Carol Cristina | @blogacdh 25/07/2015Rita e Felipe eram perfeitos um pro outro. Os dois tinham certeza disso, e todos em volta também (exceto seus pais, rs). O amor deles era pra sempre. Mas Rita tinha um curioso dom. Ela tinha sonhos que mostravam o futuro. Sonhos que, por mais que tentasse mudar, aconteciam.
Certo dia, Rita sonha com seu casamento... E descobre que o noivo não era Felipe. Mas nenhum dos dois quer que isso aconteça, e junto com seus amigos, Luana, Guilherme, Thati e Miguel, se unem em busca de uma solução, qualquer forma de fazer com que o sonho de Rita não se realize.
"Como ela ousaria se casar com alguém que não fosse Felipe? Ele era seu amor, seu passado, seu presente e futuro. Era com ele, com certeza com ele, que queria casar. Não com um estranho. E ela tinha certeza absoluta disso."
Felipe é um namorado extremamente ciumento; Rita é orgulhosa e tem uma personalidade muito forte. Os dois reagem como podem à situação, e o medo de perder um ao outro os leva a tomar atitudes que ainda conseguem piorá-la... Entre dramas, ciúmes, inseguranças e mentiras, Rita terá que descobrir o verdadeiro significado de seu dom e aceitar que a vida não é um livro clichê que você já sabe o final.
"- Você não tem o dom da vidência, pequena. Você tem o dom de mudar o futuro com os seus sonhos. Porque você acredita neles, mas não consegue controlá-los. Ainda. Seu futuro é embaçado, porque seus sonhos bagunçam tudo."
Esse é o segundo livro da autora que eu resenho aqui no blog, o primeiro foi Justa Causa. Durante a resenha vocês irão ver algumas comparações entre os dois pra percebemos as diferenças e evoluções. Fiquei muito contente em renovar a parceria com a Gislaine e poder viver mais uma de suas histórias.
Algo que a Gih está de parabéns é na questão de cada história que ela escreve ser totalmente diferente da outra. Se eu comparar Justa Causa e Os Sonhos de Rita, são abordagens, climas e linguagens diferentes. Também já li vários contos dela, então posso dizer isso. Ela é bem flexível e criativa.
Em Os Sonhos de Rita, a narrativa da Gih tem um bom ritmo e prende o leitor. O livro é pequeno mas a história é concisa e não afetada pela quantidade de páginas. Aquela rapidez nos acontecimentos que havia apontado em Justa Causa não ocorreu tanto aqui, o desenvolvimento dos fatos foi bem planejado.
Os Sonhos de Rita passa mensagens bem claras pro leitor, sobre amor, amizade, crenças, escolhas e suas consequências. A escrita da autora evolui nesse livro e mostra também seu lado crítico sobre questões sociais nas entrelinhas. O livro traz referências da literatura em alguns momentos, tanto com opiniões sobre leitor e leitura em si, como fazendo relações com passagens de livros específicos, no caso, O Morro dos Ventos Uivantes da Emily Brönte.
"Mas ele tinha por Rita um amor que duvidava que alguém pudesse sentir. Rita era parte dele. Ou todo ele. E perdê-la era perder a si mesmo."
O começo do livro tem um pouco de enrolação. Apesar do clima tenso propiciado pelo sonho deixar o leitor curioso, e a amizade de Rita, Felipe e seus amigos tentar deixar a situação mais leve e divertida; infelizmente o casal tem um tom super exagerado e dramático que chega até a irritar e tornar a leitura um pouco chata, pelo menos até metade do livro. Talvez tenha sido uma estratégia da autora pra convencer o leitor de algumas coisas, mas não funcionou muito comigo...
De verdade, eu fiquei até preocupada com o Felipe, rs. Ele é um namorado muito instável, possessivo e ciumento. Fofo e romântico também, entretanto, instável. Já a Rita é chorona, porém tem uma personalidade forte (e com certeza muito da Gih) e isso traz pontos positivos pra ela. Mas também achei que, no geral, todos os personagens se complementam na história.
O capricho na edição do livro é perceptível. A única coisa que eu não gosto é a expansão da imagem na capa =/ Os detalhes de diagramação das páginas podem parecer exagerados, mas combinam com a proposta do livro, e não atrapalharam minha leitura. Não encontrei nenhum erro de revisão \o/
Se o começo do livro me pareceu enrolado, o final foi um pouco corrido. A Rita, num certo ponto da história, acaba descobrindo quem é o noivo de seus sonhos, Thiago. Gostei muito dele como personagem e, confesso, mudei de torcida algumas vezes XD Senti falta de mais cenas entre a Rita e o Thiago, e também de algumas explicações no final do livro, principalmente sobre os personagens secundários (Gih, uma história sobre Lu e Gui cairia bem, hein? rs).
"Acho isso tudo tão injusto. Tem gente que passa a vida procurando um amor. E eu encontrei dois. Daria tudo pra que houvesse conhecido apenas um."
Tem outro ponto que eu gostaria de comentar também. O pai da Rita e a mãe do Felipe nunca concordaram com o namoro dos dois, principalmente por questões religiosas, tema que é muito abordado durante o livro. Não só sobre essa questão, mas em algumas situações no livro a Gih é muito taxativa ao se posicionar. Acho que alguns assuntos devem ser abordados com uma flexibilidade maior, até porque o público de leitores de um escritor é variado. Não, um autor não escreve livros para agradar todo mundo e tem o direito de defender a ideia que quiser na qual acredita, mas demonstrar uma visão unilateral e generalizar não é muito inteligente, na minha opinião.
Vocês não tem ideia de como esse livro termina! Gislaine Oliveira, QUE FINAL FOI ESSE? Reli várias vezes pra saber se tinha entendido direito, não sabia mais o que achar! Fiquei muito surpresa! Até agora não sei se concordo ou não com o desfecho, mas entendi que desde o começo do livro já estávamos sendo preparados pra isso.
O problema é que eu sou uma leitora chata. Eu gosto de livros que me cativam de verdade desde o começo... Por mais que do meio pro final as coisas melhorem muito, eu gosto de gostar de um livro por inteiro! Por isso, minha nota foi 3,5 para o conjunto de positivos e negativos dessa leitura. A recomendação vai depender muito do seu gosto pessoal de leitura, mas esse é um bom romance, com enredo diferente, bem escrito, que cumpre a função de entreter e com certeza faz o leitor pensar também.
"- A Rita ama você e você a ama. O que poderia separá-los?
- Os sonhos dela?"
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