Claudio 30/07/2017
Surpresa! Minha forma de pensar não tem nada de excepcional!
Não sei bem por onde começar. Esse livro mexeu comigo, de verdade. O que, a princípio, pensei ser um estudo sobre o deus cristão (ou o seu conceito) em diferentes tempos, virou-me uma profunda análise sobre a estrutura do pensamento ocidental.
E, surpresa, minha forma de pensar não tem nada de excepcional. Grande descoberta! Claro que já sabia disso, mas Karnal foi expondo essa verdade página por página e não deixou dúvidas em aberto. Com os argumentos tão bem estruturados, fica claro o quanto nosso modo de viver é permeado pelo pensamento religioso e, na nossa ânsia por independência, nos damos conta disso? Eu não dava...
. "A crença no trabalho como redentor, na preguiça como pecado, no poder do indivíduo definir por completo sua vida, no controle cada vez maior do que se come e como se come, na busca desesperada do corpo perfeito, no anseio de ser popular nas redes sociais e tantas outras: em tudo parece existir uma metafísica do indivíduo, uma teologia da solidão ou uma busca de além no além.
A alma perdeu-se um pouco como horizonte e o corpo tenta ocupar novos espaços vazios. O bem-estar físico passou a ser o templo do bem-estar, a vitrina do narciso e a casca de um mundo que não tem outra coisa além dela"
Não sou ateu, mas também não me preocupo com deus. Ao terminar a leitura me senti mais propenso a procurar deus, e isso é estranho para mim. Não foi a intenção do autor, o livro não se propõe a isso, não é um livro religioso - nem passa perto -, mas foi o resultado que me coube. Curioso, não?
Talvez alguém religioso leia este livro e termine com uma impressão completamente diferente da minha, ou talvez não. Leia aí e me diga!