Wittgenstein: o Eu e Sua Gramática

Wittgenstein: o Eu e Sua Gramática Silvia Faustino




Resenhas - Wittgenstein: o Eu e Sua Gramática


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Gideon 01/08/2009

Ensaio Sobre o Livro de Sílvia Faustino
Ensaio sobre o livro de Sílvia Faustino: Wittgenstein, O EU E SUA GRAMÁTICA

Gideon Marinho Gonçalves
São Paulo, 26 de maio de 2001, São Paulo


A Palavra

Entendo que mais importante que a palavra e o objeto que ela representa, ou nomeia, está a relação existente entre a idéia e o objeto. Cabe aqui definir objeto como sendo a delimitação das coisas que a idéia está a iluminar, ou seja, pode ser algo material ou não, ou ainda, esse algo pode representar uma coisa ou coisas ou não representar coisa alguma já identificada anteriormente, uma vez que se tratando de idéia parece impossível, ou temeroso, afirmar que o que a idéia está a iluminar seja algo já existente considerando-se a natureza misteriosa do homem.

Entendo reducionista a tentativa de relacionar de forma inseparável a linguagem com as palavras. Segundo me parece, tanto Agostinho quanto Wittgenstein (pelo menos até o capítulo em que estou lendo) entendem que a linguagem estaria embasada, ou sustentada, pelas palavras. Entendo que as palavras não têm toda essa importância ou objetivo. Seriam elas apenas recursos sonoros para expressar a linguagem que seria, no meu entendimento, a combinação estética de idéias. Ora, essa linguagem, havendo necessidade, poderia ser transmitida por outros meios que não as palavras, como por exemplo, os gestos. Com o progresso tecnológico na informática, acho que poderemos exteriorizar nossas idéias sem a necessidade de palavras. Em outras palavras, a palavra é apenas um símbolo dentre tantos outros que podem ser usados para se registrar as idéias.

A palavra seria apenas a tentativa de expressão audível ou exteriorizada dessa relação que está bem entendida mentalmente e precisa, apenas, utilizar os recursos dos sentidos para exteriorizar a idéia. A palavra então, por si só, nem sempre traduz de forma intransitiva a idéia completa, necessita-se, às vezes, de construção de frases combinadas com outras expressões notáveis no meio externo.

Concordo plenamente com Wittgenstein quando refuta Agostinho que “encerra a idéia de que há para cada palavra da linguagem uma referência, uma coisa ou um objeto que lhe corresponde, sendo esta correspondência aprendida e ensinada pelo procedimento da nomeação”[1]. Se fosse verdadeira essa afirmação reduziríamos as coisas ou os objetos à quantidade de palavras existentes ou que viriam a exisistir.

Sobre a comunicação

Não acho que o ser, quando se expressa de alguma forma, faça-o com o objetivo único de se comunicar, ou estabelecer alguma comunicação. Acho primitiva a idéia de que qualquer expressão do ser seja com esse fim. Entendo que as expressões, inclusive por meio da voz e das palavras, são uma manifestação de vida, ou seja, uma conseqüência de se estar vivo e tem originalmente o objetivo de fazer-se notar no meio. As manifestações artísticas, seriam, no meu entender, a representação inconteste desse argumento e representariam o ápice da manifestação humana. Uma vez essa manifestação acontecendo, é possível que outro ser apreenda e canalize dando um significado subjetivo àquela manifestação fazendo surgir aí uma comunicação que eu chamaria de comunicação singular uma vez que ela teria um significado forte para esse ser. Essa manifestação exterioriza uma linguagem representada pela arte. Essa linguagem já vem com a sua estética definida sendo apenas representada pela estética da arte que a representa. Por exemplo, um ser árvore quando se manifesta por meio do balançar dos galhos ou mesmo pelo seu crescimento o faz porque assim está determinado pelas leis naturais. Quando isso acontece e observamos, dado o nosso estado emocional, podemos dar um significado subjetivo daquele balançar de galhos criando, assim, uma comunicação singular. Da mesma forma esse exemplo pode ser dado com uma cachoeira ou com o canto de um pássaro. As manifestações religiosas, de certa forma, incorporam bem esse conceito quando louvam seus deuses.
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