Nanda 08/04/2016
É muito difícil começar essa resenha sem puxar muito o saco do Levithan, mas vou tentar. Não apenas isso, existe o fato de que Another Day conseguiu quebrar todos os pedaços que eu tinha reconstruído meses depois de finalizar Todo Dia.
Eu não sou a maior fã de ler a mesma história sob um ponto de vista diferente, embora eu acabe sempre lendo. Muitas vezes me decepciono com as atitudes da outra metade e isso desconstrói completamente a imagem que eu tinha dela. Felizmente, não foi assim com esse livro.
Logo nas primeiras páginas eu me identifiquei com a Rhiannon. A personagem tem aquela necessidade de carregar o mundo nas costas e de se entregar totalmente. Não se sente encaixada nos padrões, mas muitas vezes não consegue escapar deles. É nesse mar de dúvidas que ela se encontra, enquanto deseja descobrir quem é.
Quem já conhece a escrita do autor sabe da sua capacidade de criar quotes memoráveis a cada 10 letras. Em Another Day não é diferente. A minha vontade era de sair riscando o Kindle com marca texto em praticamente todas as páginas. Porém a história não se constrói apenas em frases de efeitos e cenas memoráveis. Existe aquela profundidade nas entrelinhas, que faz com que o leitor deseje e não deseje chegar ao fim.
Eu estava com muito medo de não gostar do livro, principalmente por só ter conhecido a Rhiannon pelo pov de A, que parecia colocá-la em um pedestal. Foi um alívio perceber que ela é humana, que comete erros e que se arrepende, mesmo quando não consiga consertá-los. Ela se importa com quem está ao seu redor (às vezes até demais) e tenta ao máximo não desagradar ninguém, mesmo que isso faça com que ela se sinta oprimida. E isso é meio triste.
Eu pensei que por já conhecer a história, eu não ia me emocionar tanto. Ledo engano, acredito que chorei tanto (ou mais) do que em Todo Dia. É engraçado pensar que eu já sabia o que ia acontecer em muitas partes e mesmo assim me surpreendia, pois agora estava vendo tudo como a Rhiannon e suas opiniões e atitudes são muito diferentes da de A.
Uma das mensagens mais bonitas que o autor passa é que o importante não é a embalagem, mas o que está por dentro. Ele mostra que é possível amar alguém, mesmo que você não consiga enxergá-lo de fato. Acima de tudo ele mostra que, apesar de acharmos que o amor não tem barreiras, ele de fato tem. E que é preciso coragem para ultrapassá-las e força quando não se consegue.
Para todos que já conhecem essa história, recomendo que se entreguem novamente e preparem os lenços. Para os que não conhecem, procurem agora. Tenho certeza que não irão se arrepender.
site: http://www.entrelinhascasuais.com/2015/07/resenha-another-day-david-levithan.html