A festa da insignificância

A festa da insignificância Milan Kundera




Resenhas - A Festa da Insignificância


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Psychobooks 07/02/2015

Classificado com 3,5 estrelas

Conheci Milan Kundera através de Risíveis Amores, livro de contos que me foi indicado por uma colega de trabalho, e me apaixonei pela escrita do autor. Pouco tempo depois resolvi ler sua obra mais famosa, A Insustentável Leveza do Ser, que não me cativou tanto assim. Dei mais uma chance com A Festa da Insignificância e... cheguei à conclusão de que prefiro os contos mesmo.

Nesse livro não temos uma linha narrativa, mas sim acompanhamos algumas situações cotidianas da vida de 5 amigos que vivem na França - Alain, Ramon, D'Ardelo, Charles e Calibã. Milan Kundera aborda como ninguém essas situações aparentemente banais, mas que trazem consigo, escondidos, aspectos muito interessantes no que se refere às relações humanas, à falsidade, ao humor, tratando tudo de forma muito leve - e que, no entanto, deixa aquele gostinho amargo no fundo da garganta quando paramos para analisar e ver além da aparente insignificância dessas situações.

É esse aspecto da obra de Kundera que me atrai: a forma com que ele lida com questões existenciais com tranquilidade, à primeira vista. A escrita dele é uma delícia e incrivelmente fluida, e de repente, em certo ponto da leitura, começamos a ficar desconfortáveis, sem saber muito bem por quê. A partir daí a obra exige mais do leitor e o convida a mergulhar nesse desconforto para descobrir sua causa. Ao fecharmos o livro é impossível não perguntarmos "então, afinal, qual é o sentido de tudo que vivemos?".

Apesar de adorar o estilo de escrita do autor e os temas que ele aborda, o formato romance não me "pega" tanto quanto o de contos - o que é muito raro, pois não tenho por costume ler contos. Independentemente disso, seja qual for a forma de narrativa que você escolha, eu recomendo fortemente que conheça algo do autor - mesmo não gostando tanto assim dos romances, eu com certeza sairia perdendo se não tivesse os lido.

"Nós compreendemos há muito tempo que não era mais possível mudar este mundo, nem remodelá-lo, nem impedir sua infeliz trajetória para a frente. Havia uma única resistência possível: não levá-lo a sério."
Página 88

site: http://www.psychobooks.com.br/2014/10/resenha-a-festa-da-insignificancia.html
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Sally.Rosalin 31/01/2015

A insignificância como essência humana
Tenho Kundera gravado no corpo, literalmente. O conheci por uma frase solta que me levou a tatuá-la no corpo e a conhecer sua mais conhecida obra "A insustentável leveza do ser". Na obra, que relata o triângulo amoroso entre Tereza, Sabrina e Tomaz, percebi que o autor cita situações históricas que o afetaram diretamente. Logo, depois de várias resenhas lidas sobre as obras do autor, achei por bem ler uma biografia confiável antes de ler outro romance. Mas, após indicação (normalmente não acompanho lançamentos e costumo sempre ler livros após anos de publicação) me senti curiosa em ler uma obra escrita após mais de dez anos de silêncio.
Após ler várias resenhas (prática que tenho antes, durante e depois da leitura) percebi que seria interessante ler um pouco mais sobre o autor, pois se trata de um elo entre ele e o leitor. Levando em conta que o autor não dá entrevistas e que o material virtual é repetitivo sobre sua biografia, tenho pouco a citar sobre Milan. Foi expulso do Partido Comunista, tem ódio ao comunismo linha dura, está exilado na França desde 1975 e suas obras têm sempre algo relacionado com sua vida. Sobre as resenhas atuais da obra em questão, ainda é cedo para criar algo exclusivo, parecendo todas (inclusive a minha) a soma de alguma ou a resenha genérica de outra. Não há muito a se fazer. No silêncio do autor sobre sua intenção, não adivinhamos, apenas deduzimos a partir das nossas conclusões.
A obra é um romance filosófico que faz ponte entre Paris dos dias atuais e a União Soviética do passado. No início, o personagem Alain (possível alter ego do autor) passeia pelas ruas parisienses e reflete sobre os centros da sedução feminina na visão dos homens ou das épocas. No passado, esses centros foram a coxa (caminho), a bunda (o caminho mais curto em direção ao objetivo) e os seios (santificação da mulher), mas na geração atual o centro da sedução feminina é o umbigo. Questionando o motivo para tal, esse tema "umbigo" será tratado mais de uma vez na obra, tendo o questionamento respondido no final da obra:

O amor, outrora, era a festa do individual, do inimitável, a glória do que é único, do que não suporta qualquer repetição. Mas o umbigo não só não se revolta contra a repetição, é um apelo às repetições! Vamos viver, no nosso milênio, sob o signo do umbigo. Sob este signo, somos todos, tanto um como outro, soldados do sexo, com o mesmo olhar fixo não sobre a mulher amada mas sobre o mesmo pequeno buraco no meio da barriga que representa o único sentido, o único fim, o único futuro de todo o desejo erótico. (125)

Fica óbvia a primeira crítica ácida do autor sobre a geração da atualidade, a uniformidade. Para o autor a individualidade é uma ilusão. Mas, esse individualismo é abordado também de outro ângulo, daquele que trata como insignificante o outro e entra na dança das culpas:

"Se sentir ou não se sentir culpado. Acho que tudo depende disso. A vida é uma luta de todos contra todos. (...) Em vez disso, tentam jogar no outro o constrangimento da culpabilidade. Ganhará aquele que conseguir tornar o outro culpado. Perderá aquele que reconhecer sua culpa. (...) você também pertence ao exército dos desculpantes. Pensa que vai agradar o outro com suas desculpas. (...) Quem se desculpa se declara culpada. E se você se declara culpado, encoraja o outro a continuar te injuriando, te denunciando, publicamente, até sua morte. São as consequências fatais do primeiro pedido de desculpas." (54)

Podemos dizer que o autor pegou pesado com a caneta. Alain, além da sua relação imaginária e idealizadora que tenta justificar a rejeição da sua mãe por ele, tem uma namorada chamada Madeleine. A moça aparece uma vez, e fica outra ácida crítica da sociedade atual, a desinformação. Não conhecendo quem foi Stálin, o autor indica a falta de pertencimento ao desconhecer ou se interessar em conhecer o passado. A perca de tal conhecimento leva pessoas ao desinteresse político e a não participação do destino da sociedade. Vale refletir sobre o pileque homérico dos jovens atuais, levando em conta que Milan foi um estudante ativista político.
Falando em Stálin, ele aparece em várias vezes (não como personagem), o que a princípio pode ser complicado de entendimento. Charles, segundo amigo citado (são quatro ao todo, os demais são secundários) lendo as memórias de Nikita Khruschóv aos amigos relata a piada das perdizes contada por Stálin. Só que, ninguém sabia que era uma piada. Ora, nada mais atual da nossa forma de levar a sério o que não é para ser levado. O mesmo personagem cria uma peça imaginária de marionetes que não vai colocar em prática. Cria em sua mente pois nada o distrai. Somos de uma geração que procura distração a qualquer preço. Então quero abordar sobre Ramon (terceiro amigo) e D´Ardelo.
Ramon aparece no segundo capítulo (apesar que a obra é dividida em sete partes e não aparece a palavra capítulo) no Jardim de Luxemburgo e desisti de ver uma exposição de Chagall pelo tamanho da fila. No final da obra, linkamos com essa tendência a qualquer coisa para nos distrair, quando Ramon desiste novamente da exposição pelo mesmo motivo:

“Você acha que, de uma hora para outra, começaram a gostar de Chagall? Estão dispostos a ir a qualquer lugar, a fazer qualquer coisa, apenas para matar o tempo com o qual não sabem o que fazer”. (123)

Ramon encontra D´Ardelo e esse mente sobre um câncer que não tem. O último sente prazer na pequena anedota, mesmo sem entender o motivo. Acredito que esse fato esteja no mesmo nível da criação da culpa no outro, a criação da empatia, da pena ou de qualquer coisa que nos deixe no centro do pensamento do outro. Sobre D´Ardelo, vale ressaltar também a presença de comportamento que anteriormente era presente apenas no universo feminino. A questão da idade:
"Já muitos anos antes, ele tinha começado a detestar aniversários. Por causa dos números que se colavam neles. No entanto, não conseguia esnobá-los, pois a felicidade de ser festejado superava nele a vergonha de envelhecer" (13)
Ramon entra em contato a pedido de D´Ardelo de Charles para organizar um coquetel de aniversário do mesmo. Conversando sobre esse com Charles, Ramon vai deixar pérolas sobre o brilhantismo, narcisismo e gêneses sobre a insignificância. Para Ramon, D´Ardelo é um sujeito narcisista que faz de tudo para ser o centro da atenção. Diferente do orgulhoso que subestima o outro, o narcisista vê no outro a própria imagem, então o superestima, sendo gentil a qualquer preço. Ele tenta ser um ser brilhante.
Então entra na cena, Quaquelique, que consegue chamar a atenção fazendo silêncio. A insignificância o liberta de toda e qualquer competição e há inutilidade em tentar ser brilhante. Ressalto que D´Ardelo é o tipo de cara que na tentativa de ser brilhante, zomba, satiriza e usa de sarcasmo. Algo bem presente na sociedade atual e apresentado na atitude de Calibã (quarto personagem) que criou um linguajar para zombar dos convidados nos coquetéis que trabalha com Charles. Ramon mediante o medo de Charles ser descoberto na sua linguagem criada:
"O prazer da mistificação devia protegê-los. Aliás, essa foi a estratégia de todos nós. Nós compreendemos há muito tempo que não era mais possível mudar este mundo, nem remodelá-lo, nem impedir sua infeliz trajetória para a frente. Havia uma única resistência possível: não o levar a sério. Mas constato que nossas gozações perderam seu poder. Você se obriga a falar paquistanês para se divertir. Em vão. Sente apenas cansaço e tédio."
E sobre o tédio, inimigo da sociedade atual, Ramon o sente e procura bom humor para lidar com o mesmo. Em um diálogo com Calibã, cita Hegel em um estudo sobre o cômico. Repito o bom humor que é diferente de zombaria, sátira e sarcasmo.
"Somente das alturas do infinito bom humor é que você pode observar abaixo de si a eterna tolice dos homens e ri dela". (90)

Voltando para Calibã (ator falido e seu nome é devido a um personagem que encenou de Shakeaspeare), quando percebeu que acabara o divertimento do seu linguajar criado, sentiu-se inútil.
"... o sentimento de inutilidade de sua língua trabalhosamente inventada e a melancolia começou a invadi-lo" (64).

Creio que não seja necessário dissertar muito sobre nossas criações para nos distrair e toda melancolia quando as mesmas perdem sua utilidade. Dá-lhe fluoxetina na geração do século XXI. Volto mais uma vez para citar Quaquelique, outrora citado, pois é paralelo ao tema aqui abordado. Ramon na obra fala que ele é um conquistador por seu silêncio e ausência de comportamento "brilhante". Não devemos por isso acreditar que o silêncio dele é a insignificância como essência, pois no final do coquetel de D´Ardelo o mesmo diz para Ramon:
Sabe, não tem nada pior que o tédio. É por isso que mudo de companhia. Sem isso, não existe bom humor!" (78)
Bom, acho que falei sobre quase todos os personagens. Sobre a presença de Stálin, não quero dissertar sobre a suposta "ternura" dele ao dar nome a cidade de Kaliningrado em homenagem ao seu amigo Kalinin e nem dissecar o problema de próstata do último citado. Preciso ruminar mais e ler mais sobre isso.
Mas, vale a pena descrever a ideia de Kant de "a coisa em si" e a de Schopenhauer. Para Kant, por detrás de nossas representações, encontra-se uma coisa objetiva, que não podemos conhecer mas que, apesar disso é real. Mas essa ideia é falsa. Não existe nada de real por detrás de nossas representações, nenhuma "coisa em si". Já para Schopenhauer, o mundo é apenas representação e vontade. Por detrás do mundo tal como o vemos não existe nada de objetivo, e que, para fazer existir essa representação, para torná-la real, deve haver nela uma vontade; uma vontade enorme que a imponha. (Vale a pena refletir, principalmente porque Stálin declara que impôs a vontade de todos à uma única vontade, a sua).
O desfecho (apesar que ainda tem muito para refletir e personagens - a empregada portuguesa, madame La Franck, Julie, Kalinin, ...) se dá após uma apresentação nos Jardins de Luxemburgo e no diálogo de D´Ardelo com Ramon. O último (acaba confirmando o que citei sobre Quaquelique e o seu silêncio) afirma que a insignificância é a essência da existência. Que ela está conosco em toda parte e até nos locais onde não queremos vê-la. É preciso amá-la, até mesmo com sua inutilidade, pois ela é a chave da sabedoria, ela é a chave do bom humor.
Lembre-se que Milan dialoga conosco na obra e é visível em três capítulo, então não se assuste se ele lhe causar um certo tédio nas últimas páginas. Com certeza, foi proposital. Digno de "leia novamente"!
Gostaria muito de dissecar sobre o episódio das perdizes, da tentativa de homicídio que virou assassinato (que vejo uma inclinação psicológica fortíssima), mas ainda é cedo para uma única leitura (do livro). Logo, essa resenha corre risco de edições. Não fiz como as demais, início meio e fim, pois se o autor não se sentiu na obrigação de linearidade, quem sou eu para me obrigar a fazer. Indico, com precauções. Um prévio conhecimento do autor e leitura de resenhas que não contenha spoiler. Espero que a minha não contenha, me esforcei para isso.

site: http://sallybarroso.blogspot.com.br/2015/01/diario-literario-janeiro2015-parte-vi.html
Bruno 05/05/2015minha estante
Incrível resenha.




Marília 21/01/2015

Uma obra aparentemente simples, de leitura fácil, mas que exige do leitor bastante atenção.
A escrita é inteligente e promove reflexões, mas sua maneira de dispor as palavras faz com que se torne simples. Com certeza deve ser relido, assim como todos os seus outros livros, pois a cada vez absorvemos informações diferentes e sentimos a história de outra forma.
O livro com apenas 134 páginas consegue nos dizer tanta coisa que fica difícil absorvê-lo e colocar em palavras tais pensamentos, mas o mais importante é que nos elucida sobre as coisas absurdas e sem sentido que permeiam o nosso cotidiano.


site: http://pitadadecinema.blogspot.com.br/2015/01/a-festa-da-insignificancia-milan-kundera.html
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Suiany 19/01/2015

Uma das primeiras leituras de 2015 e uma grande surpresa.

Comprei a festa da insignificância sem pretensão de ter em minhas mãos um exemplar tão especial quanto se revelou ser.

Trata-se de uma história simplória, mas extremamente intrincada. Não se enganem, o livro é curto, a leitura parece fluir bem, mas para que se tire uma pequena porcentagem de significações é preciso ler com calma e reler, reler, reler.

Ainda não encontrei quem dissesse que compreendeu o livro por completo, nem quem conhecesse cada personagem a ponto de identificá-los com profundidade.


O livro é composto por um grupo de amigos e revela, em cada capítulo, um momento corriqueiro, um encontro, uma conversa, um sonho… Os personagens não são muito descritos e, apesar da narrativa ser linear, não sabemos muito sobre o começo, meio e fim de cada um. Este livro parece revelar-se, principalmente, naquilo que não diz.

Sobretudo é interessante notar como, apesar de ironizar a falta de individualidade humana, por estarmos sempre tentando nos adequar/tornar um pouco mais insignificantes, o livro é único para cada um. Fiz somente uma leitura até agora, mas tenho a forte impressão de que se o refizer em outro momento de vida, terei diferentes interpretações dos mesmos parágrafos.

Posso dizer que adorei a leitura. Mesmo com a sensação impotente de não compreensão, resta em mim muita vontade de relê-lo e descobrir parte do que ficou pra trás.

No fundo acredito que Milan queria mesmo era nos mostrar a imensidão de nossa insignificância escrevendo um livro tão simples, mas tão difícil. Comigo ele foi bem sucedido.


site: https://divinaleitura.wordpress.com/
Keylla 21/01/2015minha estante
Suiany, acho que publicou sua resenha no livro errado...




Guga 12/01/2015

A festa da insignificância
O livro é breve, fácil de ler, mas talvez difícil de compreender plenamente.
Os capítulos mostram cenas cotidianas, que poderiam acontecer em qualquer lugar, e giram em torno 5 personagens de descrições rasas (seus nomes e historias são difíceis de lembrar) e com seus próprios dramas.
A descrição dos personagens me parece tão superficial quanto à relação entre eles.
Mas por trás da história, aparentemente tola, há uma camada de percepções que me fez (e ainda faz) pensar muito depois de encerrada a leitura.
Phelipe Guilherme Maciel 15/02/2017minha estante
Fácil de ler e difícil de compreender. Amo livros assim. Milan Kundera é um dos meus desafios para esse ano! Falta apenas comprar o livro.




Leandro Matos 12/01/2015

Durante a matemática da vida, seguimos somando e subtraindo amigos. Próximos ou distantes, amizades são laços, fios que vão crescendo e solidificando-se com o compartilhamento de momentos (alegres ou tristes), confidências, segredos e sonhos. Dizem, que se uma amizade ultrapassar sete anos é muito provável que perdure por toda a vida. Curioso, é que por vezes, já me questionei sobre como uma amizade pode durar por tanto tempo? Seria a admiração e o respeito pela outra pessoa? Preferências de todas as formas em comum entre ambos? Ou seria, na verdade pelo espelho que projetamos nessa pessoa, ao identificarmos algo que (intimamente) possuímos?

A festa da insignificância do escritor tcheco Milan Kundera, tem como pano de fundo da sua narrativa os anseios, desejos e medos de quatro amigos na Paris dos dias de hoje. O autor consegue verter de uma miscelânea sobre Stálin e seus compatriotas comunistas, um câncer, umbigos e toda a sorte de ironia criativa do autor, em uma prosa agradável e reflexiva em pouco mais de 130 páginas.

Pautado pelo banal e mundano, o primeiro romance inédito de Kundera, após um hiato de 14 anos, soa provocativo, despretensioso e por vezes, (in)significante. Publicado no Brasil, pela Companhia das Letras, em uma edição cuidadosa e com tradução da veterana, Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca, o romance está dividido em sete partes de capítulos curtos, se estabelecendo como uma ode à (in)significância da vida, ao (f)útil do cotidiano e à ironia dos encontros e desencontros entre amigos.

Relatando cenas prosaicas do cotidiano desses personagens, Kundera vai tecendo um retrato fragmentado destes. Um retrato formado por Ramon, Alain, Charles e Calibã. Ao adicionar mais um elemento (mais um amigo – D’Ardelo – na narrativa), o autor propõe uma leitura aberta e livre de preconcepções que segue inserida entre a filosofia e a sólida literatura.

Um enredo que no Jardim de Luxemburgo e pelas ruas de Paris, vai aos contando sobre a divagação (e substituição) erótica que determinado personagem faz, ao trocar as coxas e os seios das mulheres, por um símbolo nada usual do corpo feminino. O umbigo. Outro segue relatando sobre as trivialidades da própria existência. Um terceiro assume outra nacionalidade buscando se tornar interessante e concretizar uma paixão platônica. Um quarto é acometido de um (falso) câncer, onde o pronunciamento dessa sentença se faz ocasião, para a reunião dos demais. Esta sendo a verdadeira festa da insignificância que encerra o livro.

Elegante, leve, lírico e complexo.

A insignificância também é encontrada ao fim do livro e no sentimento que o mesmo proporciona ao leitor. Um fim abrupto, mas íntimo e contemplativo. Aberto a interpretações e associações. Cabe ao leitor encontrar a sua (in)significância.

Texto publicado no site abaixo:

site: http://nerdpride.com.br/a-festa-da-insignificancia/
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Dalila 22/12/2014

Assim como em a Insustentável leveza do ser, neste livro Kundera não deixou a desejar.Trata-se de um livro mais fácil de se ler(ainda que bastante complexo), é pequeno e pode ser lido com algumas horas. Aponta algumas reflexões bem profundas e me chamou atenção a colocação que ele faz a respeito da culpa.Gostei muito!
Marcio 23/12/2014minha estante
Me empresta?


Dalila 23/12/2014minha estante
é da colega da Maria José, mas ela não se importaria.Empresto sim.


Keylla 21/01/2015minha estante
Oi, Dalila! Tbm me chamou a atenção a colocação a respeito sobre esse tema. Kundera é mestre. Abraços!




Elisa 11/12/2014

Este livro logo me chamou a atenção quando o vi na livraria, por ser bonito e elegante. Capa dura, cinta, diagramação bem feita e papel de gramatura superior. Nenhuma editora esbanjaria tanta produção em um livro ruim, certo?

Eu já ouvi muito falar de Milan Kundera, mas nunca havia lido algum livro dele de fato. Como muitas críticas acusaram A Festa da Insignificância de "não chegar aos pés de A Insustentável Leveza do Ser", achei que seria uma boa ideia começar por este e fazer uma leitura sem comparações.

Imediatamente de início eu gostei muito da forma como o autor escreve. O texto é bonito sem ser rebuscado ou de difícil entendimento; é simples, mesmo contendo outras mensagens nas entrelinhas. Também achei muito interessante o modo como as partes do livro são separadas, como – me explicaram mais tarde – se fosse uma música.

O enredo em si é um pouco difícil de explicar. Os personagens são amigos criados por um professor – aparentemente, o próprio Milan Kundera – e todos os acontecimentos giram em torno de situações do cotidiano, não necessariamente em ordem cronológica. Alguns capítulos se passam dentro da cabeça dos personagens, o que causa uma confusão inicial antes dos pontos se ligarem para fazer sentido.

O problema que eu tive com esse livro foi que, como o próprio autor diz, as gerações que nasceram depois de Stálin pouco se lembram sobre ele. Muito do humor do livro se perdeu no buraco entre o que eu deveria saber sobre Stálin e o que eu realmente sei.

De um jeito ou de outro, eu sinto que a forma como a história é contada, neste caso, é mais importante do que a história em si. Cada página contém alguma reflexão sobre o mundo contemporâneo, algumas não compreendidas em uma primeira leitura.

O último capítulo, em especial, você termina se perguntando "mas o que foi isso que eu acabei de ler...?". Acho que por isso foi o que eu mais gostei.
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Viviane Menezes 15/09/2014

Ode à pequenez
Kundera voltou. Ainda bem. "A Festa da Insignificância" é poderoso como tudo o que esse mestre faz. Claro, não é "A Insustentável Leveza do Ser" (talvez o seu romance mais famoso) e nem vá ler aquele buscando este, porque são diferentes mesmo tendo traços semelhantes, mas aí já é a marca do autor e não simplesmente uma repetição pura e simples.
Em "A Festa da Insignificância", Kundera nos convida a fazer uma reflexão sobre a existência da vida e o quanto, nós, seres humanos, nos apegamos às coisas, notadamente, sem significância. Mais uma vez, aqui, Kundera explora as histórias dos personagens, permeando com lições filosóficas, históricas, sociológicas etc. E talvez isso seja o que, particularmente, mais me encanta nele. Eu fico "besta" como ele consegue, a partir de uma história simples e cotidiana, esbanjar conhecimento nas mais diversas áreas. Só o Kundera mesmo. Algo possível de se ver em "A Insustentável Leveza do Ser", ponto comum em sua obra, como disse acima.
Em suma, "A Festa da Insignificância" conta a história de um grupo de amigos, cujas vidas são recheadas por situações de pura hipocrisia social, de descontamento frente às coisas da vida. Uma reflexão sobre como elevamos exageradamente, muitas vezes, nossas frustrações, medos, inseguranças, dores... Muitas vezes não enxergamos os outros, mas apenas a nós mesmos (e da pior maneira possível). Uma verdadeira ode à pequenez.
A leitura é rápida e divertida. Eu mesma li em três dias. Ah, destaque também para a linda arte do livro feita pela editora Companhia das Letras. Design romântico e capa dura.
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PorEssasPáginas 07/09/2014

A festa da insignificância parecia ser interessante pelo fato de mostrar o cotidiano, a vida comum e os diálogos corriqueiros entre amigos com uma pitada de filosofia. Mas como a própria sinopse entrega, é um livro pretensioso e afetado demais, com filosofia inútil e rala. Um livro que vai fazer você se sentir burro e te deixar coçando a cabeça.

Nos primeiros capítulos (todos bem curtos - pelo menos temos esse alívio) somos apresentados aos personagens do livro: Alain o chorão com problemas com a mamãe e tarado por umbigos, Ramon o filósofo, Dardelo o portador de câncer de mentira, Calibã um ator fajuto e paquistanês de araque, Quaquelique o conquistador e Charles, cuja única utilidade é nos apresentar uma história sobre Stalin.

O que me deixou chateado não foi o fato de não haver profundidade nos personagens ou no diálogo, nem a história avançar para lugar algum ou ter algum motivo específico ou uma lição a ser ensinada. Minto. Foi a combinação de todos esses fatores sim que me deixou muito irritado. Os personagens são completamente esquecíveis e muitas vezes confundi-os entre si, não existe história ou motivação para eles fora o acompanhamento por parte do leitor de suas vidas banais e filosofagens ridículas. Sem contar os diálogos afetados para que o autor se sinta superior aos seus leitores.

Um dos poucos momentos marcantes do livro são os capítulos em que a mãe de Alain afoga outro homem. Não fica claro se esse momento é um delírio ou realidade e isso foi uma mudança de clima no livro muito bem vinda. Porém não serve de nada à história.

Stalin é interessante e foi uma surpresa ele ter passado de um conto dentro da historia e se tornado um personagem; outro item que poderia e deveria ter sido melhor explorado. Porém com certeza essa é mais uma alegoria que nós pobres mortais não temos como entender. Talvez só o autor.

Difícil acreditar que uma obra fraca como essa seja um best seller internacional, como é afirmado na contra capa. Não consigo acreditar que um livro que não fala sobre nada, com personagens rasos, trama e desenvolvimento nulos, seja tão bem quisto pelos leitores. Para mim esse livro sim é insignificante.
hilda.maimonipileggi 26/12/2014minha estante
Lendo o comentário de PorEssasPáginas me senti aliviada, pois a minha sensação foi a mesma, Achei a obra sem profundidade e muito estranha. Também tive a confusão com os personagens.Terminei de ler o livro com a mesma impressão de que o autor quer se colocar acima dos insignificantes leitores.


Bianca 26/08/2015minha estante
Eu to na metade do livro e vim ver se as resenhas eram parecidas com a sensação que tô tendo da obra.
É meu primeiro livro do Kundera e, apesar de saber de todo o peso do seu nome, fiquei extremamente frustrada.
Esse livro começa no nada e acaba em lugar nenhum.




Portal Caneca 04/09/2014

Futilidades da vida: já pensou sobre os umbigos hoje? E sobre a relação vida-morte ou mesmo a reprodutibilidade e a mania do imediatismo da nossa sociedade? Pois é, pode paracer aquela pizza de onde o universitário longe de casa pega tudo o que “sobrou” na geladeira e mistura tudo, mas não: trata-se do novo romance de Milan Kudera, autor do best-seller “A insustentável leveza do ser” – adaptado também para o cinema.

Não basta isso? Então coloque na mistura: filosofia, política, Stálin, França, um câncer fictício, uma tentativa de suicídio que acaba em homicídio (!) e reflexões sociais sobre a relações humanas cada vez mais triviais.

“Ao contrário das coxas, dos seios e da bunda, todos os umbigos são parecidos.” diz Alain, um dos quatro personagens que conhecemos na obra.

“A insignificância é a essência da nossa existência”, Kudera com suas ironias e críticas cutuca a atual sociedade de forma muito sutil. Através de metáforas que contribui para uma leitura fluída apesar dos temas complexos e elementares somos conduzidos por um modo muito particular de escrever.

Esse livro é perfeito para ler no ônibus, pausar a cada situação narrada em aproximadamente três páginas e… encostar a cabeça no vidro e pensar, pensar, pensar e viver nisso por muito tempo. Ainda assim afirmo que não é uma leitura densa, pelo contrário, trata-se de uma obra muito prazerosa: em curtas narrativas do cotidiano de Paris somos conduzidos numa ilógica e, portanto, verdadeira trama reflexiva sobre a natureza humana. Os quatro amigos cruzam fatos de suas vidas em diversos momentos da história e nessa fluidez espontânea passamos pela União Soviética e também por uma exposição de Chagall.

site: http://portalcaneca.com.br/
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R4 24/08/2014

Indiferença
Como a maioria das pessoas, confesso que escolhi resenhar esse livro da Companhia das Letras por ter amado demais o livro mais famoso de Milan Kundera, A insustentável leveza do ser. Assim como esse, o novo livro do autor checo, chamado de A festa da insignificância, tem uma excelente escolha de título. É curioso, mas eu acho que um título bom ajuda muito para escolher uma leitura ou avaliar um romance e eu nunca vi títulos melhores que esses de Kundera.

O livro se passa em Paris e conta a história de um grupo de amigos: Alain, Ramon, Calibã e Charles. Os personagens são apresentados com seus problemas, individualmente, e logo depois percebemos que todos eles fazem parte de um mesmo grupo. Alain é apresentado como um homem que é assombrado pela imagem da mãe, que o abandonou quando pequeno. Ele conversa com ela de maneira imaginaria e imagina como ela deve ter tentado se suicidar para se livrar do feto. Para ele, o mundo se resume ao umbigo, que explicaria a falta de sentido humana. Ramon é um despreocupado que ensaia todos os dias para visitar uma exposição do Chagall, mas que sempre se desmotiva por causa da fila. Ele é convidado por D'Argelo para ir à sua festa de aniversário e apenas decide ir por compaixão, porque acredita que seu amigo está a beira da morte. Calibã é um ator frustrado que se passa por um garçon paquistanês, inventando sua própria língua para que as pessoas o achem mais intersessante do que é. E Charles está obcecado com um livro sobre a vida de Stalin.

Todos os personagens, a exceção de Alain, se preparam para ir à festa de D'Argelo e existe um grande desânimo em relação a essa noite. Nesse sentido, Kundera mostra que não apenas essa festa de aniversário de D'Argelo é insignificante, como também a festa como metáfora da vida. A vida se resume ao umbigo, pois é um detalhe que torna todos os seres humanos iguais, remete às origens e, ainda assim, é absolutamente inútil.

A festa da insignificância é uma apologia à indiferença. Kundera se desfaz em sarcasmo para denunciar uma hipocrisia social, por exemplo, a elevação da tristeza, da solidão e da falsa doença para causar simpatia ou compaixão. E, ainda assim, tudo isso é vão. Por isso, o único personagem que passa pelo livro e é visto como bem sucedido é Quaquelique, que me remete ao homem "qualquer", que consegue as coisas justamente por não chamar atenção ou expressar opinião relevante. Ele é o medíocre que vence na vida por evitar conflitos e se manter no senso comum. Sendo assim, o triste sentido da vida mostrado pelo autor é que ela é totalmente insignificante:

"A insignificância, meu amigo, é a essência da existência. E ela está conosco em toda parte e sempre." pp.132

Achei A festa da insignificância bem diferente de A insustentável leveza do ser, o único livro que já tinha lido desse autor. Ele é tão duro quanto, mas muito mais sarcástico. É um livro bastante curto e a leitura flui rápido. Contudo, é o tipo de livro que faz com que tenhamos que pensar muito sobre ele, ou corremos o risco de fechá-lo sem compreender.

Quanto ao objeto em si, a edição da Companhia das Letras ficou maravilhosa. O livro é em capa dura e o livro foi impresso em papel pólen, que é aquele papel amarelado e com textura agradável.

Kundera, Milan. A festa da Insignificância. Trad: Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca. São Paulo: Companhia das Letras. 2014. 134p.
Suiany 17/01/2015minha estante
Muito boa sua perspectiva sobre o livro! Adorei e me identifiquei muito com sua opinião em: "A vida se resume ao umbigo, pois é um detalhe que torna todos os seres humanos iguais, remete às origens e, ainda assim, é absolutamente inútil."
http://divinaleitura.wordpress.com/




Dressa Oficial 17/08/2014

Resenha - A Festa da Insignificância
Olá, tudo bem com você?

Resolvi ler esse livro por abordar temas sobre filosofia que gosto muito e por esse ser em forma de romance achei que iria gostar, mas infelizmente essa é a resenha mais difícil de se fazer, apesar de ter lido o livro em apenas um dia, a história não me cativou e ao terminar a leitura fiquei com aquela sensação de não ter entendido nada do que tinha acabado de ler.

O livro conta uma história simples sobre quatro amigos: Alain, Ramon, Charles e Calibã, eles moram em Paris e se encontram em alguns lugares da cidade, como os Jardins de Luxemburgo e uma festa bem inusitada onde trocam ideias sobre diversos assuntos.

A leitura até que flui rápida os capítulos são bem curtos, e os assuntos são simples mas com uma pegada leve de filosofia, creio que o autor quis contar uma história qualquer apenas para mostrar suas ideias filosóficas, mas eu por gostar de filosofia não entendi muitas passagens e assuntos que os amigos discutiam.

Um dos amigos lê um livro chamado "Memórias de Khruschóv " e debatem alguns assuntos, muitos na minha opinião de pouca relevância, pois um dos amigos acha um absurdo as mulheres andarem na rua mostrando a barriga.

A questão é que um dos amigos esta amando ler esse livro e pretende fazer uma peça de teatro com algumas passagens que ele comenta com seus amigos.

Página 31
- O tempo corre. Graças a ele, em primeiro lugar estamos vivos, o que quer dizer: acusados e julgados. Depois, morremos, e continuamos ainda alguns anos com aqueles que nos conhecem, mas não demora a ocorrer outra mudança: os mortos se tornam velhos mortos, ninguém se lembra mais deles e eles desaparecem no nada.

O livro é de capa dura, não sei dizer porque mas amo livros de capa dura, e realmente o fato de andar com eles na bolsa facilita muito, as páginas são amareladas e grossas, e a letra está de bom tamanho.

Alguns capítulos o autor repete coisas do que já disse no começo da leitura mas depois explica o motivo de repetir algumas coisas.

Página 45
Estou me repetindo? Começo este capítulo com as mesmas palavras que empreguei bem no início deste romance? Sei disso. Mas mesmo se já falei da paixão de Alain pelo enigma do umbigo, não quero esconder que esse enigma continua a preocupa-lo, como vocês também se preocupam durante meses, ás vezes anos, com os mesmos problemas (certamente muito menos nulos do que este que obceca Alain).

É um livro bem diferente do que estou acostumada a ler, mas infelizmente não consegui entender nada do que foi dito, mas como gosto não se discute, só lendo para você saber se será do seu agrado. Para mim foi um livro confuso e que infelizmente não me agradou, tanto que nem consegui explicar direito na resenha.

Beijos

Até mais...

site: http://www.livrosechocolatequente.com.br/2014/08/resenha-festa-da-insignificancia.html
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