Tamires 18/10/2014
[...] Em dias assim, quem tem tempo pra parar, pra sonhar, na verdade? À espera de um Adeus ou um Adeus esperado? .-.
Fui apresentada a esse livro por meio de comentários nos corredores e nas redes sociais. Até então não conhecia a autora, ouvia-se apenas comentários a respeito do lançamento do livro. E quando me perguntaram se o título do livro me instigara, começaram as inquietações: Por que À Espera de um Adeus, e não um Adeus Esperado? Já que, pelos comentários feitos, havia uma crise num relacionamento e, quando se fala em crise, pode-se esperar um adeus esperado.
Então o livro finalmente é lançado e a espera acaba. Ops! Aí é que a gente se engana, a espera interminável nos persegue a todo tempo no decorrer do enredo. É o tipo de livro que você não consegue parar de ler; quer devorar o livro o quanto antes e ao mesmo tempo tem receio que ele acabe. E coloque receio...
Enfim, vamos ao livro
O que você faria se o amor da sua vida desistisse de vocês? Lutaria por ele ou deixaria o laço se desfazer?
Samantha, uma mulher religiosa, atarefada, centrada no que faz. Casada com Douglas, um marido que não sabe impor limite nos filhos. Muito ocupado, passa a vida salvando a vida das pessoas, enquanto seu casamento desmorona. Samila, filha do casal, entra na adolescência e, eis que uma série de problemas surge. Samuel, o caçula, é o queridinho da avó por se parecer tanto com o pai, fazendo-a esquecer que possui outros netos. Davi, o filho primogênito, tenta amenizar as questões familiares que rodeiam o cotidiano dos Cadore. Pra quem vê de fora, o modelo de família perfeita, como regem os padrões da sociedade.
As discussões de Samantha e Douglas se tornaram constantes, principalmente depois que Samantha consegue seu primeiro emprego. Tornando os dias curtos, com tanta coisa pra resolver. O marido, por praticamente sustentar a mãe e a irmã, não consegue dar tanta assistência a sua família. E pra onde estava indo o casal apaixonado como vira nas primeiras páginas? Estariam eles deixando a coisa toda escorrer pelo ralo? Diante de tantas discussões, estresses e tons de ironia, estaria de fato o laço se desfazendo? Eram cacos que ela não sabia como juntar. Samantha sentia falta dos conselhos do pai, mas, ainda tinha a mãe e, seu abraço caloroso. Em dias assim, quem tem tempo pra parar, pra sonhar, na verdade. O que Samantha não esperava estava por vir logo ao amanhecer. E o que se fazer quando se é pega logo ao acordar com um Eu quero o divórcio? Dentro de uma primavera, conseguiria ela salvar seu casamento? Estaria fazendo a coisa certa? Certamente, Samantha pensara no bem estar dos filhos.
A trama nos traz o tempo todo pra essa coisa que é a vida. Tanto é que logo nas primeiras páginas a riqueza dos detalhes nos instiga a continuar na espera. E essas reviravoltas que a vida nos dá da noite para o dia, ou seria um acúmulo de problemas tornando a situação pior? E a quem nos apegar quando a coisa toda aperta? Jorgeana nos mostra o clamor por Deus, exclamando, ainda, que amigo é pra essas coisas, é saber chorar junto, quando as bem(ditas) lágrimas insistem em cair. É, meu caro, quando não se sabe pra onde correr, temos Deus, uma amiga, a mãe. Ah, e a irmã. É, tem mais gente por perto do que se imaginava. E quando o orgulho fala mais alto? O medo de aquilo não dar certo. Estaria você se prendendo aos Se... enquanto poderia terminantemente desfrutar de coisas que poderiam ter acontecido caso tivesse tentado.
Samantha tem que reconquistar seu marido. Para isso ela vai ter de engolir o orgulho e o medo de não dar certo. Até porque diante de todo o caos, ela temia os comentários maldosos das pessoas. Não poderia acontecer com eles. Justo o casal perfeito. Só que, a coisa não era tão simples como apertar um botão de liga e desliga.
E por trás de um sorriso, o que há? O retrato de uma mulher insatisfeita com sua imagem. Uma mulher preocupada com os padrões impostos pela sociedade. É, é, e Samantha não sabia o que se podia encontrar nas páginas empoeiradas de um livro velho há muito esquecido na estante, até conhecer de fato a história do pai, um homem bom, segundo testemunhos. E Douglas? O cara que já salvara a vida de tantas pessoas, não poderia salvar seu próprio casamento?
[...]
À espera de um Adeus, não é mais um daqueles romances clichês que vemos por aí, em que os mocinhos se apaixonam à primeira vista e salvam e transformam suas vidas, com um lindo final feliz. Não!! O livro é o retrato fiel da vida, com todos os seus percalços e sofrimentos. A relação de Douglas e Samantha é construída dia após dia e vai se transformando do descaso à profunda admiração e orgulho.