Sagas 5: Revolução

Sagas 5: Revolução Nikelen Witter
Felipe Castilho
A. Z. Cordenonsi




Resenhas - Sagas 5: Revolução


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Marcos Pinto 04/10/2014

Excelentes contos distópicos nacionais
Quem acompanha o blog sabe que eu sou fã assumido da série Sagas. Porém, o quinto livro conseguiu superar minhas expectativas que já eram altíssimas. Talvez por causa do tema que eu amo, mas também por causa da qualidade literária dos contos. Então, vamos conhecer um pouco mais da obra?

O primeiro conto, A Batalha das Garras Negras, escrito por André Cordenonsi, narra a história de Valeto e Thandor, filhos de senhores feudais e que estavam em uma missão de paz junto ao povo faolan, uma mistura de homens com lobos. Porém, algo sai muito errado e simples suspeitas podem matar.

Achei bem interessante a construção do conto, principalmente por misturar fantasia, revolução e traições. O enredo, apesar de curto por ser um conto, sofre reviravoltas e prende o leitor. Mesmo nessa pequena narrativa é possível perceber o grande talento de Cordenonsi.

À frente seguia Valeto, filho de Doriak, herdeiro do Conde, orgulhoso em sua armadura brilhante e suas flâmulas azuis douradas. Ele liderava dez dos seus homens até Faolans Tyr, a Terra dos Lobos, para uma conferência de paz (p. 14).

O segundo conto, Nas Nuvens, de Fábio Fernandes, o meu preferido de toda a obra, narra uma tentativa de revolução que acontece aqui. Em um cenário distópico, o nosso país não é mais o mesmo, ele agora se chama República Teocrática do Brasil e é controlado pelos religiosos. Porém, o subversivo tentará de tudo para que isso se finde.

Com um enredo inteligente e um protagonista real, Fábio constrói uma narrativa que conta com reviravoltas e também com crítica social. Afinal, atualmente, para o Brasil virar uma república teocrática não falta muito. Ele também possui uma escrita fluída, o que o deixa toda a narrativa com um ritmo alucinante.

A narrativa seguinte, Atrás das Muralhas, Atrás das Cortinas, de Felipe Castilho, também trata de um cenário distópico. O autor narra a vida de João, um faxineiro em uma sociedade autoritária e dividida por castas. Porém, contra todo autoritarismo, sempre existe uma revolução. E se João não tem forças para ir à liberdade, talvez ela possa ir a ele.

Aprendera isso num filme antigo que tinha visto, com o próprio pai, na TV. Cantar para evitar lavagem cerebral. Claro, era só um filme. Agora ele estava vivendo a realidade (p. 37).

Eu gosto de distopias e esse foi um dos motivos para eu gostar bastante desse conto. A narrativa também me ganhou por causa do protagonista: João é totalmente humano, cheio de falhas e medos. Esse conto não tem um ritmo alucinante, mas te prende por causa do protagonista bem construído.

O último conto, Não Confie em Ninguém Quando a Revolução Vier, narra sobre um espião chamado Charles. Em um país que está quase entrando em guerra civil e iniciando uma tentativa de levante, o protagonista vende seus serviços por dinheiro. Porém, será que é inteligente confiar em um espião?

Certamente essa narrativa fechou o livro com chave de ouro. Se o enredo é bom, o fim é surpreendente. Nikelen Witter demonstrou que sabe escrever um bom suspense e prender seus leitores.

No nível C aprendíamos a lubrificar engrenagens ao mesmo tempo em que aprendíamos o alfabeto. A atualizar todo o tipo de software de segurança das muralhas enquanto decorávamos a tabuada. Aprendíamos a obedecer qualquer um que estivesse acima de uma Casta C, sem questionar, e aprendíamos que nossa condição determinava o nosso grau de utilidade para uma sociedade (p. 56).

A qualidade literária do livro é muito alta, mas a parte física não fica atrás. Com uma capa bonita, uma diagramação confortável e uma excelente revisão, o livro não deixa a desejar em nenhum aspecto. A Argonautas confirma mais uma vez seu carinho com suas publicações.

Eu indico, sem sombra de dúvidas, toda a série aos leitores do blog. Tenho certeza que vocês vão adorar!

site: http://desbravadoresdelivros.blogspot.com.br/2014/09/sagas-revolucao.html
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