Histórias Fantásticas

Histórias Fantásticas Adolfo Bioy Casares




Resenhas - Histórias Fantásticas


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Luiz Pereira Júnior 04/02/2022

Quando o conto é uma espécie de romance condensado...
Um dos primeiros “dogmas” que aprendemos nas aulas de literatura no Ensino Médio é que o romance é o gênero em prosa por excelência, sendo sempre mais difícil, mais complexo, com muitos personagens, podendo se passar em vários locais e várias épocas (até mesmo tudo ao mesmo tempo), podendo ter ainda intrincadas experimentações de linguagem e de misturas com outros gêneros. Enfim, o que couber em uma narrativa longa parece ser válido para ser classificado como romance (no sentido muito amplo do termo, diga-se de passagem, e simplificando bastante as explicações teóricas que costumam(costumavam) levar a debates enciclopédicos escritores de todas as épocas e de todas as literaturas - pelo menos as ocidentais).

Dessa forma, a novela, o conto e a crônica sempre parecem aquela velha metáfora dos primos pobres que aparecem em uma festa de pompa com seus trajes mais humildes. Mas isso pode ser (e muitas vezes realmente é) enganoso.

E eis que aparece uma coletânea como essa de Adolfo Bioy Casares. O fato de serem histórias curtas, enredos simples, poucos personagens, limitação de tempo e de espaço fazem com que esses textos possam ser classificados como contos. Mas não se engane, pois não são a leitura mais aprazível para uma tarde ensolarada em Porto de Galinhas (ou qualquer praia de sua preferência): enredos muitas vezes beirando a confusão, clima onírico, tramas intrincadas, referências a locais que apenas parecem fazer sentido a quem conhece Buenos Aires ou que possa criar alguma relação com a cidade onde nasceu (e, mesmo assim, olhe lá...).

Tudo isso tornou minha leitura lenta, com idas e vindas (e isso não é um demérito de forma alguma), com recapitulações de enredos e de personagens e, confesso, com algumas situações que me deram vontade de abandonar o livro e procurar algo mais, digamos assim, digerível (ou menos indigesto, ou simplesmente mais fácil, como preferir). E, no final das contas, tudo isso valeu a pena.

Mas, numa reviravolta digna de um romance de suspense, qual não foi minha surpresa ao descobrir, nesta edição da Editora Folha de São Paulo (não posso falar das demais edições), ao terminar de ler o livro (não tenho o costume de ler as páginas finais para descobrir como termina) e dar de cara com um apêndice com uma espécie de resumo esclarece os contos?

E fez-se a luz...

Para ajudar um pouco o leitor que deseja se aventurar nesse caminho (ou melhor, nesse monte de estradas bifurcadas que são os contos de Casares), eis um pouco do resumo apresentado:

1) Em memória de Paulina – um triângulo amoroso envolvendo dois jovens literatos ciumentos (o narrador e Júlio Montero e apaixonados por Paulina é problematizado por uma “sobreposição de lembranças anacrônicas” e termina tragicamente;

2) A trama celeste – o capitão Irineo Morris atravessa para uma dimensão paralela onde não teriam existido os galeses, nem Cartago desapareceu totalmente;

3) O perjúrio da neve – numa fazenda distante, um dinamarquês procura suprimir a passagem do tempo (e consegue fazê-lo por um ano e meio), isolando sua família após o diagnostico fatal da sua filha;

4) História prodigiosa – um editor-narrador aceita o convite de um amigo para conhecer seu primo, um escritor ateu que prega a retomada do panteão dos deuses antigos, e sua discípula e amante, Olivia. O ateísmo real dele acaba por um encontro com o Dito-Cujo;

5) A serva alheia – Flora vive para servir seu marido Rudolf e provoca a paixão do poeta Urbina. Rudolf está numa condição bizarra: foi transformado em uma múmia cruel de “meio palmo de altura”;

6) Moscas e aranhas – Em uma pensão familiar, administrada por um casal feliz, Raúl e Andrea, aparece uma nova hóspede e sua cachorrinha. Apaixonada por Raúl, a hóspede projeta sonhos e pensamentos nos cérebros alheios, levando à tragédia os protagonistas;

7) O lado da sombra – o narrador reencontra um velho amigo, Veblen, que lhe conta uma fantástica história de amor com Leda. Veblen, que havia abandonado Leda em um hotel prestes a se incendiar, julga-a morta e vai para a África, onde, entregue ao álcool e à loucura, crê que reencontrou a gata de Lavínia;

8) Um leão no bosque de Palermo – um leão foge de um zoológico, o que faz com que burgueses e empregados fiquem presos em um clube, enquanto aguardam a captura do animal, que acaba devorando um deles;

9) O calamar opta por sua tinta – um extraterrestre aparece num pequeno povoado argentino e é recolhido num galpão pelo dono do hotel da cidade, que precisa regá-lo o tempo inteiro para que ele sobreviva. Embora tenha um plano para salavar a humanidade da destruição atômica, o conto toma um final surpreendente;

10) Os entusiasmos – um inventor tenta fazer uma espécie de máquina de comunicação com os mortos, conseguindo seu intento de forma bastante original;

11) O grande serafim – em uma pousada litorânea, um grupo de pensionistas e moradores assistem aos sinais do fim do mundo, mas se apega a seus pequenos dramas do dia a dia, fingindo não ver o que está bem diante de seus olhos (e de seus narizes);

12) Os milagres não se recuperam – o narrador conversa com um amigo enquanto esperam um trem. O amigo relembra uma conhecida de ambos, que morreu tempos atrás, mas que ele conseguiu ver em um aeroporto depois de morta;

13) O atalho – em minha opinião, o melhor conto do livro. Dois caixeiros-viajantes partem em uma viagem de trabalho, mas acabam tomando um atalho e são presos por militares que os acusam de fazer parte de uma conspiração. Totalmente kafkiano e, portanto, assustador por ser tão verossímil (não, eles não se transformam num gigantesco inseto);

14) A passageira de primeira classe – o conto mais curto do livro. Uma esnobe e lúcida senhora viajando na primeira classe falando a um cônsul argentino sobre as desvantagens dos passageiros da primeira classe em relação aos da segunda. Uma ótima crítica social.

Vale a pena? Pelo resumo dos contos, acredito que já tenha aguçado um pouco a sua curiosidade...
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Diego Vertu @outro_livro_lido 03/06/2021

Realidade com toques de fantasia
O livro reúne 14 relatos onde o mundo convencial se depara com elementos do fantástico. O autor aborda o sobrenatural, mundo paralelo, vida eterna, ilusões, mundo espelhado, extraterrestre entre outros elementos.
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O livro explora várias partes da Argentina: Capital, Patagônia e região Norte é uma viagem bem legal ao país. O autor faz alusões a várias histórias mitologicas dentro de seus contos, usa uma linguagem não muito direta que demora para engrenar a leitura do conto. O livro deu mais vontade ler "A Invensão de Morel" romance do autor.
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Biblioteca Álvaro Guerra 10/05/2018

Nesse livro de Adolfo Bioy, as histórias fogem da rotina e entram em um mundo surreal, porém plausível, onde lendas, alienígenas e tecnologia se encontram.

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788575035511
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Cheruti 01/04/2013

Adolfo Bioy Casares
Um livro para ativar e ventilar a imaginação. Para sair da mesmice, para fugir da rotina, para ultrassar a mente logica. O primeiro conto é fantastico. Os outros também. Casares é 10.
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