Brunna 28/08/2016Mundo Novo, primeiro livro da trilogia de mesmo nome publicado pela Editora Seguinte, narra a vida na Terra depois do Ocorrido, um acontecimento marcado pelo alastramento da Doença pelo planeta (sim, com letra maiúscula), que matou todos os adultos e crianças, restando apenas os adolescentes. A população restante se dividiu em tribos, a violência prevaleceu, afinal de contas eles lutam entre si para permanecerem vivos; as condições de vida são precárias e, em meio a tudo isso, se encontram os narradores da história. A história é narrada em ponto de vista alternados entre Jefferson, irmão do líder da tribo de Washington Square e conhecido por contar histórias mirabolantes; e Donna, enfermeira e franco-atirador da tribo. Quando Wash, o líder, chega a maior idade e contrai a Doença, Jeff acaba tendo que lidar com a dor e com a responsabilidade de se tornar o novo líder de Washington Square, mas ele tem outros planos. Certo dia, Crânio, outro membro da tribo, descobre um artigo científico que pode explicar O Ocorrido e responder suas perguntas sobre a Doença, então eles partem em busca desse artigo, que os leva algo muito maior.
É incrível como o livro nos faz pensar no que faríamos se isso realmente acontecesse com o mundo (eu já teria morrido com a Doença, hehe). Acho que o que mais chama atenção, é o fato de se passar bem perto da nossa realidade, afinal fazem apenas 2 anos desde o Ocorrido até os dias narrados no livro e, como o autor faz diversas referências a livros, filmes e músicas atuais, é ainda mais fácil se imaginar nessa situação. Um ponto bastante abordado é a questão de acomodação com a tecnologia e como a falta de comunicação os faz buscar outro modo de se expressar, como o jeito de vestir e falar.
“Teria sido legal se todo mundo manifestasse um espírito tão livre Antes, mas melhor tarde do que nunca, acho.” Donna - Pág. 39
E isso leva a outra questão, a saudade. O autor é bem claro em mostrar o quanto seus personagens sentem falta de sua vida Antes, de seus pais e irmãos. Isso é demonstrado quando a personagem Donna nunca larga o seu iPhone, pois tem um vídeo de seu irmão nele e, apesar de já ter visto cem mil vezes, como ela diz, nunca cansa, pois é a sua única lembrança do passado.
“Quando penso nas várias vezes em que desejei que meus pais me deixassem em paz, tenho vontade de vomitar.” Jefferson - Pág. 46
Esqueci de mencionar que Jeff é apaixonado por Donna e no meio do livro a história deles se desenvolve, mas (ponto para o autor!) não se torna um ponto crucial a ponto de parar a trama para focar no romance, o que me deixou satisfeita, afinal eles estavam em busca de um jeito de sobreviver! Só espero que tenha mais enfoque no segundo livro hahaha
Confesso que quis ler esse livro principalmente por conhecer o autor, para quem não sabe ele dirigiu Lua Nova, mas me surpreendi com a história (principalmente com o final) e o tanto de conhecimento nela envolvida.
Sobre a edição, fiquei bem satisfeita com o trabalho da editora, quem já conhece a Seguinte, sabe como os livros são bem revisados e diagramados. A capa chama atenção com esse laranja ~cheguei~ e fica ainda melhor com os desenhos dos personagens, não fica atrás da proposta da original.
Resenha postada no Blog Feed Your Head.
site:
http://www.feedyourhead.com.br/2015/07/resenha-mundo-novo-chris-weitz-mundo.html