Euflauzino 13/03/2015A razão que nos diferencia
O livro O que nos faz bons ou maus (BestSeller, 304 páginas) do professor de Psicologia e Ciência Cognitiva da Universidade de Yale, Paul Bloom, chamou-me a atenção logo de cara. Primeiro pela dificuldade de se responder tal questão e segundo por um apetite pessoal pelas questões filosóficas que não me larga nunca.
A grosso modo o livro trata de questões metaéticas e de como a moralidade a qual nascemos transcende a partir de nossa compaixão, imaginação e inteligência dando origem à percepção moral. Ele vai jogando com opostos para nos dar uma visão abrangente e muitas vezes religiosa.
A empatia poderia explicar a doação em vida de um rim para um estranho?
“...tais atos de altruísmo provam que nossos juízos e ações morais não podem ser totalmente explicados pelas forças da evolução biológica. Eles exigiriam uma explicação teológica.”
Daí nos provoca, pincelando seu oposto – e aquele ser que após ser dispensado pela namorada a persegue e joga ácido em seu rosto?
Diferentes culturas e religiões (partindo do princípio que cada qual acha que a sua religião é a melhor) podem alterar nossa percepção do que seja mau ou bom, como a história de Dario, rei da Pérsia:
“Ele convocou os gregos que, por acaso estavam presentes em sua corte e perguntou-lhes quanto eles exigiriam para comer os cadáveres de seus pais. Eles responderam, então, que não fariam isso por dinheiro nenhum no mundo. Mais tarde, na presença dos gregos, e através de um intérprete, de modo que pudessem entender o que estava sendo dito, ele perguntou a alguns hindus, de uma tribo chamada callatiae, e que de fato, comiam os cadáveres de seus pais, quanto eles exigiriam para queimá-los. Eles proferiram um grito de horror e proibiram-no de mencionar coisas tão terríveis como essa. Pode-se ver, assim, o que os costumes podem fazer.”
Entra em cena a “compaixão” (preocupar-se com outra pessoa) e a “empatia” (colocar-se no lugar de outra pessoa) para explicar um pouco o que seja a moralidade:
“... quando prestamos atenção no modo como os bebês e as crianças pequenas agem, observamos algo a mais. Eles, simplesmente, não se afastam da pessoa que sofre. Eles tentam fazer com que ela se sinta melhor. Os psicólogos do desenvolvimento observaram, há muito tempo, que crianças de 1 ano de idade costumam dar tapinhas e passar a mão nas costas de outras que parecem estar angustiadas...”
Logicamente isso não acontece com crianças muito pequenas e nem com tanta frequência, mas acontece e não há uma explicação lógica a não ser uma certa moralidade inata. Isso me tocou, me emocionou, pois tenho dois filhos e já os flagrei fazendo a mesma coisa comigo, como se percebessem a angústia que estava passando no momento.
Mas como explicar o prazer que sentimos quando uma pessoa má está em apuros – oba, ela se ferrou, vai sentir na pele o quanto é ruim atazanar os outros. Torcemos pela punição, para que haja equilíbrio na balança. Isso nos faz pessoas ruins?
Ou a percepção das atrocidades em tempos de guerra – você vê aquilo todos os dias, acaba se acostumando. Não precisamos ir tão longe, num hospital médicos e enfermeiros estão alheios ao sofrimento, estão anestesiados. Isso faz deles pessoas sem coração? Ou pior ainda, passamos por desabrigados e muitas vezes fugimos deles, mudamos de calçada, fingimos não vê-los.
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