Língua materna

Língua materna Marcos Bagno




Resenhas - Língua materna: letramento, variação & ensino


1 encontrados | exibindo 1 a 1


20/06/2016

Língua Materna
Bagno relata as contribuições da linguística para os estudos relacionados à linguagem e deixa evidente que até hoje o estudo privilegiado é o estudo normativo que intitula um jeito como certo e o diferente como errado (exclusão social), enquanto as novas propostas de ensino de língua ficam à margem. Segundo Bagno a língua é o resultado de inúmeras variantes, portanto deve ser vista em suas diferentes formas (heterogeneidade) e não como sistema pronto e acabado de maneira uniforme, como pregam as gramáticas normativas. Sendo assim, o papel da escola é de suma importância, pois cabe a esta o letramento dos discentes em suas variedades.
Stubbs traça uma cronologia história sobre o ensino de língua e a relação desta com o fracasso escolar e chega à conclusão que os responsáveis pela educação insistem em repetir o erro, de se limitar a ensinar, somente, o inglês padrão. O autor propõe aos docentes que ensinem a língua além da forma normativa que estigmatiza, portanto, a escola deve dialogar com o aluno e mostrar as possibilidades, deixando claro para os discentes a língua padrão, para que não sejam excluídos socialmente, uma vez que a língua se torna objeto de dominação.
Portanto, a obra mostra que o português brasileiro assim como as demais línguas deve ser vistas numa perspectiva de variação dialetal e que o conhecimento da norma culta não deve ser descartado, pois o conhecimento da norma culta dá subsídios para se expressar e escrever em determinadas situações, todavia a língua materna do falante não deve ser encarada como inferior, mas sim respeitada e valorizada ao invés de gerar hierarquia da língua como pronta e homogênea. Entender as possibilidades, variedades a heterogeneidade que sofrem influências de fatores históricos, sociais e interacionais para ver a língua com um olhar diferente e minimizar o preconceito linguístico que impõe determinada forma de falar negligenciando os contextos.
A obra em análise nos remete a obra A Língua de Eulália, na qual Bagno faz uma crítica ao ensino de Língua Portuguesa e deixa claro que não existe uma única forma de falar, como Irene coloca “não há uma língua homogênea, pronta; existe uma heterogeneidade devido a dinâmica da língua, bem como de suas variações; achar que a língua não sofre alterações é idealismo” que serve de exclusão social para classes menos privilegiadas, daí a importância de o professor explicar/mostrar todas as variações da língua e não se restringir somente a norma culta que não dá conta das necessidades das comunidades, pois nem mesmos os mais “cultos” falam de modo a obedecer todas as regras do português-padrão. A língua é a identidade da comunidade e querer impor um modo de falar é como utilizar uma “camisa de força” de certa forma aculturação, que visa privilegiar uma língua “idealizada/estática” para que esta não sofra alterações nos níveis sintático, morfológico e semântico.
Bagno mostra que os gramáticos tentam criar uma versão simplista da língua e desassociam dos contextos sociais e históricos, trabalhando geralmente por um invés sincrônico, o que dificulta a aprendizagem, se fosse trabalhada por um invés diacrônico, por exemplo, seria mais fácil compreender as irregularidades da língua, a origem latina das palavras e as modificações em decorrência das culturas.
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR