Guilherme Ramos 07/02/2019
Um amor empata... Verdadeiro e raro. Livro cheio de fortes emoções.
Raio azul é um livro com fortes emoções, trás a estória de um amor proibido. Mas, porque proibido? Quem proibiu? Qual a verdade por trás disso?
Nesse livro vamos navegar um pouco pelo universo das artes, principalmente as pinturas e também as esculturais e como elas dizem muito sobre nossa personalidade, nossos sonhos, desejos e segredos. O portador desses dons tão sensíveis é Raul, um jovem apaixonado pelas artes, muito bem conceituado e muito bem visto e querido no mundo das artes, ele vive na Espanha com sua família, composta de pai, mãe e irmão, mas, nasceu no Brasil e desde novo tem desejo de conhecer sua terra natal, no entanto enfrenta resistência por parte dos seus pais, excepcionalmente sua mãe, Consuelo, por conta de um drama do passado que os envolve quando residiram no Brasil.
Enfrentado as barreiras, mas, sem confrontos diretos, Raul vem com seu irmão mais velho Ramon ao Brasil e aqui viverão algumas aventuras que mostrará a eles que a verdade demora, mas, uma hora aparece com força, modificando todos os destinos, alterando rumos e quebrando correntes. Raul enfrentará uma série de obstáculos e contará com a ajuda de Imaraji, um Pajé, líder de uma comunidade indígena brasileira que o acolhe no momento mais crítico de sua vida e que com seus conselhos e sabedoria auxiliará o homem branco a olhar situações com outros olhos, a meditar, analisar e por fim evoluir.
O livro vai abordar um pouco também sobre cultura indígena e vai abordar temas como amnésia, lei do retorno, desavenças e rivalidades na família, renúncia, depressão e também sobre intuição e pressentimentos. No entanto o grande lance desse livro é a força do amor, do amor puro, inocente e verdadeiro, como uma pessoa é tão ligada a outra ao ponto de sentir seus sentimentos, sentir sua presença sem a outra estar fisicamente ali, sentir seu cheiro sem a outra estar por perto, sentir sua paz ou sua irritação mesmo a raios de distância, sentir sua dor e sua vida enfim, almas afins que já viveram diversas existências juntas e que se reconhecem mesmo sem se ver. A parte do romance é a mais cativante desse livro, um enredo que nos conquista em forma de torcida e que em determinados momentos nos trás a sensação de angústia profunda, mas, também uma esperança incrível.
O livro aborda pouco sobre a espiritualidade, achei um pouco morno nesse campo e acho que poderia ter explorado mais com a personagem Evita que frequentava um centro espírita e que poderia ter apontado mais seus aprendizados no enredo, ou mesmo explorado um pouco mais sobre a espiritualidade dos indígenas, rituais e celebrações ou simplesmente explorado mais sobre os ensinamentos de Imaraji, o sábio Pajé. Um outro fator que achei muito incoerente foram as sucessivas viagens aéreas dos personagens: Brasil > Espanha x Espanha > Brasil, uma vez que a estória tem dois núcleos de enredo que são exatamente nesses dois países; em vários momentos do livro por exemplo, um parente quer visitar o outro em seu país e faz com imensa naturalidade como se fosse "ali no bairro vizinho", achei muito inocente a forma com a qual foi escrita essas partes, mas, enfim, isso não t ira o mérito de ser um bom romance, a gente se perde na conexão de Raul e Liz, protagonistas dessa trama, justamente por ser uma conexão tão deles, quase impenetrável, algo tão intenso e tão inexprimível ao mesmo tempo que talvez somente uma tela pintada para traduzir algo tão belo, verdadeiro e incomum. O melhor disso tudo é quando chegamos ao final e esse final é simplesmente uma deixa de uma possível de continuação desse romance, faz sonhar, imaginar...
Gostei muito dessa leitura e mesmo com os apontamentos críticos, recomendo a todos!