Emanuel Xampy Fontinhas 24/07/2015
A grande família
Este foi um dos livros de Marcos Rey que não li durante a infância e agora estou feliz por não o ter lido porque, se bem recordo meu gosto literário da época, não teria gostado nenhum pouco. Hoje, adulto, li sem nenhuma pausa em duas horas. Não é um livro policial, como os que ele costumava escrever para os jovens; é um romance. Mas não se iludam, é um romance para jovens leitores. Não haverá descrições elaboradas sobre a psicologia dos personagens, nem nenhuma discussão metafísica. E isso é ruim? Muito pelo contrário, é uma maravilha que um escritor escreva um livro com essa sensibilidade e sutileza para adolescentes. Dá orgulho da nossa rica literatura. O livro tem um enredo simples, gira em torno das aventuras e desventuras de Dani, personagem principal, e sua família, a linguagem é dinâmica e os personagens são aparentemente triviais, mas se você ler com atenção, a discussão política está lá, o questionamento social está lá, os altos e baixos sentimentais estão lá, os grandes conflitos de identidade estão lá, mas é tudo escrito tão naturalmente e com tanto movimento, que parece apenas um livreco adolescente. E é, mas é um livreco genial. Pensando bem, eu teria amado ler esse livro na minha adolescência, mas ainda bem que pude lê-lo hoje, em duas horas ininterruptas.