Maria - Blog Pétalas de Liberdade 03/08/2016Livro de fantasia nacional que vale a pena ler!
"Graham - O Continente Lemúria" foi minha escolha para a quarta semana da Maratona Literária de Inverno (MLI2016) cujo tema era diversidade. Inicialmente, eu achava que não teria livros para essa semana, até que li a sinopse de "Graham - O Continente Lemúria" e vi que ele se encaixava na temática, pois o protagonista era homossexual, fato do qual eu já havia me esquecido desde que recebi o livro da editora. Na verdade, o que me fez querer lê-lo, foi por ser um dos mais vendidos da Selo Jovem. Depois da leitura, acho que entendi o motivo de ele estar na lista de best-sellers: o livro é bom demais!
Peter Graham é um caçador de vampiros, mas nem sempre foi. Alguns anos antes, ele era um rapaz normal: vivia com os pais, um irmão mais velho e uma irmã caçula, estava terminando a faculdade, procurando um estágio e tinha uma melhor amiga, através dela ele conheceu um rapaz por quem se apaixonou. A família de Peter não sabia que ele era gay, e Peter mantinha seu relacionamento em segredo, até que toda a sua vida virou de cabeça para baixo por causa dos vampiros, seres que a população em geral não imaginava que realmente existissem.
Depois disso, Peter se tornou um cara solitário, vivia numa casa isolada e tinha um único propósito: matar vampiros, os malditos sugadores de sangue que destruíram sua vida. Ele tinha armas e estratégias de ataque bem definidas, seu alvo principal era o líder de um grupo poderoso denominado Família. Mas esse líder tinha outros planos para o caçador: em troca de algo que Peter queria muito recuperar, o rapaz deveria matar um lobisomem.
"- Bem, como eu ia dizendo... - continuou, voltando para perto do caixão onde estava antes. - Eu preciso de um favor. Não sei se vocês sabem, mas a mordida de um lobisomem pode ser tão fatal para um vampiro quanto uma estaca no coração.
O quê? Lobisomens? Vampiros já não são o suficiente?
- Por que essas caras de surpresa? - interrompeu-se William. Ah, claro. Os lobos se escondem muito melhor do que nós. Mas é óbvio, vivem como selvagens no meio do mato, assim não chamam atenção mesmo." (páginas 104 e 105)
Peter se surpreendeu ao descobrir que lobisomens também eram reais, mas sem ter outra opção para recuperar o que queria, iria em busca de cumprir a tarefa dada pelo vampiro. O problema é que os lobisomens, aparentemente, eram criaturas muito diferentes dos cruéis vampiros, e talvez o coração machucado de Peter voltasse a bater justamente por alguém que ele deveria matar. Haveria uma forma do caçador destruir o chefe dos vampiros sem ter que matar o lobisomem? Talvez houvesse, e ela poderia estar onde ele menos imaginaria, aí entra o Continente Lemúria!
"Ele não era como um vampiro - apenas um corpo morto possuído por um demônio. Ele era quente e seus olhos azuis exibiam um brilho, possuíam uma alma." (página 123)
"Graham - O Continente Lemúria" já me agradou desde as primeiras páginas, pela boa escrita do autor: fluida mas sem ser pobre, passa a impressão de que ele realmente se preocupou em escolher as palavras certas. É o primeiro livro publicado pelo A. Wood/Vinícius, mas ele já tem uma escrita muito madura.
A forma como a história foi contada também foi uma boa escolha: voltamos no tempo e vamos acompanhando a vida do Peter antes de ser um caçador, enquanto, paralelamente, vemos a sua vida atual se desenrolando; principalmente por haver uma diferença entre o tipo de letra que narra o presente e o passado, não há o risco de gerar confusão. E essa intercalação faz com que torçamos pelo personagem tanto no passado (por seu relacionamento amoroso e para que seja aceito pela família) quanto no presente (na luta contra seus inimigos), e que queiramos saber o que realmente aconteceu para que ele se tornasse um caçador.
É um livro único, e por isso, bem intenso, com uma história que vai tomando rumos cada vez mais inesperados; acontece muita coisa até que o Continente Lemúria entre em cena. A trama tem um ritmo bom e não fica corrida, mas é como se vivenciássemos tanta coisa que, chegando ao final, ficássemos até meio sem saber se algo poderia ser diferente ou melhorado, sabe aquela história de "não consigo dizer nada, só sentir"? Foi mais ou menos assim que fiquei ao finalizar a leitura. Eu não leio muitos livros com vampiros e lobisomens, mas creio que o autor tenha optado por trazê-los com características num estilo mais clássico (vampiros malvados, sedentos por sangue e que não podem se expor ao sol; lobisomens com um lado mais animal), o que ficou bem interessante.
Sobre a homossexualidade do protagonista: ao ler o livro, é possível perceber e compreender que o amor é sempre amor, não importa se entre dois homens, duas mulheres ou um casal hétero. No caso do romance vivido por Peter, creio que, em grande parte, graças a boa construção dos personagens, foi possível ver um romance normal, daqueles em que nos emocionamos e torcemos pelo casal.
Sobre a edição: eu gosto da capa, da escolha das letras e cores, a cena representada tem a ver com a trama. As páginas são grossas e amareladas. Há poucos erros de revisão e a diagramação tem margens, espaçamento e fonte de bom tamanho.
Acho que por mais que eu fale sobre o livro, ainda vai ficar algo que eu gostaria de comentar, por isso, fica aqui a minha recomendação: leiam "Graham - O Continente Lemúria"! A história é interessante e deixa o leitor curioso para saber o que acontecerá em seguida, os personagens são bem construídos e tem senso de humor, a escrita do autor é boa, a mistura entre fantasia e realidade foi bem feita. É um ótimo livro de fantasia nacional!
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