Lianderson 18/07/2015
Defendendo: Deus ou o cristianismo?
O livro "Deus não está morto" foi inspiração para um filme com o mesmo título, o qual foi um dos motivos por eu ter buscado ler o livro e me aprofundar mais na história. Porém, um ponto super importante para quem pretende ler o livro por causa do filme é: não há quase nenhuma ligação. Sim, as bases teóricas do livro são encontradas no filme (de maneira bem mais resumida), mas os personagens, o enredo, a história e a forma como ela foi desenvolvida no filme foi uma criação do diretor, uma vez que, o livro é mais um texto acadêmico do que uma narrativa, e esse ponto foi crucial durante a leitura, pois tornou-a um pouco cansativa e não muito fluida.
No geral, o livro é bem interessante. Eu até recomendo para aqueles que querem buscar conhecimento sobre os pontos de vista dos céticos e dos crédulos, mesmo que você não curta muito a ideia, que não se sinta a vontade em discutir coisas relacionadas à Religião, é importante não se privar do conhecimento.
Bem, o autor começa o livro fazendo jus ao título e mostrando evidências de que Deus existe e ele não está morto, como o filósofo Friedrich Nietzsche afirmou. Ele expõe os pontos de vista de ateus famosos, como Richard Dawkins, para contra-argumentar e tentar, no mínimo, fazer o leitor pensar sobre o que é realmente verdade ou não. A primeira parte do livro é basicamente voltada para essa tentativa de provar que Deus existe, ir de encontro a boa parte dos argumentos dos céticos e deixar claro que razão e fé podem andar juntas.
Em grande parte, os argumentos do autor são convincentes, faz o leitor crítico de fato refletir sobre. Contudo, há várias passagens que não passam de falácias e outras que mostram argumentos fortes dos ateus, mas não mostra uma resposta do autor para tais argumentos, uma vez que, o autor rebate, nega tais afirmações, dá vários exemplos que só tiram nossa atenção do ponto central e, no final, as ideias em questão não foram refutadas através de contra-argumentos relevantes e as perguntas não foram respondidas.
Do meio para o fim do livro, eu passei a não entender, de fato, qual era o objetivo principal do autor, se ele pretendia defender a existência de Deus ou a credibilidade do cristianismo, isso porque, ele passou a falar sobre Jesus Cristo, seus feitos, a prova de que ele era a forma humana de Deus na terra, o quanto o cristianismo tem crescido, etc etc. Na verdade, ele fala sobre cristianismo, no geral, mas Rice Broocks deixa bem claro que seu ponto é defender a parte protestante da cristandade.
Enquanto defende suas crenças e sua religião, o autor se contradiz e faz o que ele alega que os ateus costumam fazer: generalizar. Ele costuma apertar sempre na tecla de que os céticos tendem a pegar erros pontuais das religiões para criticar todos os religiosos, entre outras generalizações. Mas, o próprio Rice Broocks generaliza a partir do momento em que ele usa a palavra "ÚNICA" para falar sobre a verdade, salvação e redenção. Ele diz que os ensinamentos de Jesus Cristo são a única fonte de verdade, de certeza e de confiança, e diminui o valor das outras religiões existentes, como do Islamismo, do Budismo, e até mesmo do catolicismo. Na verdade, ele não só diminui o valor de tais religiões, como também se mostra meio intolerante em relação a elas, fazendo, mais uma vez, o uso da generalização, principalmente quando ele cita o ataque de 11 de setembro como um exemplo de que esses "religiosos" não tem uma fé verdadeira, mas uma fé cega.
Portanto, é um livro interessante de se ler, porque o leitor fica a par das discussões que circulam nos contextos acadêmicos entre teístas e não-teístas, porém, antes de iniciar a leitura, é importante estar ciente de que o autor toma uma abordagem bem cristã, que defende a existência de Deus mostrando que as teorias científicas são refutáveis, mas que foca bastante na divulgação da sua própria religião, tomando um posicionamento por vezes um tanto intolerante.