Resenhas - Questões Fundamentais de Hermenêutica

Alisson 26/09/2019

tedioso
De acordo com o livro desse cara aí, existem diversos fatores que influenciam diretamente para haver uma compreensão apropriada de um autor qualquer do passado, seja ele da filosofia, teologia, etc.

É necessário primeiramente analisar o autor dentro de seu contexto histórico, político, cultural, espiritual, sua limitação da linguagem (quais as limitações de sua língua nativa ou quantos idiomas o autor possui fluência). De acordo com ele, é bastante comum o leitor tentar entender o autor a partir do espaço-tempo em que está inserido, mas isso não se adequa ao como é possível entender o autor no que ele exatamente quis propor, sem retirar ou adicionar qualquer ideia que ele quis demonstrar - isso seria entender o autor melhor do que ele mesmo se entendia.

Coreth sugere que somente analisando todo o contexto que o autor vive/viveu é possível compreender corretamente a proposta do autor sem correr o risco de manipular involuntariamente o que se deve compreender.

A constituição essencial concreta é, então, o primeiro elemento que constitui o mundo do homem, pois são essas qualidades ou capacidades biológicas e psicológicas que determinam as possibilidades de expressão do autor. Coreth também argumenta que a experiência que determinado autor teve antes de redigir o seu texto irá determinar a ideia que o autor está propondo. O autor que possui crenças religiosas ou crenças não religiosas, por exemplo, possuirá uma cosmovisão valorativa sobre aquilo que ele crê para poder formar sua visão de mundo e horizonte de compreensão dos significados últimos da existência humana.

São essas limitações do mundo de compreensão do autor que determinam com exatidão o que se deve extrair de seus textos, pinturas, esculturas, etc.

Mais adiante, Coreth sugere algo que ele chama de "círculo hermenêutico" ou "círculo da compreensão" - que não deve ser confundido com a circularidade epistêmica não objetiva dentro da necessidade de compreensão dos textos. Mas o chamado círculo hermenêutico é uma espécie de compreensão prévia dos enunciados. De acordo com Coreth, se fosse o caso de o círculo hermenêutico ser um círculo vicioso, não haveriam explicações suficientes para se compreender qualquer coisa que se está estudando (caindo no Trilema de Agripa).

Mas no círculo hermenêutico há uma interpretação do mundo previamente compreendido e é nessa "pré-compreensão" que se fundamenta o que se quer compreender; evitando-se pressupor aquilo que se quer demonstrar (petitio principi). De acordo com Coreth, o indivíduo só pode interpretar corretamente aquilo que já "pré-compreende". Portanto, toda estrutura do círculo hermenêutico se fundamenta nessa apreensão significativa prévia à compreensão a posteriori dos enunciados.


Procedimento esse que não fiz antes de estudar esse livro aí...