Marcelo 04/08/2015
Uma grata surpresa na literatura nacional!
Cinco estrelas não são o bastante para classificar esse livro. Tenho que dar pelo menos dez!
A história se passa em dois momentos: entre 22 e 24 de março de 1846 (o tempo presente da história), e entre 22 e 24 de março de 1646 (duzentos anos antes).
Em 1846, a história gira em torno das irmãs gêmeas Susan e Anne Dawson. Elas são gêmeas fraternas, não têm o mesmo rosto, mas são extremamente unidas, sobretudo após a morte dos pais. Às vésperas de seu aniversário de 17 anos, as duas irmãs se deparam com um mistério sobrenatural assombrando a cidade. Todos os anos uma moça desaparece em Salem: sempre na madrugada do dia 24 de março; sempre uma moça de 17 anos. Elas não sabem muito sobre esse mistério. As pessoas parecem ter medo de falar a respeito. Tudo o que se sabe são histórias veladas, os sussurros que vez por outra alguém deixa escapar, e uma estranha lista de sintomas.
Sempre que uma garota desaparece na cidade, a família a declara como morta, pois, como a própria Susan explicou “morrer não é crime, nem pecado”, e uma vez que elas não vão voltar, não há porque manchar sua reputação, e dizem que elas foram vítimas de uma peste, que supostamente só atinge mulheres de até 17 anos. O funeral é feito sem a presença do corpo, e a história oficial é que os corpos são queimados num lugar distante para evitar contágio.
O caso é que agora Anne está apresentando os sintomas da peste, e Susan está determinada a investigar o que esse eufemismo significa, e encontrar um meio de evitar que sua irmã se torne vítima desse mal, e acaba ela própria envolvida nesse mistério.
Entre um capítulo e outro, a história faz uma volta a 1646: os Griplen são uma das famílias mais ricas e influentes de Salem (então, recém-colonizada), mas não são socialmente conhecidos na cidade. Vivem isolados numa casa construída numa espécie de ilha particular. Mas Robert, o único filho homem do casal Griplen está prestes a se casar com uma moça de boa família chamada Lucy. O pai dele, porém, é contra o casamento porque Lucy é negra, mas Robert é tão obstinado quanto seu pai, e está disposto a se casar com Lucy, a qualquer custo. Mas ele também vai descobrir que não se pode desafiar a ira de um Griplen impunemente. Assim, seu amor incontrolável por Lucy acaba se tornando sua perdição.
Ele desafiou tudo por amor a ela, e seu amor acabou se tornando uma maldição, que durante duzentos anos conduziu outras vítimas ao seu inferno pessoal. E agora Susan e Anne estão prestes a se tornar parte dessa maldição.
Esse livro foi uma maravilhosa surpresa. Eu não sou muito adepto de livros digitais, mas já tinha lido outras obras da autora, e a sinopse me deixou bastante curioso. Além do quê, cinco reais não é lá grande coisa, se o livro não fosse bom.
Mas não me decepcionei nem um pouco. As Noivas de Robert Griplen é um romance sobrenatural maravilhoso, com um enredo tão bem trabalhado, e uma trama tão envolvente, que chega a ser difícil acreditar que se trata de uma obra nacional. Não estou dizendo que não há bons escritores no Brasil, mas não tive experiências muito boas com esse gênero com autores nacionais. E como a história se passa em Salem, era de se esperar que a autora fosse americana, ou que, em algum momento fosse cair em incoerência. Mas pelo visto, a Talita Vasconcelos fez a pesquisa direitinho, e conseguiu recriar Salem do século 19 com a mesma propriedade que teria feito um cidadão local.
Eu admito, o final é audacioso, e deixa no ar a premissa de que possa haver uma continuação para essa história.
E o mais engraçado, é que aqueles cinco reais que eu apostei num livro digital, acabaram comprando um dos melhores livros que eu já li!
Leitura mais que recomendada!