EWERTON 26/07/2017É feliz aquele que tem o que quer?Uma pequena obra onde Agostinho reflete sobre o que é ser feliz. Esse livro não pretende ser um tratado filosófico geral, mas ele usa a filosofia como meio para destrinchar o assunto com pressupostos teológicos. Aqui vemos claramente a teologia como estrutura fundamental para chegar a conclusão e a filosofia como a ferramenta usada para conectar a linha de pensamento.
Agostinho incita seus "discípulos" através de perguntas e respostas que vão dando o tom e construindo o pensamento até que cheguem a conclusões satisfatórias e elucidem o assunto ao máximo possível. Ele usa sua capacidade argumentativa durante todo o processo e essa eloquência é essencial para prender o interesse das pessoas ao ouví-lo.
Algumas obras de Cícero e Platão levaram Agostinho à filosofia e influenciaram a forma com que ele trata sobre esse assunto ( pg.10-11), porém no fim da obra vemos que sua conversão e leitura bíblica são essenciais para a conclusão que chegou. Podemos considerar a pergunta fundamental para o debate (pg.17): " é feliz aquele que tem o que quer? ", pois através dela há uma série de reflexões sobrepostas e complexas.
Quem já leu as Confissões de Agostinho, percebeu o grande vínculo que ele tinha com sua mãe Mônica, porém o relato nas confissões, apesar de contar a linda história deles, não registra documentalmente palavras proferidas diretamente por ela como nessa obra. Aqui encontramos uma Mônica, envolvida e até participando com indagações e respostas interessantes, apesar de não ser uma especialista, podemos considerá-la uma entusiasta apreciadora do que está sendo discutido.
Alguns raciocínios ficaram marcados, como é o caso dos bens fortuitos que podem ser perdidos. Quando alguém tem seu foco de amor e felicidade concentrado nesses bens e teme perdê-los, não pode ser plenamente feliz, pois esses bens são temporais, já o que é eterno não é perdido, Deus é eterno e quem o tem é feliz.
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