Cassiel 17/05/2023
Um ensaio sobre como o capitalismo contemporâneo afeta uma das últimas barreiras naturais contra os interesses produtivo-exploratórios do capital: o sono.
O autor expõe sua premissa, partindo da descrição de pesquisas norte-americanas, que investigam a capacidade de determinado pardal de passar cerca de 7 dias sem dormir durante suas migrações (obviamente a fim de aplicá-la aos homens), passando pelos dispositivos panópticos de Jeremy Bentham (depois revisitados por Foucault) e chegando à tese: diversos fatores confluem numa mesa direção, a de degradar e personalizar o sono ao bem querer neoliberalista. (Até mesmo porque, quem não gostaria de empregar funcionários que não dormem!?).
Dos pontos visitados por Jonathan, os que mais me chamaram atenção foram, dentre outros:
1: O sono como uma experiência individual-coletiva, pois pressupõe certa entrega de si mesmo ao cuidado do outro e os sentidos da confiança e do trato social de que ninguém nos atacará enquanto estivermos adormecidos. Como laço comunitário, então, o sono seria diretamente confrontado pelo individualismo empreendedor do capitalismo em globalização tardia.
2: O ciclo sucessivo de reinvenção dos produtos tecnológicos sob a máscara de algum avanço técnico
3: O tão almejado, pelas empresas, controle do tempo visual, no qual observamos as coisas, do indivíduo e a tão desejada capacidade de se extrair todo tipo de informação com base nos movimentos do globo ocular.
Nesse livro, de relativamente poucas páginas, ainda existem muitas outras reflexões intrigantes, então com certeza deve ser lido!