Alberto.Tisbita 15/08/2021
Um sorriso amargo
O sexto volume da série No Game No Life conta a história da grande guerra que precedeu a fundação de Disboard e a soberania do deus dos jogos sobre os demais. O título inicia e conclui seu próprio arco narrativo.
A trama é protagonizada por Riku, um humano que tem como coadjuvante a ex-machina Schwi. O casal mantém a disparidade de foco e aprofundamento que suas contrapartes do futuro - Sora e Shiro. O herói é o único personagem bem trabalhado pelo autor até o presente. Pena que o tenha sido em um momento no qual Kamiya aparenta ter acabado de descobrir a expressão "sorriso amargo", dela abusando de tal maneira que sua marca sobre a pele de Riku ficou mais profunda que as queimaduras causadas pela cinza negra.
Por outro lado, a origem e o propósito dos ex-machinas são tão mal explicados quanto o plano para dar cabo à guerra, de modo que ao leitor é repassada a tarefa hercúlea de ligar os pontos. O final, então, é tão súbito que se esvazia de sentido e de impacto. Cá está a prova cabal de que a regra que prevê uma menor qualidade da adaptação cinematográfica em relação à literatura original não é absoluta.
No quadro de desolação no e do enredo, a editora NewPOP é exitosa ao garantir seu lugar de destaque. Quase tão difícil quanto encontrar sentido na trama é se deparar com uma página deste livro que não ostente desvios ortográficos tão pueris quanto uma flügel que acabou de lançar um ataque celestial.
No fim das contas, o sexto título da franquia tem na fuga da perfeição de Kuuhaku seu maior mérito. Enquanto pondero se esse sopro de ar fresco compensa suas deformidades eu fecho o livro de uma vez por todas, escrevo esta resenha, e sorrio amargamente.