daniel_ 04/10/2021
"Todo aquele que é feliz, portanto, tem a Deus"
“Sobre a Vida Feliz” é um diálogo de Santo Agostinho de Hipona, que faz parte dos Solilóquios, uma coletânea de diversos pensamentos do santo, e que foi transformado em livro pela editora “Vozes de Bolso”. O diálogo ocorre com seus amigos e familiares que se inicia no dia de seu aniversário. Nele, o autor discute sobre como encontrar a verdadeira felicidade.
O autor começa dialogando que existem dois tipos de alimentos: do corpo e da alma. Assim como o corpo é saudável se estiver bem alimentado, a alma também deve estar saudável apenas se bem alimentada. Os alimentos da alma são a sabedoria, pois espíritos desprovidos de cultura e instrução são como espíritos em jejum e famintos, e a virtude, pois uma alma virtuosa é uma alma sem devassidão (a mãe de todos os vícios), que desnutre a alma causando-lhe fome e pestilência. A virtude contrária ao vício da devassidão é a moderação.
Como podemos ser felizes, então? É possuindo ambas: a sabedoria e a moderação. Leva-se em conta que ambas não são coisas perecíveis, como o dinheiro. Quem possui apenas dinheiro (por mais abundante que seja) será infeliz, pois quem teme perder aquilo que tem, não é feliz.
A pessoa só será feliz se estiver com sabedoria. A falta de sabedoria (mesmo enquanto a busca) não fará a pessoa feliz, pois ela ainda não está “plena” de sabedoria. Aqui entra a moderação: estar pleno de algo é estar completo de, portanto, a plenitude significa moderação, ou seja, não lhe falta e nem lhe sobra nada. A moderação, como dito anteriormente, é uma das virtudes da alma. Portanto, será feliz aquele que estiver pleno de sabedoria.
E que sabedoria devemos procurar para sermos felizes? O sábio só será feliz se encontrar a verdade, que o completará. Em João 14:6, Cristo deixou claro: “Eu sou o caminho, e a Verdade e a vida”. Cristo é a Verdade e é o Filho de Deus, e o Filho de Deus é seguramente Deus. Todo aquele que é feliz, portanto, tem a Deus.
É lógico que o diálogo é muito mais profundo que essa resenha, mas fica a dica para todos os que querem se aventurar em Agostinho. O livro é pequeno, com 43 páginas e possui uma leitura muito fluida. Está mais do que recomendado.