Vanessa - @livrices 14/04/2019ExcelenteDormir é para os fracos? Ou seria dormir uma forma de resistência?
O autor começa destrinchando o sono e sua finalidade. Em seguida, descreve projetos reais e futuros de seres programados para estarem em funcionamento 24 horas, 7 dias por semana. Espaços iluminados 24/7. Um mundo sem noite. Produção ininterrupta, necessidades incessantes, corpos produtivos, capitalismo tardio.
-O clarão, nesse caso, não é o brilho lateral, mas a estridência ininterrupta do estímulo monótono, no qual é congelada ou neutralizada uma extensa gama de capacidades reativas.- (P. 43)
Os meios de comunicação vieram sedimentar esse -estilo de vida-, fazendo com que os indivíduos estejam inconscientemente consumindo-se e ofertando-se uns aos outros 24/7. O sono, drasticamente diminuído e desvalorizado, é o único momento de liberdade e segurança que ainda possuímos. Mas está ameaçado.
O ócio criativo já não existe, procuramos ocupar cada segundo de nosso dia com tarefas -úteis-, sob o véu da - otimização de tempo-. Sentimo-nos culpados se colocamos um prato no microondas e não preenchemos esse tempo de espera com outra atividade - diagnóstico de uma das doenças contemporâneas: a atrofia da paciência. (Tapa na minha cara).
Não é segredo pra nós que o capitalismo é incompatível com modos de vida saudáveis e prósperos. Os atuais sintomas que sentimos e ignoramos não são consequências indiretas, são objetivos, são meios para a construção de seres vivos -inanimados-.
A docilidade, o isolamento aliado à espetacularização digital e a produtividade incessante estão nos guiando no sentido da barbárie, ao mesmo tempo em que fabrica em nós a ilusão da escolha e da autonomia.
Interessante também a parte que o autor discorre sobre a desvalorização dos sonhos e/ou a terceirização de suas reflexões a analistas ou outros profissionais. Também comenta a questão do contato infantil com as telas.
- A modernização não poderia prosseguir num mundo povoado por uma massa de indivíduos convencidos do valor ou potência de suas próprias visões ou vozes internas. (p. 115)
É necessário pensarmos e avaliarmos como nossa experiência e percepção de mundo está sendo reconfigurada com o ritmo, velocidade e formas de consumo aceleradas/intensificadas da era digital. Por fim, o autor não nega totalmente os meios de comunicação, atribuindo seus devidos elogios quando são usados em segundo plano, a serviço de relações pessoais físicas JÁ EXISTENTES.
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