Carla D 26/10/2010Estou com medo de deixar uma review para este livro e não conseguir chegar nem aos pés do trabalho de Stieg Larsson. Se os dois primeiros livros da série já eram excelentes, o último volume explica o porquê do sucesso mundial da triologia. O que deixa triste é saber que o autor pretendia escrever dez livros com as sagas da revista Millenium, mas morreu depois de escrever apenas os três primeiros. Mas isso não é motivo para se preocupar com a continuidade da história. Os três livros são um ciclo fechado e não deixam nenhuma ponta solta mal explicada.
Uma das coisas mais legais do livro é a abertura de cada capítulo; um pequeno texto sobre diferentes grupos de mulheres guerreiras ao longo da história nos é apresentado. Mulheres que conquistaram grandes vitórias de seus exércitos, seitas, ou mesmo atitudes isoladas que, por algum motivo, caíram no esquecimento dos meios de comunicação. E essas aberturas caem muito bem com a história do livro. Apesar do protagonista ser o jornalista Mikael Blomkvist, as verdadeiras heroínas são mulheres guerreiras em suas respectivas profissões. Uma jornalista, duas policiais, uma investigadora particular, uma advogada e claro, nossa hacker favorita, Lisbeth Salander.
O primeiro e o segundo livros da saga sempre fizeram questão de mostrar violências (física e moral) contra as mulheres; crimes que acabam sendo despercebidos ou até mesmo toleráveis pela sociedade. Neste último volume, entretanto, o mais alarmante é como o preconceito contra mulheres ainda existe em várias esferas da sociedade e disfarçado de diversas formas e ideologias. Entretanto, as mulheres de Larsson não passam o livro inteiro lamentando sua má sorte, mas enfrentando seus antagonistas.
Mas não, esta triologia não é um manifesto feminista, estes detalhes estão muito bem enroscados na linha principal da história. Um suspense policial do tipo que você não consegue parar de ler, trazendo de volta os dramas de espionagem que achávamos que haviam morrido com o fim da Guerra Fria. Afinal, que clichê mais óbvio que o "espião russo que sabe de segredos cruciais do país"? Para Stieg Larsson não é um clichê, mas um gancho para uma história que nos entrete e ao mesmo tempo denuncia muitos aspectos da nossa sociedade.
Recomendadíssimo. 5 estrelas. Leiam!