas idiotas. Enfim, como C.S. Lewis disse - em um misto de dor, raiva e desespero - "existem momentos, de maneira mais inesperada, em que algo dentro de mim tenta assegurar-me de que realmente não me importo tanto, não tanto assim, apesar de tudo. O amor não é tudo na vida de um homem." Entender que a dor é inevitável e necessária 'é o que há'... De certa forma, "tudo acabará bem".

Paloma Lopes 21/01/2021

CS Lewis, de forma profunda, relata um pouco dos sofrimentos físicos e emocionais enfrentados por ele após a morte de sua esposa. Seu casamento foi curto (ela já estava acometida de câncer quando se casaram) e intenso, e a perda de sua esposa o colocou em um estado de profunda dor. E, assim como muitos salmistas, apresenta, de forma ousada, seu lamento, seus questionamentos, o abalo sofrido por sua fé.

"Ninguém me disse que o luto se parecia tanto com o medo. Não estou com medo, mas a sensação é a mesma. A mesma agitação no estômago, a mesma inquietação no estômago, a mesma inquietação, o bocejo, a boca seca."

"Nesse meio tempo, onde está Deus? Esse é um dis sintomas mais inquietantes. Quando você está feliz, muito feliz, não faz ideia de vir a necessitar dele [...]. Se se lembrar e voltar a ele com gratidão e louvor, você será - ou assim parece - recebido de braços abertos. Mas, volte-se para Ele quando estiver em grande necessidade, quando toda outra forma de amparo for inútil, e o que você encontrará? Uma porta fechada na sua cara, ao som do ferrolho sendo passado duas vezes do lado de dentro. Depois disso, silêncio.
[...]
Não qur eu esteja (suponho) correndo o risco de deixar de acreditar em Deus. O perigo real é o de vir acreditar em coisas horríveis sobre Ele"

Caroline Dama 09/08/2022

Eu nunca perdi alguém próximo, então não poderia dizer com certeza sobre os sentimentos descritos pelo autor. Mas creio que qualquer um pode se identificar com os relatos.
Ele passa de um homem desesperado que duvida até mesmo da existência do próprio Deus, para alguém que encontrou refúgio no passar dos dias.

Você pode sentir a dor dele e ver o que ele estava pensando em cada momento. A leitura é muito interessante e me fez refletir não só sobre o luto, mas sobre a vida em si, como era de se esperar.

Servo 31/10/2009

Esse livro é a verdadeira prova na vida do escritor. Se antes C.S.Lewis deu um show no livro sobre sofrimento, aqui ele experimenta em sua vida o sofrimento em sua realidade mais crua. Entendido no seu devido contexto esse é sem duvia um dos livros mais ricos do autor.

Samara.Fernandes 08/01/2022

Guerra introspectiva
Ótimo livro sobre a guerra da alma de C.S.Lewis contra o luto, a depressão, e ,ao mesmo tempo tentando entender a origem do mal na vida dele.
Seria o mal permissão de Deus ou criação dEle.
Provar a dor e o sofrimento é bem diferente do que pensar nela como algo abstrato que apenas lemos nas Santas Escritutas.

Ibiata 14/06/2021

Breve resenha
A anatomia de uma dor- um luto em observação é o livro de C. S. Lewis que mais gera polêmica, principalmente entre os leitores cristãos, pois nesse livro Lewis faz muitos questionamentos sobre Deus, sua bondade e até mesmo o critica. O autor se revolta com Deus quando perde sua mulher e, para quem vive/viveu o luto recentemente se identifica com muitos dos sentimentos que ele descreve durante o livro.

Pavozzo 31/01/2021

Meditando sobre a dor do luto
Uma pequena, mas sincera obra na qual Lewis faz reflexões sobre o sofrimento e sobre a sua fé - agora abalada pela morte recente de sua esposa.

Embora possua sim um teor de "desabafo", o autor questiona algumas crenças comuns e faz algumas analogias interessantes para tentar compreender a sua situação.

Como o próprio autor diz, essa é a "anatomia de UMA dor" - levando em conta que outras pessoas passarão por esta experiência de maneira diferente. O importante aqui é ressaltar que, não obstante tratar-se da experiência de UMA pessoa, nós estamos todos, como seres humanos, sujeitos à mesma condição: a de revoltar-se contra o mundo (ou Deus) quando desgraças acontecem conosco.

Gustavo 19/07/2020

Uma cirurgia terrível
"A anatomia de uma dor é uma narrativa do teste e da maturação da fé, não simplesmente sua recuperação, e certamente não de sua perda" (Alister McGrath).

Lewis é propositalmente irreconhecível neste livro. Sem perder sua clareza marcante, lança-se ao escrutínio da dor da perda, por inúmeros caminhos.

O resultado é o que podemos considerar um roteiro para se compreender o luto. Sincero, sensível e terrivelmente confrontador. Impacta os pilares de uma fé puramente racional, confrontando-a com a realidade. Lewis encara a dor e angústia de frente, aos moldes dos salmistas bíblicos.

Comparado a "o problema do sofrimento", outra publicação de Lewis, o brilho desta obra se destaca. O choque da experiência de luto, expõe os limites da argumentação meramente filosófica do problema, como fora realizado no citado livro anterior.

Vemos aqui um homem suturando suas próprias feridas. Lamento e amargura decorrente de seu infortúnio, ao mesmo tempo em que uma Companhia e Esperança se deixam perceber. A porta que Lewis diz encontrar trancada a ferrolhos enquanto sofre, vai se revelando convite e celebração ao longo do texto.

O livro cativa por sua sensibilidade e beleza, assim como constrange pela sinceridade e coragem com que trata o tema. Deste modo acolhe ao mesmo passo em que inquieta seus leitores, especialmente os enlutados.

Susy 25/02/2020

Em A Anatomia de uma dor: um luto em observação, encontramos um C.S. Lewis amargo e bem distante do Lewis racional que conhecemos de seus ensaios. Sua esposa morreu e ele passava por um momento de dor e de autoconhecimento. Ele precisava se encontrar quando seu caráter e sua fé foram postos à prova.
A medida em que lemos os capítulos, vemos o luto mudando e Lewis aprendendo com a perda.
Um livro triste, amargo e que promove muita reflexão.