Ivy (De repente, no último livro) 11/06/2018
Resenha do blog "De repente no último livro..."
Terceira parte da saga Time Quintet, cuja primeira parte, Uma dobra no tempo, recebeu uma adaptação dos estúdios Disney, nesse novo volume teremos novamente Charles Wallace como o personagem de maior destaque.
Um planeta em seu giro veloz foi, até aqui, o meu livro favorito da pentalogia. Ainda faltam dois para terminar, mas em comparação aos dois livros anteriores se nota uma evolução grande na escrita de Madeleine L`Engle, em uma trama mais madura e também mais tocante, com personagens secundários cativantes e bem elaborados, movidos em um enredo que ao longo dos capítulos cria diversas pontas soltas que, ao final, se conectam de maneira harmoniosa, sem tornar tudo óbvio demais.
O tema de viagens no tempo já me fascina desde que comecei a ler. A grande maioria de livros que pude ler com essa premissa me encantaram, e quando vi a sinopse de Um planeta em seu giro veloz, já imaginava que esta história poderia me conquistar ainda mais do que os primeiros volumes.
Charles Wallace, aqui com 15 anos, se deparará com uma nova missão. Desta vez ele estará sem Meg ou Calvin ao seu lado na dura jornada, mas contará com Gaudior, um unicórnio que possuí a capacidade de viajar no tempo, para os diversos Quandos e Ondes possíveis. Charles recebe a missão de mudar alguns eventos, para isso irá adentrar dentro de outras figuras fundamentais, que desempanharão um papel importante no desenrolar dos fatos que Charles deve mudar para evitar uma guerra nuclear.
Dessa maneira Charles viaja rumo à um passado distante, quando dois irmãos tentavam ser reis em um Mundo Novo e deverá seguir a descendência destes irmãos, pois tudo o que ocorre em seu mundo estará conectado ao destino de vários destes descendentes.
Esse é um livro que, para mim, foi bem menos complexo do que foi Um vento à porta. Eu consegui entender perfeitamente o conceito que Madeleine aplicou à sua história, achei tudo mais simples e ao mesmo tempo mais místico do que o livro anterior. Aqui, a autora envolve o leitor com runas mágicas, segredos familiares e desencontros inevitáveis. É também um livro mais dramático do que os livros anteriores.
Enquanto nas primeiras edições não apenas Charles, como Meg e Calvin eram apenas crianças e portanto ainda carregavam a pureza singela da infância, nesta versão Meg e Calvin já são adultos, prestes a se tornar pais, e Charles, já está bem perto da maturidade também. Foi muito legal reencontrar a familia Murry e poder conhecer o destino que cada um deles trilhou ao longo dos anos.
Madeleine nos apresenta personagens mais completos neste terceiro volume. A ambientação do passado envolve o leitor e há momentos em que me senti transportada à história, através da narrativa gostosa da autora.
Os capítulos que retratam a época da Inquisição por exemplo foram os que mais me mantiveram em alerta, e ao meu ver, estão dotados de um realismo e de uma franqueza que, agora entendo, porque esta tetralogia é até hoje um clássico lido e adorado por muitos.
Eu amei os personagens secundários inseridos na trama. No começo alguns pontos me pareceram um pouco confusos porque a autora usa nomes similares para personagens diferentes, como por exemplo Zillah, Zille, etc... de maneira que, com relação aos personagens femininos da história, alguns deles me deixaram confusa por terem esses nomes tão parecidos, às vezes eu não sabia direito quem era quem realmente. Ainda assim, achei que todos os secundários do passado são simplesmente cativantes e os elos que a autora cria entre cada geração, os efeitos que cada decisão passa a ter no futuro dos demais, é tudo tão bem delineado que não pude deixar de admirar a genialidade com que a história foi escrita.
Um planeta em seu giro veloz é um livro cheio de mensagens. É uma história de fé, de vencer adversidades, de mudar o que está fadado ao fracasso, e também uma lição em olhar para dentro de si mesmo e entender que todos nós, cada um de nós, tem importância, e o que somos e fazemos sempre refletirá em alguém, seja no dia de hoje ou seja em um amanhã mais distante. Eu adoro essa mensagem contida na trama, pregoando que ninguém é insignificante, todos nós representamos uma parte desse universo infinito e cabe à nós tentar fazer o que há de melhor.
O meu conselho com relação à série no geral é: mesmo se você não gostou tanto de Um vento à porta, dê uma oportunidade à Um planeta em seu giro veloz, um livro que possuí uma narração diferente dos anteriores, que ensina o leitor não mais conceitos científicos, mas conceitos humanos, sobre histórias que se conectam para se tornar um grande todo. Um livro que, apesar de sua história mais simples, consegue comover, pois trata de temas mais duros, como a traição e a morte, e para mim se transformou em um divisor de águas com relação à esta série, pois foi a partir daqui que descobri o quanto me afeiçoei à Charles Wallace, Meg e à todos esses outros peculiares personagens.
site: http://www.derepentenoultimolivro.com/2018/05/review-203-um-planeta-em-seu-giro-veloz.html