jmrainho 04/02/2013
Os dez dias que Abalaram o mundo, John Reed, Circulo do Livro. 313 páginas.
Biblioteca
Narrado no calor dos acontecimentos, da Petrogrado nos dias da Revolução Russa de outubro de 1917, como também a obra que inaugura a grande reportagem no jornalismo moderno. A Universidade de Nova York elegeu este livro como um dos dez melhores trabalhos jornalísticos do século XX. Reed conviveu e conversou com os grandes líderes Lênin e Trotski, e acompanhou assembleias e manifestações de rua que marcariam a história da humanidade. Cobriu os grandes eventos de sua época - a Revolução Russa, a Revolução Mexicana e a Primeira Guerra Mundial. Suas coberturas serviram de inspiração para dois filmes clássicos dirigidos por Sergei Eisenstein, Outubro (1927) e Viva México! (1931). Em 1981, Warren Beatty dirigiu o filme Reds, no qual interpreta Reed.
Prefácios de Lênin e Nadeja Krupskaia, esposa de Lenin, fundou o sistema bibliotecário soviético.
You Tube.
Trabalho de alunos da Metodista
http://www.youtube.com/watch?v=_ppeOwHnlkE
Documentário de 1h em espanhol
De Sergei Einsestein e narração (só no original) de Orson Wells
http://youtu.be/5R-MYwjr8gY
John Reed (1887-1920), jornalista norte-americano, foi casado com Louise Bryan
O autor e sua obra, por Egon Ervin Kisch (1885-1948). Escritor e jornalista alemão. Repórter de Praga. Considerado um dos maiores repórteres da história do jornalismo. Revelou em reportagem investigativa o escândalo do Coronel Redl (ver filme), acusado de espionagem e que se suicidou em 1913.
Combateu nas barricadas. A sua arma era o lápis, tal como a do ferreiro, lutando a seu lado, talvez fosse o martelo.
John Reed, o jornalista, não se limitou apenas à descrição diária dos acontecimentos. Compreendeu a responsabilidade do seu testemunho perante a história. Reproduziu fielmente o movimento dos atores e o brilho dos combates. No mais puro jornalismo clássico.
Livro A Frente, de Larissa Reissner, foi uma continuação de Os dez dias que abalaram o mundo.
Alguém já disse que o valor real de um artista deve ser aquilatado pelo grau da sua penetração sócia. A tese tem a seu favor obras como O fogo, de Henri Barbusse, ou como Jemmie Higgins, de Upton Sinclair.
A grandeza de John Reed está, sobretudo, na atitude que adotou.
A afirmativa tendenciosa de que a verdade reside no meio-termo, ou de que não há verdade a absoluta, não exerceu nenhuma influência sobre ele. Desde os primeiros momentos, Reed compreendeu de que lado estava realmente a verdade.
Seu pai era um rico proprietário em Portland (EUA). asceu em 22 de outubro de 1887., cursou Harvard, onde apagaram sua passagem da história da escola. Formou-se em Direito co distinção. Fundou com alguns colegas um clube socialista. Acompanhou a revolução no México.,que gerou livro México Insurgente.
Afinal, foi obrigado a sair do Metropolitan Journal. Ficou então privado não só dos honorários de jornalista, como de todos os recursos. A justiça burguesa, em virtude de sua ação socialista, não lhe permitiu que herdasse a fortuna que lhe legara o pai.
Organizou campanhas contra a Standard Oil Compani, que mandara assassinar vários operários, truste de Rockfeler. Foi correspondente na primeira guerra de vários jornais americanos. Foi preso na russa czarista quando chegou por denunciar os pogroms anti-semitas.
Os 10 dias que abalaram o mundo foi terminado em 1º de janeiro de 1919, nos EUA.
Após a vitória do proletariado russo, Reed ocupou um cargo no Comissariado do Povo para os Negócios estrangeiros, sendo encarregado da propaganda revolucionária.
Reed, com fuzil ao ombro, juntou-se à guarda que protegia o edifício do comissariado dos negócios estrangeiros.
Foi preso ao retornar aos EUA, mas absolvido. Ingressou no Partido Socialista dos EUA e depois fundou o Partido Comunista Operário. Em 1920 queria voltar a América via Finlândia. Traído por um marinheiro, foi preso.Faleceu por moléstia adquirida no Cáucaso em 17 de outubro de 1920, com 33 anos. Seus restos mortais estão na Praça Vermelha, em Moscou, perto do Kremlim e ao lado do túmulo de Lenin.
O livro de Reed é uma autêntica obra de arte. Emile Zola definiu arte como parte da verdade, vista através do temperamento.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A revolução de outubro, - no calendário Juliano então vigente na Rússia ou em novembro, segundo o nosso calendário gregoriano.
Passa-se em Petrogardo, ou Leningrado, ou hoje São Petersburgo.
COOPERATIVISMO
Em 1917 as cooperativas de consumo contavam mais de 12 milhões de adeptos.
Eram sociedades cooperativas de consumo de operários e camponeses, contando vários milhões de membros em toda Rússia, antes da revolução. Fundado pelos liberais e socialistas moderados, a princípio, o movimento cooperativo não foi apoiado pelos grupos socialistas revolucionários, para os quais representava apenas um expediente no sentido de adiar a transferência real e efetiva dos meios de produção e distribuição para as mãos dos operários. Após a revolução de março, as cooperativas progrediram rapidamente: eram, sob a influência dos socialistas populares, mencheviques e socialistas revolucionários, utilizadas como força política conservadora até a Revolução Bolchevique. Todavia, foram as cooperativas que alimentaram a Rússia após a derrocada da antiga estrutura econômica e do sistema de transporte (p.31)
Trótski. Ele exprima a teoria menchevique da “revolução permanente”, que formulou desde 1905. Essa teoria afirmava a impossibilidade da vitória do socialismo num só país, antes de o proletariado dos principais países da Europa ter conquistado o poder.
Como o ensino achava-se inteiramente dominado pelas classes abastadas e conservadoras, os intelectuais, obedientes à formação que receberam, tomam naturalmente a defesa dessas classes.
Grande parte da burguesia preferia os alemães à revolução.
Fui visitar postos avançados do 12º. Exército (guerra contra a Alemanha), perto de Riga (hoje capital da Letônia) onde os soldados extenuados, descalços, adoeciam no lodo das trincheiras. Quando me viram, esses homens macilentos, com o sofrimento estampado nas faces, padecendo o frio e a umidade que penetravam pelos vãos abertos nas vestes esfarrapadas, correram para mim, perguntando ansiosos: - Você trouxe algo para se ler?
De fato, era muito mais romântico entregar pentes de balas e pensar ferimentos aos jovens e brilhantes alunos da Escola Militar, moços de “boas famílias”, descendentes da aristocracia russa e que combatiam para restaurar o trono do czar! E esses outros, quem eram? Gente vulgar, simples operários, camponeses, plebe inculta, gentinha...
- Por que publicam os senhores essas mentiras nos seus jornais ? - perguntei.
Sem se mostrar ofendido, o oficial respondeu:
- Sim. O senhor tem razão. Mas, que vamos fazer? – E encolheu os ombros. – O senhor compreende: é preciso criar certo estado de espírito no povo ... (p.217)
Já não é mais possível voltar ao passado. Teremos de lutar, vencer obstáculos e fazer sacrifícios. Mas o caminho está aberto. A vitória é certa.
E todos começaram a fazer-me perguntas sobre os EUA. Era verdade que os homens vendiam o voto por dinheiro? Como, então, conseguiam aquilo que desejavam? E o Tammany (sede do Partido Democrata em Nova York, que virou sinônimo de corrupção)? Era certo que, num país livre, um punhado de indivíduos podia dominar uma cidade inteira e explorá-la em proveito próprio? Por que o povo suportava tanta coisa?... Na Rússia, mesmo sob a dominação czarista, coisas assim não seriam possíveis. Sem dúvida, sempre existira a corrupção. Mas comprar uma cidade inteira, com seus habitantes, num país livre! Então o povo não tinha nenhum sentimento revolucionário?
Todo mundo estava contra essa massa revolucionária: negociantes, especuladores, proprietários de terras, oficiais, políticos profissionais, professores, estudantes, profissionais liberais, comerciantes, empregados. Quase toda intelligêntsia estava contra os bolcheviques.
Compreendi, de repente, que o religioso povo russo não precisava de sacerdotes para lhe abrir o caminho do céu, porque já começava a edificar na terra um reino melhor que o paraíso prometido.
Os jornais são armas. Eis por que é necessário proibir a circulação de jornais burgueses. É uma medida de legítima defesa! (Trotski, p.265)
A liberdade de imprensa do ponto de vista dos proprietários dos grandes jornais.
É impossível separar o problema da imprensa dos demais problemas das luta de classes.