debora-leao 18/01/2024
Excelente introdução aos temas do livro.
Uma leitura para te imergir em reflexão. Não sou cristã, sou candomblecista agnóstica rsrsrs, e flerto com o niilismo de vez em quando. O título desta resenha se dá por isso: para mim, uma leiga, a introdução ao tema pela leitura desse livro foi excelente.
O livro é curto, mas me consumiu 10 dias lendo. No estilo usual de Karnal, com uma pegada diacrônica que nenhum historiador me parece resistir, rsrs, pontuada por algumas digressões, temos um livro que traz muita sensibilidade junto a suas reflexões. Constantemente, o autor nos faz apontar o dedo para nós mesmos, pensar sobre nossos próprios pecados e sobre a extensão de nossos perdões. Emocionei-me em diversos momentos.
As histórias contadas são muito relevantes e a didática, eficiente. Além disso, os capítulos são bem distribuído, abarcando ideias bem delineadas e coesas. Gostaria de elogiar, também, a postura madura e imparcial de Karnal por ser um homem sem fé que preserva a admiração por essa dimensão tão humana da experiência.
O livro não obteve nota máxima na minha avaliação por um pequeno detalhe: por vezes, causou microtédios, sempre muito pontuais, por conta dos assuntos e/ou exemplos fornecidos. Melhor dizendo: sempre que havia uma comparação com o capitalismo de forma genérica, com o empreendedorismo de forma ampla, etc, eu me distraí. Sou uma pessoa de esquerda que adora refletir sobre esses assuntos, porém, eventualmente em Pecar e Perdoar eles me pareceram genéricos demais. Não ocorreu sempre: no penúltimo capítulo a reflexão é sobre os pecados no mundo contemporâneo e não é superficial. No fim das contas, esse meu enfado eventual não diminuiu minha percepção do brilhantismo ou a originalidade da obra, que é uma iniciativa incomum, ousada e bem-executada. Para gracejar com o tema do livro, no que me tange e no que útil lhe seja, Karnal tem meu perdão.