Marcos Nandi 10/09/2021
Amei
Não esperem encontrar sentido nesses escritos. Virgínia vai além do que podemos compreender. Muito mais que prosa poética e fluxo de consciência. É algo frenético e íntimo. Mesmo que você não entenda, você vai se emocionar.
A presente obra é uma coletânea de crônicas. Farei uma pequena resenha de cada crônica, sem spoiler, avaliando com uma nota de 1 a 5.
Não tenho pretensão de contar a história, já que às vezes não tem uma.
Montaigne - Um ensaio sobre o filósofo. Não o conheço e nem conheço sua obra, então é distante de mim. Mas é uma bela dissertação sobre entre outras coisas, a velhice e a memória. Nota 2.5/5
Memórias de uma filha: Leslie Stephen, o filósofo em casa - memórias sobre o pai da autora. Um texto belo que mostra o fascínio, admiração e o temor que a Virgínia tinha pelo pai. Um texto distante igual o anterior. Um retrato de um homem na época, que para os padrões desta, era até liberal quanto ao direito das mulheres. Nota 5/5
A paixão da leitura - Essa crônica, a autora, vai comentar sobre a paixão da leitura. Óbvio que de uma forma... digamos..complexa. Para a autora, temos que ler um livro como se estivéssemos o escrevendo, como réu. E depois como juiz. E ler críticas e resenhas, depois de formada a opinião do leitor (isso eu faço hahaha), assim, estaremos ajudando bons livros e prejudicando livros ruins. Nota 3.5/5.
Flanando por Londres - Texto excelente, porém, muito longo. A autora usa do artifício de comprar um lápis e começa a andar por Londres, nota os detalhes das pessoas, dos locais. E como Londres, até certo ponto, é uma cidade como qualquer outra. Numa parte do texto eu me perdi e tive que reler hahahahah. O texto não aparece um ensaio, mas uma crônica. Nota 4.5/5
Anoitecer sobre Sussex - Reflexões no interior de um automóvel - Um texto como o título já diz de reflexão. A autora reflete sobre como será o futuro de Sussex (entre outras análises). Nota 2/5
Sobre estar doente - A autora discorre sobre a doença. E como seria interessante ter livros em que o foco seja a doença. Por exemplo, um romance sobre a gripe! Genial. Nota máxima. Nota 5/5.
A pintura - A autora disserta sobre a paixão das artes e como uma arte influenciou a outra. E que atualmente estamos sob o domínio da pintura, o que antes, estávamos sobre o domínio da música, arquitetura etc. E como a pintura está intrínsecamente ligada a literatura (ela menciona ao longo livro muitas vezes Proust). Talvez o melhor ensaio até então, pois, realmente analisa o trabalho do autor como pintor ao descrever jardins, árvores, etc. Nota 5/5
O cinema - O texto é ótimo, porém, acho que não concordo haha. A autora faz um paralelo entre o cinema e a literatura, com base no livro Ana Karenina. No início, aduz que o cinema é simples e até estúpido. Mas ao mesmo tempo, alerta da dificuldade de expressar o que está escrito para as telonas, como vai expressar sentimento? O cineasta, acaba assim, tentando inventar a roda e formas de expressar esses ditos sentimentos. Diz também, que a habilidade mecânica está mais adiantada, que a arte a ser expressada. Nota 4.5/5
O sol e o peixe - Último ensaio e ensaio que dá nome ao livro,fala sobre um pôr do sol. Nota 3.5/5