Fernanda | @psiuvemler 30/04/2016[Império Imaginário] Zeck Death, de Acácio BritesNo primeiro capítulo de Zeck Death conhecemos nosso protagonista: um vampiro do século XI que foi amaldiçoado mesmo antes de seu nascimento. Como já nasceu condenado a ser um vampiro e não passou pela transformação em uma certa idade como acontece com a maioria, ele não faz a menor ideia de como é a experiência vivida por um humano. Durante mil anos Zeck odeia a si por não saber o que é amar, ter fé ou simplesmente chorar. Ao longo de sua existência ele nunca descobriu qual é a sensação de ter um coração pulsando no peito.
Zeck Colossus vive uma relação bem estranha com sua família em uma mansão assombrada na cidade de Haunted. Samantha, mãe do jovem vampiro, é uma mulher diabólica e persuasiva, sem pudor algum e que é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que deseja. Brian, um dos irmãos de Zeck, é abusado e orgulhoso e nem faz questão de segurar seus instintos quando a oportunidade de matar aparece. Mike e Chris, seus outros irmãos, são mais pacíficos até onde ser uma criatura sedenta por sangue permite. Mike vive enterrado nos livros, absorvendo todo o conhecimento possível a respeito dos humanos e Chris, em sua vida humana, deveria ter sido uma garota adorável, pois apesar da carnificina que vampiros geralmente provocam, ela ainda gostava de pensar que talvez pudesse ter fé em algo. De todos, era a que tinha um melhor relacionamento com Zeck.
Foi quando Sarah Hitchens, estudante de história, chegou na cidade que a família se agitou. Durante um show da banda de rock dos irmãos Colossus, os olhos da garota encontraram os do guitarrista Zeck. Sarah era uma garota diferente, mas ninguém sabia explicar o motivo. Depois do show os dois passaram a se encontrar, cada vez com maior frequência e, obviamente, ali nasceu um amor, proibido apenas pela natureza dele e existência da mãe maléfica do rapaz.
Simultaneamente acompanhamos a história do inspetor William Roberts e a nova integrante do seu time de investigações, agente Amanda Liws, que tentam desesperadamente encontrar a causa dos assassinatos que marcaram a história da cidade de Haunted. Os dois começam a trabalhar juntos depois que corpos sem vida começam a aparecer misteriosamente em várias partes da cidade. A estrutura corporal de quase todas as vítimas sempre é destruída, como se tivesse sido atacada por um animal selvagem, mas um detalhe que nunca falta nos mortos é a mutilação do pescoço. O maior problema nesta investigação é que os policiais muitas vezes se recusam a acreditar nas pistas do provável assassino.
Sendo assim, presenciamos a narração de três histórias a de Sarah, o relacionamento conturbado da família de Zeck e as investigações do grupo de policiais que, de uma forma ou de outra, sempre acabam se conectando. É ótimo ver como as ações de um personagem determinam o futuro de outro, mesmo que eles não se conheçam. Acredito que esse laço que liga todos os personagens acabou se tornando o ponto mais alto do livro.
O enredo criado por Acácio Brites tinha tudo para ser magnífico, porém, para mim acho importante destacar isso , foi uma leitura um pouco frustrante. Acho que, pela realidade de eu não ter muita experiência com vampiros, acabei colocando expectativas demais no livro, crendo na possibilidade de que minha visão sobre essas criaturas pudesse mudar. Acabei me decepcionando porque o modo como esses seres foram trabalhados no livro não ajudou muito para que eu criasse afeição por eles. Por mais que eles tenham características próprias como a árvore genealógica que chamou minha atenção nas páginas finais do livro , os aspectos de tal espécie não conseguiram me convencer. Como um exemplo, dou as cenas de batalhas entre os irmãos, onde há o uso sobrenatural da força e velocidade. O fato de um vampiro dar um soco de direita inclusive, é um golpe bastante usado em cenas assim no outro e lançá-lo longe deixou o evento falso demais.
O meu maior problema foi não ter conseguido me conectar com os personagens. Não consegui desenvolver nenhum sentimento pelos protagonistas ou personagens secundários; isso tornou a leitura um pouco arrastada. É evidente que talvez isso tenha acontecido devido ao meu pouco contato com tais seres. Então quem curte vampiros pode muito bem se apaixonar por Zeck Death, pois os mistérios solucionados pelos personagens no decorrer da trama são fantásticos.
O ponto fraco do livro foi sua revisão e algumas partes da diagramação, lamentavelmente. Os erros que encontrei muitas vezes me desencorajaram a continuar a leitura, mas persisti e cheguei até o final. Erros como vírgulas e acentos em lugares onde não precisa e a falta deles onde as circunstâncias exigem, a falta de travessão para separar falas de ações ou um travessão no meio de uma fala e um novo parágrafo para a fala do mesmo personagem muitas vezes me confundiram. Outras coisas que me incomodaram foram o alinhamento do texto diferente do justificado, que estamos acostumados a ver e o exagero no uso de pontos de exclamação nos diálogos. Entretanto, a capa e os detalhes usados na separação de cenas foram muito bem programados.
Não foi uma leitura totalmente desagradável e acredito que se, futuramente, o autor decidir lançar uma nova versão da obra, uma revisão mais aprofundada pode provocar grandes mudanças. Mas, de qualquer forma, deixo aqui a indicação de Zeck Death O Ceifador do Milênio para aqueles que gostam de enredos com bastante mistério e chacina, assim como um romance que pode transformar o rumo de uma história.
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