Ronnie K. 10/05/2011
O Melhor Romance Rural da Literatura Brasileira.
Só mesmo quem lê em português para usufruir e apreciar todo o brilhantismo da linguagem utilizada em "O coronel e o Lobisomem". É linguagem inventiva, saborosa, musical. E, felizmente, longe dos experimentalismos tresloucados e de leitura intransponível de um "Grande Sertão: Veredas" (essa insanidade linguística adorada pela crítica especializada), por exemplo. Aqui, pelo contrário, temos um livro de leitura fluente, um autêntico "vira-página". Acompanhamos a irresistível saga de uma espécie de "Último dos coronéis", essa entidade da cultura sertaneja brasileira. Um coronel que desde o início do romance percebemos viver mais da fama e da lenda do que do própria realidade. Isso confere à narrativa um formidável teor picaresco, aventureiro e, ao mesmo tempo, muito muito divertido. "O coronel e o Lobisomen" é sobretudo leitura de prazer. O livro dá uma guinada no terço final e adiquire uma inesperada atmosfera de decadência e tristeza. É quando as coisas começam a se desmoronar; é quando, pode-se dizer, a realidade penetra, invade. Outro mérito da obra. É quando se percebe que nem tudo é só graça, aventura, tripudiações (ainda que inventadas). Ao final se sobressai o vazio, a loucura, a solidão, a morte. Onde o romance, para além de sua beleza literária, revela muito mais. Revela uma verdade. O que mais pedir de um grande romance? É ler para crer.