Um Prazer Fugaz

Um Prazer Fugaz Truman Capote




Resenhas - Um Prazer Fugaz


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Marcos Nandi 18/01/2024

As cartas escritas por Capote nesta coletânea são, digamos, nada fugaz. Apesar de ter muita futilidade do dia a dia, havia muitas questões que evidenciam uma carência do autor em desabafar.
Inclusive, o autor não se roga a falar só de seus sucessos ou só falar bem das pessoas. Ele às vezes é bem autocrítico e cruel com quem não gostava (e com ele próprio). Extremamente carente, frágil, precoce intelectual e artisticamente, mas imaturo no aspecto emocional (aspas do autor).

É engraçado ele falando mal de gente famosa e gente que possui livros canônicos. E é legal ver ele falando sobre ninguém menos que Garbo, Chaplin e Hepburn.

É interessante ver que desde os primeiros escritos Capote já teve um considerável sucesso.

As cartas também abrangem os anos em que o autor esteve fora dos EUA, viajando e morando, na Europa e na África (de 1949 até 1959).

As cartas também relatam as crises criativas e as inspirações e o dia a dia do trabalho como escritor. E claro, as crises financeiras também.

É engraçado ele convidar todo mundo pra visitar ele na Europa ou na África, como se fosse algo muito barato e acessível KKKK.

O autor também falará sobre a solidão que se sentia, e também, de várias questões de saúde oriundas do tabagismo.

Além disso, ficamos sabendo sobre o processo criativo dele escrevendo peças de teatros e roteiro de cinema (que ele odiava - Os inocentes é muito bom). É óbvio, a parte mais interessante: o processo criativo de "A sangue frio" e também, bonequinha de luxo.

É muito legal ele dizer que já visitou o Rio de Janeiro e a Bahia.

No final da vida, desenvolveu alcoolismo e se envolveu numa grande polêmica: fez um livro expondo os segredos dos seus amigos ricos, gerando assim, uma solidão ainda maior.
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Mari 16/05/2021

Definitivamente, ler as cartas de Truman Capote é um prazer, se não tanto fugaz, certamente não muito fácil (na falta de termo melhor). Vi algumas resenhas reclamando a respeito das cartas serem de certa forma esparsas, mas não vejo isso como desvantagem da compilação. Compreendo que a intenção tenha sido apresentar as cartas de forma cronológica, para que pudesse surgir uma espécie de 'biografia' orgânica do conjunto. Claro, há incontáveis referências a pessoas, lugares, acontecimentos, obras artísticas de todo tipo - pelo que é impossível apreender tudo. Mas, sim: ali está a vida de Capote. Das menores insignificâncias às grandes exasperações. A angúsita/expectativa durante a criação de A sangue frio é particularmente interessante - mesmo sabendo o desfecho de tudo - do julgamento, da finalização do livro, de sua recepção e consagração internacional, sofremos junto no labirinto de apelações judiciais que envolveram o caso e adiaram o final do livro durante praticamente seis anos.
Fica também patente também o Capote exuberante das festas, viagens, da hight society, do glamour e escândalos, do disse-me-disse, da fina flor cultural/intelectual dos anos 40 a 'early 80s'; sem prejuízo, contudo, de um Truman extremamente amoroso, que nunca deixa de brincar com seus interlocutores, demonstrar zelo e atenção às minúcias da convivência, oferecer afagos e agrados, tramar encontros e disponibilizar oportunidades, sempre iniciando e encerrando suas missivas com uma profusão de adjetivos carinhosos, como um menino do interior, um coração revelado, uma figura indubitavelmente extraordinária.
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Léia Viana 15/05/2021

"Eu sou quase do tamanho de uma espingarda e faço tanto barulho quanto."
Existem várias maneiras de se começar uma leitura, assim como existem várias maneiras de você conhecer um escritor. Você pode simplesmente começar a ler o primeiro livro que ele escreveu, ler um grande best-seller escrito por ele ou fazer como eu fiz: ler um livro de correspondências.

Gosto muito de livro de cartas. Além de termos uma certa "intimidade" com quem a escreveu, pois o acesso está ali, nas linhas escritas, seus medos, alegrias e receios. A profundidade e a superficialidade da carta nos mostra um pouco quem está segurando a caneta e expressando o que sente. Além do pensamento e sentimento daquela pessoa, as correspondências permite que o leitor entenda um pouco o contexto da época em que a carta foi escrita.

Ainda não li nada de Truman Capote, mas assisti ao filme "Bonequinha de Luxo", do célebre livro dele: "Breakfast at Tiffany's", do qual gostei muito.

Fazia muito tempo que um livro não me despertava o interesse em pesquisar as pessoas que estavam sendo apresentadas, como esta obra o fez. Editores, críticos literários, amigos, artistas, parava e pesquisava quem era o destinatário que recebia uma carta afetuosa, ou não, de Capote, e acabava descobrindo muito mais. Por isso foi um livro enriquecedor e uma leitura prazerosa.

Claro que também tem fofocas, sim, Capote era carinhoso para quem ele enviava suas cartas, assim como ele era "maldoso" e "julgador".

Gostei demais das críticas em relação as peças teatrais, livros e entrevistas citadas nas cartas de Capote que fiz uma listinha de alguns livros que era ler e estou pensando em chamar carinhosamente de "Dica de Capote".

Este livro trás apenas as cartas que Capote escreveu a seus amigos e seus desafetos. Era um cara muito inteligente e irônico, bem-humorado e muito carinhoso. Suas cartas são afetuosas e transportam amor, entretanto, assim como ele colecionou amigos ele também colecionou desafetos por causa de sua língua ferina.

Gostei muito desse livro.
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Lucas.Marques 02/11/2020

Revista de fofocas
Se tinha algum autor, que eu tinha muita expectativa, esse autor era o Capote. Mas esse livro me decepcionou. Parecia que eu estava lendo uma revista de fofocas dos anos 60.
Cartas vazias, cheias de fofocas, desconexas. O que salva são as notas de rodapé. Demorei quatro meses pra ler (esse livro me deixou de ressaca literária, não conseguia ler mais nada), hoje eu finalmente terminei, lendo a muito custo, as páginas que faltavam. E agora, espero voltar a rotina habitual de leituras. E espero que a minha próxima experiência com Capote seja mais interessante.
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Eclipsenamadrugada 23/04/2020

Classifiquei este livro com 4 estrelas. "Um Prazer Fugaz" posso afirmar que na realidade é uma biografia de Truman Capote contada nas cartas que escreveu à todas as pessoas que lhe eram caras. Um "Prazer Fugaz" através das milhares de cartas escritas, Truman Capote consegue relatar cada momento de sua vida, aqui ficamos sabendo o que fazia o que pensava, quem eram as pessoas que fazia parte do seu mundo, das inúmeras viagens feitas a passeio ou a trabalho, conheceu os quatro cantos da terra, colecionou amizades com reis, rainhas, príncipes e princesas, personalidades da mais alta sociedade de todo o planeta, teve uma vida incansável, que na realidade o deixava cansado de tantos eventos e viagens. Teve uma vida extremamente intensa. Uma ótima leitura, é minha opinião.
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TiagoHelmer 08/05/2019

É um livro diferente de tudo. Não é uma biografia, não é uma autobiografia. São as cartas do escritor estadunidense Truman Capote organizadas no tempo, sem alterações. Por esse motivo o livro é tedioso, mas consegue trazer uma experiência grandiosa. Nenhum personagem criado, biógrafo ou até mesmo uma autobiografia consegue trazer tamanha exatidão ao descrever uma personalidade. O leitor sente que conhece Capote no final do livro, o leitor decifra Capote. É um exercício de historiadores, biógrafos e antropólogos. Uma fonte histórica real, sem interferência.

Com a leitura dá para perceber o humor de Capote, seus medos, seus sonhos, em quem ele confia, suas experiências diárias, etc. Em uma carta em particular ele descreve sua vida na infância, contando sobre o suicídio da mãe, o abandono do pai, problemas na escola. Em outra carta ele responde a uma pergunta sobre sua crença em Deus, mostrando sua experiência pelo budismo, a admiração pelo catolicismo, mas que naquele momento ele estava bem consigo e que estava aberto para outras crenças. Enfim, você realmente conhece Truman. Nos momentos em que ele escreve cartas a amigos sobre a construção de sua obra “A Sangue Frio” mostra a sua perseverança, perfeccionismo e maestria como autor. Foram aproximadamente cinco anos que ele se exilou na Europa para escrever o que para vários críticos foi sua obra prima, ele realmente se dedicou o máximo e o resultado foi extraordinário. O que mais impressiona nas cartas é o bom humor de Capote, mesmo em momentos difíceis ele recorre ao bom humor. Escrever cartas para ele era realmente “um prazer fugaz”, título desse livro.

Por se tratar de cartas do dia a dia é preciso paciência e ter critério para absorver o livro, pois existem momentos de simples informações cotidianas e até mesmo fofocas desnecessárias, mas essa é a mágica do livro. Essa obra te obriga a ter sensibilidade, levando em consideração a infância difícil de Capote e por ele ter sido homossexual em uma época ainda mais preconceituosa. Além disso, o bom humor e a perseverança no trabalho é fonte de inspiração.

Por fim, como se não bastasse essas experiências, ainda é possível refletir sobre o fato de mandar cartas e como a distância pode aproximar as pessoas. Familiares que se veem todos os dias constroem muros invisíveis do cotidiano. Basta a distância e nasce a oportunidade de expressar coisas que jamais seriam expressadas. As cartas de Capote mostram isso. O outro lado da moeda é o fato de que a tecnologia tornou a benção que existe na distância uma banalidade. E-mails, aplicativos. Existe a ideia que a pessoa está próxima, mas não está. As cartas dão o devido respeito a esse algoz, a tecnologia muitas vezes não.


Caio Pompeu 30/01/2023minha estante
Excelente resenha. Parabéns!




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