Clayton De La Vie 12/05/2015
Deuses entre nós
Durante centenas de anos, os povos antigos ergueram templos em homenagem aos deuses, tentando, assim, buscar o aclamado perdão para a sua alma pecadora. O que erroneamente classificamos hoje como mitologia esteve presente na vida de diversos povos como religião - por que não dizer que ainda está?
O contato com deuses se fazia presente através de preces. Algumas culturas consideravam digno o sacrifício humano em prol de ter uma visão do paraíso.
Sempre aprendemos que os deuses e heróis gregos, astecas, nórdicos, celtas e etc não passaram de mito, uma forma que os "homens intelectuais" - pois acreditavam cegamente que somente a sua definição sobre religião era a correta - encontraram para entreter a mente curiosa dos jovens. Todavia, sempre ficávamos com a famosa "pulga atrás da orelha", ponderando acerca dos feitos, buscando teorias para as batalhas e também ansiando por um pouco daquela glória, daquele poder estupendo.
Através de textos sucintos (contos), Ferramentas dos Deuses, do autor Fábio Bahia, mostra essa necessidade do homem, a busca pelo conhecimento de algo novo e o desejo incessante por vitória.
Utilizando-se de elementos culturais antigos, os contos que são apresentados ao leitor denotam uma criatividade exímia. As chamadas Ferramentas dos Deuses são artefatos que, além de místicos, conservam uma altíssima tecnologia. Todos os contos possuem a sua particularidade, é claro, todavia alguns textos são descritos como a própria mitologia prega, embora sejam narrados em épocas distintas.
Os jogos por poder, a vingança bem estratégica, o rancor e até a notória falta de discernimento humano são marcas registradas nessa obra. Tudo milimetricamente calculado para que o leitor se sinta parte do enredo e, acredite, você fará parte dele. De alguma forma, o conto "Selfie" irá retratar uma situação que você vivenciou, seja direta ou indiretamente. Nesse texto, em particular, fica visível o que o vício por internet é capaz de fazer com as pessoas, desviando-as de valores morais e éticos.
Um outro conto que acho válido salientar é "O Velho Salém". Essa história também não foge do nosso cotidiano, apesar de possuir uma característica mágica. Salém é o típico idoso que adorava criticar.
- detalhe: ele era um homem bem instruído, portanto seus argumentos eram bastante embasados. -
O homem não perdia a oportunidade de magoar alguém, utilizando-se de seu vocabulário amplo, munido de grosserias dos piores tipo, até que viveu uma situação incomum, depois de ir ao zoológico. Essa é a parte mais interessante do conto, pois, embora Salém fosse muito inteligente, a sua capacidade para criar poesia era limitada, e mesmo assim ele se arriscou; com enunciados de ódio, se dirigiu a um ser que não podia retrucar: uma cobra. Para a sua surpresa, o animal replicou, deixando-o sem reação. Desde então, o velho parou de criticar.
Há apenas doze contos no livro, mas eles lhe garantirão uma boa dose de risadas, angústia e, quem sabe, o farão refletir a respeito de alguns valores que você possui, ou melhor: poderá agregar novos valores.
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