Andre Morelli 20/12/2012
Essencial para compreender o Brasil de hoje
Este livro comete um grave pecado: fala das suas fontes sem qualquer pudor. Explico-me. Waac foi até Moscou quando os arquivos do Partido Comunista - erro que Olavo de Carvalho aponta como fundado na crença do pró-comunismo da intelectualidade ocidental - ficarram abertos por curto período de tempo. Ali o autor se deparou com documentos em russo, francês, inglês, espanhol e mesmo em português sobre figuras essenciais da revolução comunista de 1935. Como a historiografia oficial é sempre totalmente pró-esquerdista/pró-comunista, sempre tivemos conta que esta foi mais uma das diversas tentativas de revolução comunista de David x Golias. Ledo engano. Pesado engano.
O livro revela detalhes dos personagens (com destaque para a ficha oficial de Olga Benário, que no Brasil foi endeusada, mas o Politburo discordava; ou ainda da ficha do canastrão do Prestes, tratado como idiota com carisma por Moscou, me lembrou até o Lula) conforme os arquivos, mostrando por exemplo que enquanto recebiam revolucionários profissionais ou mesmo faziam treinamento na União Soviética, no Brasil a polícia estava num nível de total amadorismo, e a revolução não triunfou por pura incompetência, lentidão, e às vezes inoperância do PCB (as opiniões dos estrangeiros sobre os comunas brasileiros me fez chorar de rir).
O problema é que o livro, escrito no estilo 007, às vezes fica lento. É difícil também ter em mente as dezenas de nomes estranhos à nossa língua, apesar do esforço do autor em clarificar.
Nesta obra Waac entra para a raríssima galeria dos grandes jornalistas históricos, tão comuns em países como França e EUA, mas raros aqui nessas paragens, e os poucos que tem são todos comprados por ideologias esquerdóides. Pena que as diretrizes para a revolução internacional descritas no livro foram abandonadas por Moscou, logo não podem explicar os movimentos dos comunas aqui após a 2a GM.